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Sucót
Sucót

Sucot (do hebraico סוכות ou סֻכּוֹת, sukkōt, "cabanas" ou "tendas") é um festival judaico que se inicia no dia 15 de Tishrei de acordo com o calendário judaico. Também conhecida como Festa dos Tabernáculos ou Festa das Cabanas ou Festa das Tendas[1] ou, ainda, festa das colheitas, tendo em vista que coincide com a estação das colheitas em Israel, no começo do outono.[2] É uma das três maiores festas, conhecidas como Shalosh Regalim, onde o povo de Israel peregrinava para o Templo de Jerusalém. Nos dias de hoje, multidões entre 50 a 100 mil pessoas se reúnem aos pés do Muro das Lamentações, participando da Benção dos Sacerdotes.

Conforme a Bíblia a festa foi observada durante 7 dias. 15 de Tishri (Set-Out) à dia 22.

– O primeiro dia, era o dia de santa convocação (dia de descanso).

– Ofereceram sacrifícios todos os dias (a tradição rabinica diz que sacrificaram 13 sacrifícios no primeiro dia, 12 no segundo etc… 70 para todas as nações). 

– Ofertas queimadas no oitavo dia.

– Frutos das árvores.

– Ramos de palmeiras (lulevim).

– Habitaram em tendas de ramos 7 dias, (para lembrar que os pais assim fizeram).

Enfim era uma festa memorial e ação de graças para o fruto recolhido.

A Festa hoje em dia:

A. Começa no dia 15 de Tishri.

B. Observada pelos ortodoxos e conservadores por 9 dias. Adicionaram o nono dia porque a festa mudou o seu caráter. Comemoram no fim dela “Simchat Torá”, regozijo por Ter recebido a Lei Mosaica.

C. Observada em Israel e pelos reformados por 8 dias.

D. A festa é a considerada a mais alegre de todas. Os rabinos dizem: “quem nunca viu Jerusalém na época dessa festa não sabe o que significa regozijar mesmo.” (Eles bebem, cantam, dançam regozijam). Ë um festival de outono. Depois da ceifa realiza-se essa festa dando graças a Deus por tudo que foi ceifado e oram que Deus lhes de chuva o ano que vem.
 

Sucot relembra os 40 anos de êxodo dos hebreus no deserto após a sua saída do Egito. Nesse período o povo judeu não tinha terra própria; eram nômades e viviam em pequenas tendas ou cabanas frágeis e temporárias. Como forma de simbolizar este período, durante a celebração de Sucot, os judeus fazem suas refeições sob folhas e galhos ao ar livre, em uma sucá. A sucá deve ser erguida ao ar livre e ser constituída de palha ou folhagem, que possibilite ver o céu. Deve ter pelo menos 3 paredes, as quais não devem estar pregadas ao teto. Além desta passagem pelo deserto, a sucá também simboliza todos os judeus que moram na diáspora, ou seja, fora de Israel.

Outro ritual que se faz em Sucot é a oferenda da água. Esta era uma cerimônia que precedia a época das chuvas e a água. Por ser um elemento vital, era implorada a Deus pelos camponeses. Também faz parte do ritual o uso dum ramo com quatro espécies, precisamente chamado de arba'á minim, em hebraico, que são lulav, etrog, hadass e aravah.

A festa da cabana era uma cerimonia religiosa como agradecimento a Deus, por ele ter suprido os israelitas no deserto e não ter deixado faltar água. Eles comiam carne de cordeiro e ervas amargas.

 


 

A Construção da Sucá

Quando construir

1) Assim que termina o Yom Kipur é mitsvá iniciar a construção

da sucá459. No dia seguinte deve-se dar continuidade e terminá-la,

se possível460.

A lei de lavud

2) A construção da sucá baseia-se muitas vezes na lei de

“lavud”. Nossos sábios explicam que, quando dois objetos estão

a uma distância inferior a vinte e três centímetros (sheloshá

tefachim), consideramos fechado o espaço existente entre eles.

A construção da sucá

3) A sucá deve ter, no mínimo, três paredes 461 e estas devem

ser resistentes ao vento.

As paredes devem ter, pelo menos, um metro de altura e

não devem estar distantes do chão mais do que vinte e três

centímetros, sendo que estes são partes integrantes do metro de

altura 461

SUCOT E SHEMINI ATSÊRET cap. 28

4

figura 1 (referente ao parágrafo 3)

4) Mesmo que com três paredes a sucá esteja kesherá, é

recomendável fazer quatro paredes para a sucá462.

5) Mesmo se o secach não estiver encostando nas paredes

da sucá (estiver em um nível mais alto), pode (e precisa) ficar

posicionado de forma tal que, subindo-se uma linha vertical

imaginária da parede até o secach (pelo lado interior da sucá), este

esteja a uma distância máxima de vinte e três centímetros463 desta

linha imaginária (figura 2).

figura 2 (referente ao parágrafo 5)

6) As paredes da casa ou do pátio podem ser utilizadas como

paredes da sucá. Se as paredes a serem utilizadas tiverem uma

marquise (dôfen acumá), ela não poderá ultrapassar a largura de

um metro e noventa e um centímetros para dentro da sucá (fig. 3)

e não adianta colocar secach em cima ou embaixo dela464.

figura 3 (referente ao parágrafo 6)

Se as paredes não tiverem uma marquise, o secach não poderá

estar distante delas mais do que vinte e três centímetros465 (fig. 4).

Com relação à halachá que permite “dôfen acumá”, há uma

discussão entre os possekim se é necessário que esta parede com

marquise chegue até o secach ou não466 (se o secach pode estar

em outro nível). No caso, então, que se fizer uso desta halachá de

dôfen acumá, convém que a parede chegue até o secach. Se isso

não for possível, um Rav deverá ser consultado.

De qualquer modo, nos casos citados nos itens 5 e 6, deve-se

sentar somente debaixo do secach467.

7) As paredes da sucá podem ser feitas com sarrafos ou

ripas. Estes sarrafos podem estar distanciados uns dos outros,

contanto que não haja um espaço vazio maior do que vinte e três

centímetros entre um e outro. Pois, como explicado acima, se entre

um sarrafo e outro houver menos de vinte e três centímetros, serão

considerados como se estivessem totalmente fechados, ou seja,

“lavud”. Os sarrafos poderão ser posicionados tanto na horizontal

como na vertical, contanto que atinjam dez tefachim (um metro de

altura)468. Vide figura 5.

figura 5 (referente ao parágrafo 7)

8) Há legisladores que sustentam que, no caso de as paredes

estarem construídas de acordo com a halachá de lavud (com

sarrafos, por exemplo), a sucá deverá possuir quatro paredes e

não somente três. Se fizer somente três paredes, duas pelo menos

devem ser inteiriças, com toda a área fechada469.

Há outros que sustentam que mesmo possuindo apenas três

paredes, as três podem ser confeccionadas conforme a halachá

de lavud470.

Ao ar livre

9) Não se pode montar a sucá debaixo de um teto, pois esta

deve estar ao ar livre (a céu aberto)471.

10) Quando for necessário construir uma sucá debaixo de uma

árvore, um Rav deverá ser consultado472.

As paredes da sucá

11) As paredes da sucá não devem ser feitas de lençóis,

lona, ou quaisquer outros tipos de tecidos, pois estes materiais

se movem com o vento. Mesmo que estejam bem fixos sempre

haverá a possibilidade de se desprenderem sem que se perceba e

a sucá não estará kesherá.

Para poder fazer as paredes com tecidos, o correto é construir

pelo menos três paredes com ripas de madeira, que tenham no

mínimo um metro de altura. A distância entre uma ripa e outra não

poderá ultrapassar vinte e três centímetros. Não há diferença se as

ripas estão na horizontal ou na vertical. Desde que se obedeça a

altura mínima de um metro, e distância entre ripas de no máximo

vinte e três centímetros, pode-se posteriormente revestir a sucá

com tecido ou lona473.

No caso de não haver outra opção, deve-se consultar um Rav.

Leis Referentes ao Secach

De que deve ser o secach

1) O secach (cobertura da sucá) deve ser composto de materiais

que cresceram na terra, já foram extraídos e não são suscetíveis de

receber tum’á – impureza. Portanto, devem-se usar folhas, ramos,

galhos de plantas, ou colmos já cortados para secach (fig. 6).

figura 6

Ferro ou outros materiais, como couro de animal474 e pedaços

de madeira que faziam parte de uma caixa, não devem ser usados

como secach475.

Altura da sucá

2) A altura da sucá não deverá exceder nove metros e meio,

pois o secach não pode estar distante do chão mais do que vinte

amot (nove metros e meio)476.

Colocar o secach depois das paredes

3) Deve-se colocar o secach na sucá, somente após a construção

das paredes477.

Caso tenha colocado o secach antes da construção das

paredes, deverá consultar um rabino para saber como proceder478.

Densidade do secach

4) A sucá deve ser coberta com secach de forma que haja mais

sombra na sucá do que claridade do Sol479. Caso contrário estará

pessulá (inapta para a mitsvá).

5) O secach deverá ter interstícios suficientes para permitir

que se vejam as estrelas de dentro da sucá. Porém, em geral,

assume-se que estrelas podem ser vistas mesmo quando o

secach é denso, pois é muito improvável que o secach não tenha

algumas aberturas. Portanto, mesmo que tenha colocado secach

de forma que não consiga ver as estrelas, estará kesherá (apta para

a mitsvá)480.

Cobertura para a sucá

6) É recomendável colocar uma cobertura acima do secach

para que, quando chover, a sucá possa ser resguardada. Deve-se

tomar cuidado de abrir o toldo de forma que não haja o risco de

sentar-se embaixo do mesmo, porque é necessário sentar debaixo

do secach481.

Entretanto, é necessário que a cobertura seja mantida aberta

enquanto estiver dispondo o secach na sucá já construída482.

Durante Sucot, sempre que utilizar a sucá, deverá se certificar

que a cobertura está aberta, porque deve se sentar sob o

secach483.

7) Se a cobertura utilizada para proteger a sucá da chuva

é rígida, com dobradiças, ela poderá ser aberta e fechada

normalmente no Shabat e no yom tov9.

8) Para proteger a sucá da chuva no Shabat e no yom tov, é

permitido cobrir e remover toldos ou plásticos sobre a sucá, desde

que sejam estendidos rente (encostados) ao secach, de maneira

que não haja espaço vazio entre a cobertura e o secach484.

9) Para poder cobrir a sucá no Shabat e no yom tov com um

toldo que esteja acima do secach (havendo um espaço entre o

secach e o toldo), deve-se deixar a cobertura estendida por pouco

mais de oito centímetros na véspera. Assim, poderá estender

o restante da cobertura no Shabat e no yom tov. E ao abrir, não

poderá abrir totalmente; deverá deixar ao menos oito centímetros

estendidos (figura 7).

figura 7

10) Se o toldo se abre e fecha por intermédio de cordas deve-

se tomar o cuidado no Shabat e no yom tov de não fazer um nó na

corda. Deve fazer unicamente um laço (vide livro “Shomer Shabat”,

capítulo 15 itens 1 a 6)485.

11) Deve-se tomar o cuidado de não abrir o toldo no Shabat

e yom tov de forma que a água caia sobre a grama e ou a terra ou

qualquer outra vegetação (vide livro “Shomer Shabat”, capítulo 26

item 9)486.

É permitido abrir por intermédio de um não judeu487.

Quando fechar o toldo por causa da chuva e a chuva parar,

deverá abrir o toldo para poder continuar a comer (vide capítulo

31, item 23).

Secach passul

12) Caso haja secach passul (impróprio) na sucá e ele tiver

largura igual ou maior que trinta e dois centímetros, se estiver

atravessando a sucá de um lado a outro, a sucá estará pessulá. A

menos que de um dos lados haja três paredes e sem considerar

a outra metade da sucá, tivermos uma sucá kesherá (apta para a

mitsvá)488.

Se o secach passul (impróprio) tiver uma largura inferior a 32

centímetros, a sucá continuará kesherá489. Neste caso, até mesmo

poderá sentar-se debaixo deste, conforme algumas opiniões 490.

Há autoridades, porém, que não permitem que se sente debaixo

deste secach passul. Entretanto, se o secach passul tiver uma

largura inferior a 23 centímetros, poderá sentar-se debaixo deste491

conforme todas as opiniões.

O apoio do secach – maamid

13) A priori (lechatchila), não se deve apoiar o secach sobre

coisas que recebem tum’á – materiais dos quais não se pode fazer

secach, como: metais, plásticos ou madeiras que foram parte de

uma caixa ora desmontada492. Caso não tenha outros elementos

para apoiar o secach, a posteriori (bediavad) poderá usá-los493.

Isto se aplica também a uma pessoa que teria a opção de se

sentar em uma sucá que a priori fosse feita com materiais que não

recebem tum’á, porém foi convidada para comer numa sucá que

o secach está apoiado sobre materiais que recebem tum’á – ela

poderá comer nesta sucá e até mesmo poderá fazer a berachá de

“leshev basssucá” uma vez que a sucá está kesherá bediavad494.

Pode-se prender o maamid (o apoio do secach) com pregos

ou com cordas de algodão495.

14) O secach não deve ser fixado com pregos, nem deve ser

amarrado com cordas ou fios de náilon (fibras têxteis sintéticas),

ou com cordas de algodão ou linho496. Porém é permitido fixá-los

com cordas torcidas de fios vegetais, uma vez que estes crescem

da terra497.

15) É permitido usar bambu como secach para a sucá498.

16) Se no espaço onde a sucá será construída há uma estrutura

de metal, como não é recomendável apoiar o secach sobre metal

(que é um material que recebe tum’á, vide item 13), poderá colocar

uma madeira em cima do metal e assim o apoio do secach será de

material que não recebe tum’á 499.

Podem-se colocar pedras sobre o secach para fixá-lo500. Porém

não devemos colocar metais ou outros materiais que recebem

tum’á para fixar o secach.

17) É permitido fazer uma sucá num lugar onde haja sobre

ela uma rede – como em um pátio no qual há uma rede para que

objetos não caiam nele – pois não se faz chumrá com a lei de lavud

(sobre o significado de lavud, vide capítulo 28 item 2)501.

18) É permitido usar secach lanêtsach (secach imperecível –

esteira que é confeccionada especialmente para ser usada como

secach e não as esteiras feitas para deitar). De preferência, as partes

da esteira devem ser unidas com poucas linhas de algodão ou juta

e que não tenham sido ainda torcidas em fios502. Se as partes da

esteira foram unidas com linhas ou fios de náilon, ela não deverá

ser usada503.

19) É permitido usar ripas (vide item 1) com menos de 8 cm

para secach504. Quando estas ripas se estenderem de um lado ao

outro da sucá e elas não estiverem bem próximas, haverá um

vão perceptível entre elas (ou entre algumas delas). Isso é muito

comum ocorrer. Acontecendo isso, deve-se colocar um pouco de

secach de outro material sobre as ripas para fechar parcialmente

estes vãos505.

Maamid demaamid – apoio do apoio do secach

20) Vale a pena ressaltar que o Chazon Ish zt”l506 sustenta não

ser permitido até mesmo o apoio do apoio do secach (maamid

demaamid) de elementos que recebem tum’á, como por exemplo,

chapas de metal que seguram os sarrafos sobre os quais se apoiam

as folhagens do secach.

Segundo esta opinião, do Chazon Ish ל"צז, até mesmo as

paredes da sucá não devem possuir componentes de elementos

que recebam tum’á, como pregos, por exemplo. Devem, portanto,

ser montadas com encaixes de madeira, por exemplo.

21) É permitido apoiar o secach em muros e paredes conforme

todas as opiniões507.

Espaço vazio no secach

22) Não pode haver um espaço vazio no teto da sucá maior

que vinte e três centímetros de largura, atravessando-a de um

lado a outro.

Se houver um espaço maior que vinte e três centímetros sem

secach de um lado até o outro da sucá, ela estará pessulá (inapta);

a menos que de um dos lados haja três paredes e, sem considerar

a outra metade da sucá, tivermos uma sucá kesherá (apta para a

mitsvá).

Porém, os espaços vazios pequenos, que são comuns no

secach, não inutilizam a sucá508.

Se o secach cair

23) Caso o secach tenha caído da sucá no yom tov, é permitido

devolvê-lo por intermédio de um não yehudi. Mas é proibido

devolver por intermédio de um yehudi mesmo que apenas parte

do secach tenha caído509.

24) Quem não construiu a sucá antes do yom tov, poderá

construí-la em chol hamoed510.

Enfeites da Sucá

Madeiras da sucá

1) As madeiras que foram usadas para fazer a sucá não podem

ser usadas para quaisquer outros fins durante todos os dias de

Sucot511.

Após Sucot não se deve aproveitar as madeiras da sucá ou o

secach para uso depreciativo, bem como não se deve jogá-los no

lixo512. Pode-se abandoná-los em algum lugar, mesmo que estes

venham a ser jogados no lixo por alguém513.

Alimentos pendurados

2) Da mesma forma, todos os alimentos que são pendurados

na sucá como adornos, não podem ser consumidos durante todos

os dias de Sucot, mesmo que caiam514. Se caírem durante o Shabat

ou o yom tov, não podem nem mesmo ser removidos, pois são

considerados muktsê515.

Se estes adornos caírem em Chol Hamoed, podem ser

removidos ou devolvidos ao seu devido lugar, pois não há

proibição de muktsê em Chol Hamoed516.

Lençóis

3) Com relação aos lençóis que são pendurados nas paredes

da sucá, é correto que antes do início do primeiro yom tov (antes

do pôr do Sol) se faça uma condição dizendo “Eni bodel mehem col

ben hashemashot” – Não me desvinculo deles durante todo o ben

hashemashot (e talvez precise removê-los) e assim, se chover ou

houver algum perigo de roubo, pode-se retirá-los517.

4) Nestes casos, deverá cuidar-se para não fazer nó ao colocar

os lençóis, mas fazer somente um laço, para que possa retirá-los

no yom tov518.

Enfeites do teto

5) Todos os adornos, que forem pendurados no teto da sucá,

devem ser colocados nos trinta e um centímetros próximos ao

secach519 (figura 8), ou então, devem ser pendurados nas paredes

da sucá.

Chol Hamoed

6) Mesmo que alguém possua outra sucá, não deverá destruir

a sucá nos dias de Chol Hamoed (os dias intermediários de Sucot)520.

7) Durante o Chol Hamoed podemos tirar os enfeites da sucá

para que não se estraguem na chuva (mesmo sem a condição

prévia citada no parágrafo 3)521. Porém, não para usá-los, somente

para guardá-los.

Inscrições nas embalagens dos enfeites

8) Enfeites, em cujas embalagens constem datas ou feriados

não judaicos, podem ser usados para enfeitar a sucá. O mesmo se

dá com velas em cuja embalagem conste algo ligado com avodá

zará (idolatria); podem ser usadas normalmente, contanto que não

tenham sido usadas anteriormente para avodá zará522.

Leis Referentes à Alimentação na Sucá

A mitsvá de comer pão na sucá

1) Comer uma porção de pão na sucá na primeira noite de

Sucot523 (e fora de Êrets Yisrael também há esta mesma obrigação

na segunda noite) é mitsvá da Torá. Deve-se comer pão e não

mezonot (massas como bolo e biscoitos)524.

2) Para cumprir a mitsvá, deve-se comer no mínimo o shiur

(porção) de cazáyit de pão, que equivale a 28,8 ml. Este shiur é

calculado em volume – o que caberia, quando esfarelado, em

dois terços de um copinho descartável de café (de 50ml). Mas

como há opiniões que se deve comer um pouco mais de cabetsá,

equivalente a 57,6 ml (duas vezes o cazáyit), é preferível que se

esforce em comer um pouco mais de cabetsá de pão 525, o que

caberia, quando esfarelado, em 1 1/3 (um mais um terço) de

copinho descartável de café (de 50ml).

Este shiur deve ser consumido no intervalo de quatro

minutos526 que é o prazo de “kedê achilat perás”527. Este intervalo

também é observado para o consumo da matsá nas duas primeiras

noites de Pêssach.

3) Esta porção deve ser consumida depois do anoitecer e

antes de chatsot (o meio da noite)528. Caso, por algum motivo, não

a tenha ingerido até chatsot, deverá fazê-lo de qualquer modo

depois de chatsot529.

A cavaná (intenção) durante a mitsvá de sucá

4) Quando estivermos cumprindo a mitsvá de sucá, devemos

dirigir nosso pensamento e ter em mente que estamos sentados

na sucá por determinação do Todo-Poderoso. É necessário fazer

esta reflexão todas as vezes que estamos cumprindo alguma

mitsvá, tanto da Torá quanto derabanan (prescrição rabínica)530.

5) Com relação à mitsvá de sucá, além de pensarmos que

estamos sentados nela por determinação do Criador, devemos

ter em mente que estamos cumprindo este preceito para nos

lembrarmos do Êxodo do Egito e também para recordar as

nuvens Divinas que acompanharam e protegeram o nosso povo

no deserto. Há opiniões que sustentam que esta intenção é

absolutamente indispensável para o cumprimento da mitsvá531.

Somente com relação a três mitsvot a Torá descreveu o motivo

(táam) de sua realização: sucá, tsitsit532 e tefilin 533 . Por isso, ao

cumprirmos cada uma delas, devemos ter em mente seus motivos,

pois o principal do cumprimento destas mitsvot depende da

intenção que temos no momento em que estão sendo realizadas,

o que não ocorre com as outras mitsvot, quando é suficiente o

pensamento descrito no item 4.

Sucá – Consta em Vayicrá 23:43 – “Lemáan yedeú dorotechem

ki vassucot hoshávti et benê Yisrael behotsii otam Meêrets Mitsráyim”

– Para que as vossas gerações saibam que, nas cabanas (sob as

nuvens Divinas), fiz habitar os filhos de Yisrael, quando os tirei da

terra do Egito.

Tsitsit – Consta em Bemidbar 15:40 –“Lemáan tizkeru vaassitem

et col mitsvotay vihyitem kedoshim Lelohechem” – Para que vos

lembreis e cumprais todos os Meus preceitos e sejais santos para

com vosso D’us.

Tefilin – Consta em Shemot 13:16 – “Vehayá leot... ki bechôzek

yad hotsiánu Ad-nai Mimitsráyim” – E será como sinal... pois com

mão forte nos tirou o Eterno do Egito. Para lembrar dos milagres e

das maravilhas que D’us fez conosco, os quais atestam sobre Sua

Unicidade e que a Ele pertence a força e o domínio sobre os Céus

e sobre a Terra.

Nas outras refeições de Sucot

6) Nas outras refeições de Sucot (exceto a primeira e segunda

noite conforme já mencionado acima) é permitido comer fora da

sucá uma porção de até cabetsá de pão, que equivale a 57,6 ml –

o que caberia, quando esfarelado, em 1 1/3 (um mais um terço)

de copinho descartável de café (de 50 ml)534. Também é permitido

comer uma porção de até cabetsá de massas em geral, como

biscoitos, bolos, macarrão (e todo alimento feito de trigo, cevada,

aveia, centeio ou espelta) 535. Porém, se um homem quiser consumir

mais de cabetsá dos alimentos citados acima, terá de consumi-los

na sucá. Com relação à berachá de Leshev Bassucá, vide itens 11

a 20.

Obs.: Como esta quantidade é em volume e facilmente pode

ser ultrapassada, convém evitar consumir pão e pat habaá bekisnin

(massas em geral) fora da sucá durante todos os dias de Sucot, a

não ser que seja uma quantidade mínima que com certeza não

excedará o shiur – a quantidade permitida.

7) Com relação a frutas, legumes, arroz, carne, peixe, queijo

e líquidos em geral, inclusive vinho (no caso de sefaradim)536, é

permitido consumir qualquer quantidade fora da sucá537.

Os ashkenazim não devem beber reviit (86ml) ou mais de

vinho fora da sucá14.

8) O homem que não beber nem mesmo um copo de água

fora da sucá é digno de louvor538.

9) Porém, enquanto estiver no meio de uma refeição com pão,

não deverá comer ou beber nada fora da sucá539.

As refeições de Shabat e yom tov em Sucot

10) É mitsvá comer pão nas três refeições de Shabat e nas duas

refeições de yom tov. Por isso, o homem que estiver impedido

de comer na sucá nas refeições de Shabat e de yom tov, deverá

comer pão fora da sucá (exceto nas duas primeiras noites de Sucot,

quando não deverá comer pão fora da Sucá). Porém, fora da sucá,

deverá comer somente a quantidade de um cazáyit de pão em

cada refeição – equivalente a 28,8 ml – o que caberia, quando

esfarelado, em dois terços de um copinho descartável de café (de

50ml) que é permitido comer fora da sucá, porém não mais que

cabetsá (o dobro de cazáyit)540.

Com relação a quem esquecer de recitar “Yaalê Veyavô” no

Bircat Hamazon, veja capítulo 7.

A berachá de Leshev Bassucá: sobre quais alimentos

faz-se a berachá

11) Faz-se a berachá de Leshev Bassucá sempre que for comer

mais de cabetsá de pão na sucá541.

12) Sobre os alimentos cuja berachá é Borê Minê Mezonot,

o costume sefaradi é de não fazer a berachá de Leshev Bassucá

mesmo quando comer mais do que a porção de cabetsá na

sucá542 (embora seja proibido comer mais de cabetsá fora da

sucá).

Só a fazem quando comem o shiur de “Keviut Seudá” (quando

se fixa uma refeição sobre pat habaá bekisnin ou maassê kederá –

que é o shiur de quatro betsim) de mezonot como bolo, biscoito,

macarrão, ou qualquer alimento que é de trigo, cevada, aveia,

centeio ou espelta543.

Obs.: Após comer uma quantidade de quatro betsim de pat

habaá bekisnin (como bolo e biscoito), recita-se o Bircat Hamazon.

Após comer uma quantidade de quatro betsim de maassê kederá

(como macarrão), recita-se Al Hamichyá.

13) Já o costume dos ashkenazim é fazer a berachá de Leshev

Bassucá quando comem mais do que o shiur de cabetsá de

mezonot na sucá. Ao recitarem a berachá devem ter em mente

que ela se refere à refeição e também ao fato de estarem sentados

na sucá. Convém permanecerem na sucá mais algum tempo após

fazer a refeição de mezonot544.

14) Toda a vez que, conforme citado acima, for necessário fazer

a berachá de Leshev Bassucá, é correto ter a intenção de isentar

com a berachá as outras atividades feitas na sucá até a próxima

refeição com berachá, como: refeições de legumes, carnes, ou o

simples fato de sentar-se na sucá ou de dormir545.

Quando esquecer de fazer a berachá

15) Nos casos em que é necessário recitar a berachá de Leshev

Bassucá e alguém esqueceu de recitá-la, enquanto não terminar

sua refeição poderá fazer a berachá (mesmo que não venha a

comer mais pão depois de lembrar que não fez a berachá)546.

Se terminar de comer e quiser somente beber água, não fará a

berachá de Leshev Bassucá547.

Se estiver em dúvida se fez a berachá

16) Se estiver em dúvida se recitou ou não a berachá de Leshev

Bassucá, não fará a berachá548.

Quando se faz a berachá

17) Toda a vez que houver Kidush de manhã, faz-se a berachá de

Leshev Bassucá depois da berachá de Borê Peri Haguêfen (Hagáfen

para ashkenazim), antes de beber o vinho549.

Na primeira noite de Sucot deve-se recitar primeiro a berachá

de Leshev Bassucá e depois a de Shehecheyánu, pois o Shehecheyánu

nesta noite se refere à sucá (mitsvá que fazemos de ano em ano)

e sobre o yom tov550. Ou seja, a berachá de Shehecheyánu é feita

depois das duas outras berachot e se refere a ambas: à berachá

relacionada com o yom tov (Mecadesh Yisrael Vehazemanim) e à

relacionada com a sucá (Leshev Bassucá).

Na segunda noite, porém, deve-se recitar Shehecheyánu após

a berachá de Mecadesh Yisrael Vehazemanim e antes de Leshev

Bassucá, pois nesta noite, a berachá de Shehecheyánu se refere

somente ao yom tov551.

18) Os sefaradim que pretendem comer mezonot (e não

pão) após o Kidush, não farão a berachá de Leshev Bassucá (vide

item 12).

Mas se os sefaradim pretendem comer a quantidade de keviut

seudá de mezonot (quatro betsim), procederão como se estivessem

comendo pão: farão netilat yadáyim, recitarão Hamotsi, Leshev

Bassucá e, no final da refeição, recitarão o Bircat Hamazon.

19) Nos dias em que não há Kidush, deve-se fazer a berachá de

Leshev Bassucá após a berachá de Hamotsi552 , antes de comer o pão.

Neste caso, os sefaradim farão a berachá de Hamotsi sentados e em

seguida se levantarão para recitar Leshev Bassucá (vide item 25)553.

Entretanto, há outras opiniões que nos dias em que não há

Kidush se faz primeiro a berachá de Leshev Bassucá e depois a

berachá de Hamotsi 554.

20) Embora as mulheres sefaradiyot não façam a berachá de

Leshev Bassucá, elas podem responder amen ao ouvir esta berachá

de quem estiver fazendo o Kidush (vide capítulo 3, item 2 e marê

macom 62).

Se chover

21) O Bêt Yossef 555, legislador seguido pelos sefaradim, sustenta

não haver diferença da primeira noite para os outros dias de Sucot.

Se chover, em ambas as oportunidades, a pessoa estará isenta da

sucá se a intensidade da chuva for tamanha ao ponto de estragar

a comida.

Porém, há outras opiniões que sustentam que na primeira

noite é necessário comer na sucá mesmo com chuva e esta é a

opinião do Remá, legislador seguido pelos ashkenazim556. Mesmo

estes que seguem esta opinião, ao fazerem o Kidush e comerem a

porção de pão necessária na primeira noite, não recitam a berachá

de Leshev Bassucá557, porque está chovendo.

Escreve o Mishná Berurá, em nome de alguns legisladores, que

nesta situação é correto esperar uma ou duas horas para ver se a

chuva passa. Se não passar, deve-se fazer o Kidush e comer o pão

na sucá558 sem a berachá de Leshev Bassucá. E assim se conduzem

os ashkenazim.

Há sefaradim que aguardam uma ou duas horas como o citado

acima559, mas evidentemente que se comerem na sucá com chuva,

não farão a berachá de Leshev Bassucá 560.

O acima citado se refere à segunda noite também561.

22) Tanto os que comerem em casa na primeira e segunda

noite por causa da chuva, como os que comerem na sucá com

chuva, caso a chuva termine, deverão comer outra vez um pouco

mais de cabetsá de pão equivalente a 57,6 ml – o que caberia,

quando esfarelado, em 1 1/3 (um mais um terço) de copinho

descartável de café (de 50ml) na sucá, fazendo a berachá de Leshev

Bassucá562.

23) Nos momentos em que a alimentação na sucá não é

obrigatória (as duas primeiras noites são obrigatórias fora de

Êrets Yisrael), se chover ao ponto de que a comida se estragaria na

chuva, estará isento da sucá563 e poderá inclusive comer pão fora

da sucá.

Porém, neste caso, deverá sair da sucá de cabeça baixa e

triste564 por não poder cumprir a mitsvá.

24) Se uma pessoa estava comendo na sucá e foi necessário

retirar-se por causa da chuva, ou se começou a comer em casa

porque chovia, não será necessário regressar para a sucá nesta

refeição; poderá terminar sua refeição em casa565 mesmo se a

chuva parar.

Contudo, se interrompeu a refeição na sucá e saiu por causa

da chuva, se parar de chover antes que comece a comer em casa,

deverá regressar para a sucá566 se desejar continuar comendo.

Se houver uma cobertura ou um toldo na sucá para cobri-la

quando chover, e ao iniciar a chuva a pessoa fechar a cobertura

ou o toldo para que não chova dentro da sucá, assim que a chuva

parar, deverá abrir a cobertura para poder continuar comendo567.

Com relação às refeições das duas primeiras noites de Sucot,

veja itens 21 e 22.

25) Os sefaradim fazem a berachá de Leshev Bassucá em pé e

depois se sentam568.

Leis referentes a dormir na sucá

26) Da mesma forma que é necessário comer na sucá, é

necessário dormir na sucá569 e é proibido até mesmo cochilar fora

da sucá570. Quando estiver chovendo, da mesma forma que estamos

isentos de comer na sucá, estamos isentos de dormir nela571.

27) Se estiver fazendo frio ou ventando, ou se a pessoa estiver

isenta de comer na sucá, estará também isenta de dormir nela572.

28) Se estiver gripado estará isento de dormir na sucá573.

Ushpizin

29) Nos sete dias de Sucot recebemos na sucá 7 visitas ilustres.

De acordo com o Zôhar Hacadosh, o Ari ל"ז e o Sheláh Hacadosh,

a ordem dos Ushpizin é a seguinte:

1o dia – Avraham Avínu

2o dia – Yitschak Avínu

3o dia – Yaacov Avínu

4o dia – Moshê Rabênu

5o dia – Aharon Hacohen

6o dia – Yossef Hatsadik

7o dia – David Hamêlech

De acordo com o sidur ashkenaz, a ordem é a seguinte:

1o dia – Avraham Avínu

2o dia – Yitschak Avínu

3o dia – Yaacov Avínu

4o dia – Yossef Hatsadik

5o dia – Moshê Rabênu

6o dia – Aharon Hacohen

7o dia – David Hamêlech

O Rav Chayim Yossef David Azulay ל"צז (o Chidá) escreveu

em seu livro Avodat Hacôdesh, capítulo 1 item 289 – que se deve

preparar uma cadeira e revesti-la apropriadamente para as sete

visitas, assim como se prepara uma cadeira para Eliyáhu Hanavi

nas cerimônias de Berit Milá.

É costume, em cada uma das sete noites de Sucot, proferir um

texto no qual convidamos os ilustres Ushpizin para a sucá. Estes

trechos constam dos machzorim.

Leis Referentes às Quatro Espécies

1) É mitsvá da Torá que tomemos nas mãos, no primeiro dia de

Sucot, os arbaát haminim (1 lulav, 1 etrog, 3 hadassim e 2 aravot).

Nos outros dias de Sucot (até e inclusive Hoshaná Rabá) é mitsvá

derabanan (preceito rabínico)574.

O lulav

2) O lulav é uma fronde (ramo) fechada de tamareira. Ao

escolher o lulav, se a teyômet (o folíolo intermediário superior)

estiver aberta – algo mínimo – é permitido uni-la com cola

antes do Yom Tov se este lulav for mais mehudar (mais belo) do

que outros. Certamente que é preferível um lulav mehudar cuja

teyômet esteja totalmente fechada575.

Lulav com membrana marrom

3) Há lulavim que estão encobertos num dos lados por uma

fina membrana marrom. O costume dos sefaradim é usar estes

lulavim sem ser necessário tirar esta membrana576. Os ashkenazim

costumam tirar esta membrana marrom577.

Procedimento e berachot

4) Seguram-se o lulav, os três hadassim e as duas aravot, que

estão unidos, com a mão direita e o etrog com a mão esquerda.

Devemos segurar as espécies pela parte do ramo, do galho ou do

caule que estivera preso ao tronco (como elas crescem) e o etrog

com o ôkets – pedúnculo (haste de sustentação da fruta, que é a

parte que fica presa na árvore) – para baixo578. Durante a berachá

e durante os naanuim (movimentos que devem ser feitos com as

quatro espécies, conforme explicado abaixo), coloca-se a shidrá

do lulav – que é a coluna do ramo de tamareira (risca de cor verde

mais escura) – de frente para si579.

5) O canhoto, segundo a opinião do Bêt Yossef (seguida pelos

sefaradim), segurará as quatro espécies como todas as outras

pessoas: o lulav, as aravot e os hadassim com a mão direita e o

etrog com a mão esquerda.

Conforme a opinião do Remá (seguida pelos ashkenazim) o

canhoto segurará o lulav com a mão esquerda (que é a sua forte)

e o etrog com a mão direita (que é a sua fraca) 580.

6) No primeiro dia de Sucot fará as seguintes bênçãos:

Baruch... asher kideshánu bemitsvotav vetsivánu al netilat lulav.

Baruch... shehecheyánu vekiyemánu vehiguiánu lazeman hazê.

A segunda berachá (Shehecheyánu) só deve ser feita na

primeira vez que estiver cumprindo a mitsvá de lulav581.

7) Os sefaradim costumam fazer a(s) bênção(s) segurando o

lulav (com os hadassim e as aravot) com a direita e somente ao

terminarem a(s) bênção(s) seguram junto o etrog com a esquerda582.

Os ashkenazim fazem a(s) bênção(s) segurando o lulav (com

os hadassim e aravot) com a mão direita e o etrog de cabeça para

baixo, com a mão esquerda. Para que o etrog esteja de ponta

cabeça, o ôkets – pedúnculo – tem que estar para cima – e o pitêmet

para baixo (veja item 4, acima). Depois do término da(s) bênção(s)

invertem o etrog para que fique com o ôkets para baixo583.

8) Deve-se fazer a(s) bênção(s) e a mitsvá de pé584. A berachá

só pode ser feita uma vez ao dia, mas podem-se segurar as quatro

espécies algumas vezes ao dia por hidur mitsvá (honra da mitsvá)585.

9) É correto tirar a aliança ou anéis da mão antes de recitar a

berachá586, para que não haja interferência entre a mão e as quatro

espécies. Caso não tenha tirado a aliança ou os anéis antes de fazer

a berachá, e segurou assim as quatro espécies, deverá tirar os anéis

em seguida e tomar novamente as quatro espécies, porém sem

recitar a berachá outra vez587.

10) Quem não fez a berachá de Shehecheyánu no primeiro dia

poderá fazê-la em qualquer outro dia, até mesmo no sétimo588, no

momento em que estiver fazendo a mitsvá de Netilat Lulav, mesmo

que já tenha feito a mitsvá de arbaát haminim nos dias anteriores.

11) Costuma-se fazer a mitsvá do lulav e os naanuim na sucá,

logo após o nascer do Sol. Depois, durante o Halel volta-se a fazer

os naanuim 589.

12) De acordo com a Cabalá é correto fazer a mitsvá de netilat

lulav após a Chazará de Shacharit, antes do Halel, na sucá. Caso não

haja uma sucá perto da sinagoga, é preferível fazer a mitsvá antes

de Shacharit em uma sucá590.

Naanuim

13) Depois da berachá dos arbaát haminim, devemos fazer os

naanuim (movimentos com as quatro espécies descritos abaixo)

sem dizer nada.

Naanuim são os movimentos que devem ser feitos para as

seis direções segurando as quatro espécies.

Há duas razões principais que a Guemará (Sucá 37b)

oferece. A primeira é que, ao movimentar as quatro espécies

em direção aos quatro pontos cardeais e para cima e para

baixo, demonstramos nossa fé de que os Céus e a Terra – todo

o Universo – pertencem a Hashem. A segunda razão é para

prevenir, impedir e nos proteger de ventos prejudiciais e de

orvalhos nocivos.

14) Os naanuim são feitos mais quatro vezes durante o Halel:

no primeiro “Hodu Lad-nay Ki tov Ki leolam Chasdô”, duas vezes

em “Ana Hashem Hoshia Ná” e no penúltimo Hodu591.

O costume dos sefaradim é fazer os naanuim da seguinte

forma:

a) No primeiro Hodu Lashem ודסח םלועל יכ בוט יכ 'הל ודוה:

Segurar o lulav com a mão direita e o etrog com a esquerda,

na altura do peito. Virar o corpo todo592 para o sul e depois dizer

Hodu enquanto movimenta as quatro espécies para frente e de

volta ao peito, por três vezes, a uma inclinação de quarenta e

cinco graus.

Na palavra 'הל (Lashem) não fazer movimento algum 593.

Recitá-la ainda direcionado para o sul. Depois, virar pela

direita594 para o norte e dizer יכ (ki) fazendo os três movimentos

novamente.

Virar pela direita para o leste e dizer בוט (tov), יכ (ki), םלועל

(leolam), fazendo na palavra “tov” três movimentos para frente

(a uma inclinação de quarenta e cinco graus) tais quais os

anteriores; na palavra “ki” outros três movimentos para cima e na

palavra “leolam” outros três movimentos para baixo (mas com a

ponta do lulav sempre para cima). Por último, virar para o oeste e

fazer três movimentos para frente na palavra ודסח (chasdô).

b) Nas duas vezes que se diz a frase “Ana Hashem hoshia ná”

אנ העישוה 'ה אנא:

Repetem-se os mesmos movimentos descritos no ítem

anterior, seguindo a mesma ordem das direções – sul, norte,

leste (para frente, para cima e para baixo) e oeste. Fazem-se

os movimentos enquanto pronunciam-se as seguintes sílabas

(pronunciá-las prolongadas para conseguir fazer o movimento

simultaneamente à fala): א – A (sul), אנ – na (norte), 'ה – Hashem

(sem fazer naanuim), וה – ho (leste para frente), יש – shi (leste para

cima), הע – a (leste para baixo), אנ – ná (oeste).

c) Repete-se o mesmo com o penúltimo “Hodu Lad-nai ki tov

ki leolam chasdô” (no último parágrafo do Halel - Baruch Habá)

conforme esclarecido no item “b”.

Nas direções sul, norte e oeste: para frente

15) Os movimentos são feitos com as quatro espécies

sempre juntas595 próximas ao peito e com a ponta de cima do

lulav a uma inclinação de quarenta e cinco graus. As mãos devem

permanecer próximas uma da outra para que o etrog fique

encostado ao lulav.

Devemos levar as quatro espécies para frente e trazê-las

de volta repetindo o mesmo por três vezes, sempre trazendo a

extremidade inferior do lulav com o etrog até o peito596.

Na direção leste: para frente, para cima e para baixo

16) Na direção leste repetem-se os três movimentos de

vaivém de três formas diferentes, perfazendo nove movimentos:

A primeira vez como nas direções sul, norte e oeste – para

frente. A segunda vez com as quatro espécies próximas ao peito

erguendo a ponta do lulav para cima fazendo três movimentos

de ida e volta. A terceira vez movimentando as quatro espécies

para baixo, ida e volta, com a ponta do lulav sempre para cima.

Como amarrar as quatro espécies – costume sefaradi

17) Coloca-se a shidrá (coluna) do lulav em nossa frente

(numa mesa), depois se coloca um hadás à direita do lulav, um

hadás à esquerda do lulav e o terceiro em cima do lulav, no meio

e inclinado para a direita. Depois se coloca uma aravá à direita do

lulav e a outra à esquerda597.

Os hadassim devem estar um pouco acima das aravot598.

18) É mitsvá amarrar o lulav, os hadassim e as aravot juntos,

com um nó duplo (um em cima do outro) e costuma-se amarrá-

los com as próprias folhas do lulav (retiram-se algumas folhas

externas do lulav, que servem como tiras). Se não foi amarrado

na véspera, no yom tov fará apenas um laço e não um nó599.

19) É costume fazer três nós em três diferentes lugares no

lulav600 (de forma que prenda as três espécies) e acima do último

nó, deixam-se oito centímetros de altura no lulav601.

Arbaát haminim no Shabat

20) No Shabat, mesmo que seja o primeiro dia de Sucot, não se

faz a mitsvá de arbaát haminim, por decreto dos chachamim, para

que a pessoa não venha a transportá-los em recinto público602.

Não se transporta mesmo em lugares nos quais há eruv.

Deduzimos daqui o quão importante é cuidar-se para não

transportar em recinto público, ao ponto de nossos chachamim

abolirem uma mitsvá da Torá, a mitsvá de tomar nas mãos os

arbaát haminim no primeiro dia de Sucot. O mesmo ocorre com

relação à mitsvá de tocar shofar no primeiro dia de Rosh Hashaná,

que também não se faz quando este coincide com o Shabat, pelo

mesmo motivo.

Por conseguinte, o lulav, os hadassim e as aravot são muktsê

durante o Shabat603.

Mitsvá que os arbaát haminim sejam de propriedade da

pessoa no primeiro dia

21) Consta na Torá “Ulcachtem lachem bayom harishon

peri ets hadar, capot temarim, vaanaf ets avot vearvê náchal...” –

E tomareis para vós, no primeiro dia, o fruto da árvore da

cidreira (etrog), palmas fechadas de tamareira, ramos de murta

e de salgueiro de ribeiras... Das palavras “ulcachtem lachem” – E

tomareis para vós – aprendemos que “lachem” quer nos ensinar

“mishelachem”, ou seja, as quatro espécies, no primeiro dia,

devem ser de propriedade do indivíduo. O indivíduo não cumpre

a mitsvá, no primeiro dia, tomando emprestados os arbaát ha-

minim. Estes devem ser de sua propriedade ou, ao menos, que o

próximo lhe dê como “mataná al menat lehachzir” – um presente

com a condição de ser devolvido depois de usado604.

22) Embora o indivíduo cumpra a mitsvá quando seu colega

lhe dá como “mataná al menat lehachzir”, é correto que cada um

tenha seus próprios arbaát haminim para realizar a mitsvá com

todos os seus detalhes, como os naanuim e as hacafot – que se

faz com o lulav em torno da Tevá605.

23) É correto que se pague com dinheiro em espécie pelos

arbaát haminim antes do yom tov606.

Se pagar com cheque, é correto colocar uma data anterior ao

yom tov e pedir que o vendedor resgate o cheque ainda antes do

yom tov607.

Menor de Bar Mitsvá

24) No primeiro dia de Sucot (fora de Êrets Yisrael no segundo

dia também) não se deve dar os arbaát haminim nas mãos de um

menor de treze anos para que os segure sozinho. Para educá-lo

na mitsvá devemos segurar junto com ele os arbaát haminim608.

25) O mesmo se aplica a quem estiver dando seus arbaát

haminim para outros como “mataná al menat lehachzir” – um

presente com a condição de ser devolvido depois de usado,

para que possam cumprir a mitsvá. Não se deve dar a um

menino menor de bar mitsvá para que tome os arbaát haminim

sozinho, antes que todos os adultos tenham terminado de fazer a

mitsvá609, tanto no primeiro quanto no segundo dia.

26) Não se podem comprar os arbaát haminim com o

dinheiro do maasser (dízimo)610.

27) Se um menor de bar mitsvá sabe fazer os naanuim de

forma correta, seu pai deverá adquirir-lhe611 os arbaát haminim

para educá-lo na mitsvá612.

Horário da mitsvá

28) O horário do cumprimento da mitsvá é entre o nascer

do Sol e o pôr do Sol. De qualquer forma, os zerizim bamitsvot

(conceito de que se deve ser diligente no cumprimento das mits-

vot) fazem a mitsvá o quanto antes (contanto que seja depois do

nascer do Sol)613.

29) Caso um indivíduo tenha se lembrado durante “ben

hashemashot” (período entre o pôr do Sol e o nascer das estrelas)

que não fez a mitsvá de arbaát haminim, deverá fazê-la em ben

hashemashot sem recitar a devida berachá614. A menos que seja

ben hashemashot de sexta-feira para Shabat (chol hamoed) ou

de Hoshaná Rabá para Shemini Atsêret, pois nestes casos existe a

proibição de muktsê615.

Não cheirar o hadás e o etrog

30) Não se deve cheirar nem os hadassim nem o etrog que

estão sendo usados para a mitsvá616.

Recolocar o lulav na água

31) Pode-se recolocar o lulav no yom tov (com os hadassim e

as aravot) na água617. Pode-se colocar o lulav com os hadassim e as

aravot na água mesmo que estes não tenham sido colocados na

véspera do yom tov618, contanto que se tenha preparado o utensílio

com água na véspera. Porém, não se pode trocar a água na qual

ele estava619.

Aqueles que costumam envolver o lulav (com os hadasssim

e as aravot) em um pano umedecido na véspera do yom tov, não

poderão molhar a toalha ou o pano durante o yom tov620. Porém é

permitido recolocar o lulav no pano molhado de véspera.


 

SUCOT

A Sucá – Respiração de Fé e Confiança

No Zôhar Hacadosh, a sucá é denominada de “Tselá Demehem-

nutá” – a sombra da fé. Todo o espírito de Chag Hassucot é transmitir

emuná e bitachon (fé e confiança) no Todo-Poderoso. Abandonamos

o conforto dos nossos lares e construímos uma cabana coberta com

folhagens. Esta moradia provisória – e por isso não colocamos mezu-

zá na sucá – nos ensina que não há morada fixa neste mundo. Todos

os prazeres materiais são transitórios e efêmeros e todos os suces-

sos e insucessos do ser humano na Terra dependem unicamente da

Vontade do Todo-Poderoso. Se os esforços do indivíduo não forem

abençoados pelo Criador, não terão nenhuma validade. Chag Hassu-

cot irradia este espírito de fé e confiança no Criador.

Uma criança não tem preocupações sobre o que vai comer, o

que vai vestir e quem vai lhe pagar a escola, porque sabe que seu

pai sempre lhe deu o que necessita. Quando o pai comunica a seu

filho pequeno, que a família fará uma viagem, o filho não questionará

onde dormirá, quem pagará as passagens, ou de que se alimentará. A

criança sabe que esta é uma preocupação do pai.

Da mesma forma deve ser nossa emuná e bitachon no Todo-Po-

deroso. Temos de atingir o grau de acreditar, que depois de fazermos

a devida hishtadlut – o esforço que nos compete (discutiremos este

tema adiante) – se o Criador achar que merecemos receber o que

estamos pedindo – ou que isso nos é imprescindível – Ele nos dará.

Muitas vezes, o indivíduo não recebe dos Céus aquilo que quer,

405

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

porque o Todo-Poderoso o está poupando de um teste maior. Nem

sempre o que o indivíduo almeja, lhe é benéfico. Em muitas circuns-

tâncias isso o engrandeceria e faria com que se sentisse superior aos

que o cercam. Como disse o Rei Shelomô em Cohêlet (5:12): “Ôsher

shamur liba’lav leraatô” – a riqueza está guardada ao seu dono para o

seu mal. Rashi traz o exemplo de Côrach, que se prejudicou por conta

de sua riqueza e orgulho.

A respeito da hishtadlut – o esforço que devemos despender

para conseguirmos sucesso em nossas atividades – sua necessidade

varia conforme o nível espiritual de cada indivíduo. Quando está em

um nível espiritual elevado, o indivíduo tem menos necessidade de

se dedicar a tarefas materiais para conseguir seus objetivos materiais.

Mais do que isso; tem como obrigação preocupar-se menos com esta

hishtadlut, pois sua emuná e bitachon no Todo-Poderoso devem ser

sua garantia de sucesso.

Nesse contexto, sabemos que Yossef, pelo nível espiritual no

qual se encontrava, excedeu-se nesta hishtadlut quando estava pre-

so. Por isso foi castigado, conforme consta no último versículo de Pa-

rashat Vayêshev: “Velô zachar sar hamashkim et Yosef vayishcachêhu”

– O ministro do Faraó não se lembrou de Yossef e esqueceu-o. Rashi nos

diz que o motivo deste esquecimento foi porque Yossef se colocou

na dependência do ministro do Faraó. Por isso, acabou ficando na

prisão por mais dois anos. Sobre isso, consta no Tehilim (40:5): “Ashrê

haguêver asher sam Hashem mivtachô...” – Bem-aventurado o homem

que deposita sua confiança no Todo-Poderoso.

No livro Tiferet Hayahadut, a sucá é comparada ao pulmão do ser

humano. Da mesma forma que o ser humano respira o oxigênio do

ar e, por meio da hematose, seu pulmão se incumbe de distribuir este

oxigênio às demais partes do corpo, assim também o yehudi, no Chag

Hassucot, respira emuná e bitachon, por intermédio dos ensinamen-

tos da sucá. Esta dose de emuná e bitachon, absorvida em Sucot, tem

influência sobre os demais dias do ano.

406

SUCOT

O livro Bêt Avraham (Slonim) explica, que a essência da sucá está

no fato de que o yehudi abandona sua residência e vai para um redu-

to cadosh (sagrado) para estar a sós com o Todo-Poderoso.

Por intermédio destas ideias, conforme esclarecido no livro Ne-

tivot Shalom, podemos entender por que os sete ilustres ushpizin

(Avraham, Yitschac, Yaacov, Moshê, Aharon, Yossef e David) vêm nos

visitar na sucá e não o fazem em outras ocasiões do ano. Estes sete

visitantes especiais não vêm nos visitar em Pêssach, em Shavuot ou

nos shabatot. Escolheram vir justamente em Sucot, pois uma vez que

estão em um plano elevado de santidade nos mundos superiores,

não poderiam descer a este mundo. Somente em Sucot, porque en-

contram um ambiente transcendente na sucá. A sucá é um espaço

exclusivo, à parte do resto do mundo e sobrenatural.

Em Sucot, o yehudi se desliga das coisas terrestres e eleva-se es-

piritualmente. Por isso, tem o mérito de receber os Shiv’á Roim (os

sete visitantes).

407

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

As Quatro Espécies e os Quatro Órgãos

No Tehilim (35:10) o Rei David escreve: “Cal atsmotay tomarna

Hashem mi Chamôcha” – Todos os meus órgãos dirão: Hashem, quem

é como Tu!

No Midrash Rabá (Vayicrá 30:10) Rav Mani diz que este versículo

se refere ao lulav. A coluna do lulav assemelha-se à coluna do ser hu-

mano; o hadás assemelha-se ao olho; a aravá à boca e o etrog ao cora-

ção. Rav Mani explica-nos que o Rei David, por entender que não há

órgãos no corpo do ser humano tão importantes como estes, disse a

respeito deles: “Cal atsmotay tomarna Hashem mi Chamôcha”.

O Midrash (30:14) continua, que estas quatro espécies, que cada

yehudi toma para louvar o Todo-Poderoso, parecem de pouca impor-

tância aos nossos olhos. Contudo, são de grande importância peran-

te o Criador.

Comecemos pelo lulav. A bênção das quatro espécies é feita ci-

tando o seu nome (asher kideshánu bemitsvotav vetsivánu al netilat

lulav) pois é a maior entre as quatro. O lulav assemelha-se à coluna

vertebral do ser humano. Sendo que a coluna vai desde a cabeça até

a bacia, nos ensinar que o indivíduo deve ter uma postura reta para

servir o Criador, por intermédio do estudo da Torá e do cumprimento

das mitsvot. Quando alguém tem um problema na coluna e não toma

providências oportunamente, ela vai pouco a pouco se desviando.

Com o tempo, o problema aumenta e o indivíduo terá de aturar do-

res por um longo período, devido a seu desleixo em postergar o tra-

tamento.

No que se refere à parte espiritual do yehudi, deve haver uma

atitude reta, um caminho traçado a ser seguido. Se com o passar do

408

SUCOT

tempo, ele não solidificar e adquirir uma postura voltada à Torá e às

mitsvot, os reflexos deste relaxamento serão, sem dúvida, sentidos

por ele e por seus descendentes. O lulav vem nos ensinar, que a partir

do cérebro do ser humano, que deve adquirir ideias corretas dentro

dos conceitos da Torá, todos os órgãos do corpo devem alcançar uma

postura espiritual baseada na Torá e em suas mitsvot.

O etrog assemelha-se ao coração. Por intermédio do coração, o

indivíduo pode cobiçar, como disseram nossos sábios: “Áyin roá velev

chomed” – Os olhos vêem e o coração cobiça. Isso vem nos lembrar da

proibição do décimo mandamento (não cobiçar). Nem tudo o que o

indivíduo vê deve pertencer a ele, e principalmente, quando o que vê,

pertence a outra pessoa (veja neste livro comentário sobre Shavuot).

A aravá assemelha-se à boca do ser humano que também é um

órgão de suma importância para servir o Criador. Ela nos lembra de

todas as proibições ligadas com a alimentação e de todos os deta-

lhes das proibições ligadas à fala, como lashon hará (maledicência) e

nivlut hapê (palavras obscenas).

O hadás é comparado aos olhos. Isso é surpreendente, pois te-

mos um lulav (uma coluna), um etrog (um coração), duas aravot (dois

lábios) e três hadassim (três olhos!). Em princípio deveria haver so-

mente dois hadassim.

Realmente, dois dos três hadassim são correspondentes aos

nossos dois olhos naturais, que devem ser controlados. Devemos nos

controlar e olhar somente o que nos é permitido conforme a Torá

(Bamidbar 15:39): “Velô taturu acharê levavchem veacharê enechem”

– E não errareis indo atrás de (pensamentos de) vossos corações e

atrás de vossos olhos. Conforme o Sêfer Hachinuch (mitsvá 387), esta

mitsvá é um “yessod gadol badáat” – um fundamento importante

no judaísmo, “porque os maus pensamentos geram o mal e os atos

são uma consequência. Privar-se dos maus pensamentos e desviar o

olhar são as raízes das atitudes positivas.

409

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

O terceiro hadás refere-se ao “olho do coração”. Como consta em

Cohêlet (1:16): “Velibi raá harbê chochmá vadáat” – Meu coração viu

muita sabedoria e conhecimento. Esse “terceiro olho” é a sensibilida-

de que o indivíduo possui para entender os assuntos estudados. Essa

sensibilidade espiritual é o desenvolvimento do intelecto ativo em

relação às coisas espirituais. O terceiro hadás, portanto, refere-se a

essa sensibilidade que devemos desenvolver por intermédio do es-

tudo da Torá, adquirindo, com isso, a visão correta de um modo de

viver baseado na Torá e suas mitsvot.

410

SUCOT

Para Ser Íntegro

Há duas passagens do Pirkê Avot – Ética dos Pais – aparentemen-

te contraditórias:

Em nome de Shim’on Hatsadic (1:2), nossos sábios nos ensinam:

“Al sheloshá devarim haolam omed: al hatorá, al haavodá veal guemilut

chassadim” – Sobre três coisas o mundo se sustenta: sobre (o estudo da)

Torá, sobre os sacrifícios (do Bêt Hamicdash, hoje substituídos pelas ora-

ções) e sobre as benfeitorias (com relação ao próximo).

Em outra passagem (1:18), o Pirkê Avot traz outras bases de sus-

tentação do mundo: “Raban Shim’on Ben Gamliel omer al sheloshá

devarim haolam cayam al haemet veal hadin veal hashalom” – Raban

Shim’on Ben Gamliel diz: Sobre três coisas o mundo se sustenta: sobre a

verdade, sobre a justiça e sobre a paz.

A primeira impressão é de que os dois sábios têm opiniões dis-

tintas sobre o assunto. Os comentaristas da Mishná, entre eles o Rabi

Ovadyá Mibartenura e o “Hameiri”, explicam da seguinte maneira

esta aparente contradição:

Na primeira passagem, o termo utilizado para “se sustenta” é

“omed”, enquanto na segunda é “cayam” e as afirmações referem-se

a conceitos distintos de “mundo”. A primeira passagem refere-se ao

mundo enquanto Universo físico e a segunda, ao mundo enquanto

convivência humana.

A primeira passagem traz as três condições necessárias para que

o Universo físico continue a existir: caso o Povo de Israel não aceitas-

se a Torá, não fossem feitos os sacrifícios e não se praticasse benfei-

torias, este mundo não existiria. Cabe aos homens “colaborar” com o

Criador para a existência do mundo.

411

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

Raban Shim’on ben Gamliel se refere aos três pilares para que as

pessoas – a humanidade de uma forma geral – se entendam e conti-

nuem a existir: a verdade, a justiça e a paz.

Em certas ocasiões, ficamos com a impressão de que as festas de

Pêssach, Shavuot e Sucot, denominadas de Shalosh Regalim, são ape-

nas uma recordação do passado, de eventos acontecidos com nosso

povo e que não nos dizem nada no presente.

Afora que estas festas estão diretamente ligadas com eventos

do passado, elas têm, certamente, ensinamentos básicos ao nosso

convívio diário.

A palavra “regalim” significa “pernas”. A designação “Shalosh Re-

galim” – três pernas – provém, em primeira análise, do fato de que

nestas ocasiões, na época em que existia o Bêt Hamicdash, os yehu-

dim utilizavam suas pernas para dirigirem-se a Yerushaláyim.

Poderíamos dizer que, além do fato de serem chamadas de

Shalosh Regalim por causa da peregrinação dos judeus a Yerusha-

láyim, este “tripé” pode ser visto também como o sustento espiritual

do yehudi para todo o ano, uma vez que existe uma relação funda-

mental entre estas três festas com elementos de nosso cotidiano e

com as três bases de sustentação do mundo: Torá, avodá e guemilut

chassadim.

Shavuot está diretamente relacionado com “Torá”, pois come-

mora a Outorga da Torá no Monte Sinai.

A festa de Pêssach está relacionada com “avodá” – os sacrifícios.

Em Pêssach, na época do Bêt Hamicdash, além da mitsvá de comer

matsá, existia outra mitsvá marcante: o preceito de fazer o Corban

Pêssach a partir do meio do dia de 14 de nissan e consumi-lo no Sêder

de Pêssach, até o meia da noite. Vemos a importância desta mitsvá

pelo fato de ser uma das duas únicas mitsvot assê – mandamentos

positivos (faça) – dentre as 248, cuja punição para quem a transgride

é “caret”. Esta mesma punição recai somente em mais uma transgres-

412

SUCOT

são de mitsvat assê – sobre alguém que abandona este mundo sem

fazer Berit Milá.

Sucot está diretamente relacionado com a terceira base de sus-

tentação do mundo: “guemilut chassadim” – benfeitorias. Nesta festa,

seguramos as quatro espécies, que simbolizam as quatro categorias

de indivíduos do Povo de Israel (de acordo com o conhecimento e

cumprimento das leis da Torá). Segurar as quatro espécies unidas sim-

boliza o fato de que o Povo de Israel deve permanecer unido e de-

monstra o princípio fundamental da responsabilidade que um yehudi

tem pelo próximo.

Esta é, portanto, a ligação entre as três festas (Pêssach, Shavuot

e Sucot) e as bases de sustentação do mundo (Torá, avodá e guemilut

chassadim).

Diz o Maharshá, que a pessoa deve preocupar-se em moldar suas

virtudes para ser “shalem” (íntegro) seguindo três princípios: “she-

lemut im haberiyot” – integridade com relação ao próximo – “shelemut

im Hashem” – integridade para com D’us – e “shelemut atsmit” – inte-

gridade com relação a si próprio.

Estes três conceitos, que ditam a conduta do yehudi, são de-

duzidos da linguagem com a qual a Torá expressa o mandamento

de amar a D’us (Devarim 6:5): “Veahavtá et Hashem Elokecha bechol

levavechá uvchol nafshechá uvchol meodêcha” – E amarás ao Eterno,

teu D’us, com todo o teu coração e com toda a tua alma e com todo o

teu poder.

O termo “bechol levavechá” – com todo o teu coração – é uma

referência à integridade que a pessoa deve procurar ter consigo mes-

ma. A palavra levavechá – teu coração – está aqui escrita com duas

letras bêt, quando o convencional seria “libechá”, com apenas uma

letra bêt. Estas duas letras bêt vêm nos ensinar que devemos procurar

amar a D’us com nossos dois yetsarim – instintos – o bom e o mau

(vencendo o mau instinto estamos cumprindo a vontade de D’us e

413

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

demonstrando nosso amor por Ele), construindo assim nossa integri-

dade pessoal interna – modos, virtudes, atitudes.

“Uvchol nafshechá” – com toda a tua alma – está relacionado

com a integridade para com D’us, pois a alma é uma centelha Divina.

O termo “uvchol meodêcha” – com todo o teu poder – refere-se

às posses materiais das pessoas e está ligado com a integridade em

relação ao próximo. Isso porque o dinheiro, muitas vezes, leva ao or-

gulho e à arrogância, traz a inveja e pode ser motivo de separação

entre as pessoas. Estas qualidades, repudiadas pelos conceitos da

Torá, devem ser reprimidas mesmo que seja algo comum e natural

nas pessoas. Segundo a sagrada Torá, é perfeitamente possível – e

obrigatório – que a pessoa faça um trabalho constante de aprimora-

mento para construir um interior de qualidades positivas (neste caso,

as qualidades relacionadas com o próximo), reprimindo as negativas.

Afora que estes três termos citados na mitsvá de amar a D’us es-

tão ligados com os conceitos de integridade espiritual do homem,

estão também relacionados diretamente com as festas de Pêssach,

Shavuot e Sucot.

Pêssach está relacionado com “Veahavtá et Hashem Elokecha be-

chol levavechá” – E amarás ao Eterno, teu D’us, com todo o teu cora-

ção, pois no Êxodo do Egito o Povo de Israel atingiu o grau de amor

sincero e pleno, de coração, para com D’us, conforme a passagem

(Yirmeyáhu 2:2): “Zachárti lach chêssed neuráyich ahavat kelulotáyich

lechtêch acharay bamidbar beêrets lô zeruá” – Lembrei-te (a congrega-

ção de Israel) a benfeitoria (que fizeste Comigo) de tua juventude (um

povo recém formado), o amor (que tiveste Comigo, como um amor) en-

tre noivos, foste atrás de Mim no deserto em uma terra estéril.

O termo “uvchol nafshechá” – com toda a tua alma – está ligado

com a festa de Shavuot. Na Outorga da Torá, quando foram proferi-

dos os Dez Mandamentos no Monte Sinai, as almas de todas as pes-

soas se separaram de seus corpos dado o altíssimo grau de espiritua-

414

SUCOT

lidade do momento – “parchá nishmatam” – conforme consta no Shir

Hashirim (5:6): “Nafshi yatseá bedaberô”. Como a alma é uma centelha

Divina, daí a ligação entre “uvchol nafshechá” e a festa de Shavuot.

“Uvchol meodêcha” – com todo o teu poder (todas as tuas pos-

ses materiais) – está ligado com a festa de Sucot. Em Sucot há uma

integração do povo, simbolizada pela união dos arbaát haminim (as

quatro espécies), o que relaciona esta festa, como já explicado ante-

riormente, com a base de sustentação do mundo “guemilut chassa-

dim” – benfeitorias. A sucá também expressa esta ideia: o principal

ensinamento da sucá é de que da mesma forma que a sucá é uma

moradia provisória e passageira, assim também é este mundo. Ele é

apenas um preparativo para o Mundo Vindouro – e tudo o que pos-

suímos nos é “emprestado” pelo Todo-Poderoso. O que temos hoje

podemos perder em um piscar de olhos e não o conseguimos através

de nossas próprias forças e méritos, mas sim como dádiva do Criador.

Sendo assim, devemos utilizar nossos bens materiais de forma nobre,

contribuindo para o bem geral, pois esta é a Sua vontade.

A festa de Sucot nos transmite também que os bens materiais

não devem ser o objetivo principal de nossas vidas. Esta é, portanto,

a relação entre “uvchol meodêcha” – com todas as tuas posses mate-

riais – e a festa de Sucot.

Vimos, portanto, a ligação entre os três termos da mitsvá de

amar a D’us e as três festas.

Concluindo este raciocínio, que divide a busca da integridade

pessoal em três aspectos, observamos ainda que há uma relação en-

tre nossos três patriarcas, as festas de Pêssach, Shavuot e Sucot e as

três bases de sustentação do mundo.

Avraham Avínu é chamado de “Ish Hachêssed” – Homem da Ben-

feitoria – conforme o versículo (Michá 7:20): “Titen emet Leyaacov,

chêssed Leavraham”. Ele foi o modelo do benfeitor, e como guemilut

chassadim está ligado com a festa de Sucot, talvez seja este o motivo

415

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

de ele ser o primeiro dos shiv’á ushpizin – os sete visitantes da sucá.

O patriarca Yaacov está relacionado com a festa de Shavuot.

Sobre Yaacov consta (Bereshit 25:27): “Veyaacov ish tam yoshev oha-

lim” – Yaacov é um homem íntegro, que habita em tendas (onde se

estudava a Torá). Yaacov passou 14 anos estudando diligentemen-

te a Torá na yeshivá de Shem e Êver. Consta também sobre Yaacov

(Michá 7:20): “Titen emet Leyaacov”. Yaacov é chamado de “Ish Emet”

– Homem da Verdade. A verdade absoluta é encontrada somente no

Criador e em seu “carimbo” – a Torá. Yaacov é, portanto, o símbolo

da dedicação à Torá e está relacionado, consequentemente, com a

festa de Shavuot.

Yitschac Avínu é chamado de “Ish Guevurá” – Homem da Bravura.

Tinha 37 anos quando foi levado por seu pai, Avraham, para servir

como um sacrifício para D’us – ambos com as mesmas convicções.

Yitschac está, por isso, relacionado com a base de sustentação “avo-

dá” – sacrifícios – e portanto, com a festa de Pêssach (por causa do

Corban Pêssach).

De todo este apanhado, aprendemos que existem correlações

entre as festas de Pêssach, Shavuot e Sucot e as bases de sustenta-

ção do mundo: Torá, avodá e guemilut chassadim. Também existem

correlações entre os termos “bechol levavechá”, “uvchol nafshechá”

e “uvchol meodêcha” e os conceitos de integridade que as pessoas

devem buscar; além disso, ligações entre estes mesmos termos e as

festas judaicas, e também entre os patriarcas, as festas e as bases de

sustentação do mundo.

Por meio deste breve estudo percebemos, também, que as co-

memorações destas festas não são apenas lembranças de aconteci-

mentos históricos. Muito mais do que isso, são épocas designadas

pela Torá para que nos aperfeiçoemos, a cada ano, com relação a um

aspecto singular de nossa elevação espiritual, no sentido de amar a

D’us e, consequentemente, atingirmos a “shelemut” – a integridade.

416

SUCOT

Pêssach é a época que devemos aprimorar nossas orações, o

amor a D’us com coração pleno e o conceito de integridade para

consigo mesmo.

A cada ano, na época de Shavuot, a Outorga da Torá se renova

e esta é a época mais propícia para reforçar o espírito da Outorga da

Torá e o conceito de integridade para com D’us.

Sucot é a época mais indicada para a pessoa trabalhar sua parte

humana, suas obrigações em relação ao próximo e meditar sobre a

transitoriedade desta vida e a fragilidade dos conceitos materiais. A

principal ênfase de seus esforços deve ser em relação às aquisições

espirituais.

Segue um esquema resumido para melhor visualização dos con-

ceitos citados.

417

רמוא היה אוה הלודגה תסנכ ישנא ירישמ היה קידצה ןועמש

.דמוע םלועה םירבד השלש לע

םידסחה תולימג לעו

הדובעה לעו

הרותה לע

As Benfeitorias

Os Corbanot

O Estudo da Torá

(orações)

םייק םלועה םירבד השלש לע רמוא לאילמג ןב ןועמש ןבר

םולשה לעו ןידה לעו תמאה לע

SUCOT

PÊSSACH

SHAVUOT

תומלש

Em Relação ao

Próximo

Para com D’us

ךיקלא ’ה תא תבהאו

Consigo Mesmo

ךדאמ לכבו

e com toda a tua força

posses materiais

SUCOT

Arbaat Haminim

União do Povo

Guemilut Chassadim

Integridade c/ Próximo

Sucá Provisório

ךשפנ לכבו

e com toda a tua alma

alma é centelha Divina

SHAVUOT

Outorga da Torá

Parchá Nishmatam

A alma é centelha

Divina

ךבבל לכב

com todo o teu coração

com os dois instintos

PÊSSACH

Corban Pêssach

Avodá

Zacharti lach chêssed...

Integridade Consigo

Avraham

Yaacov

Yitschac

Ish Hachêssed

Titen emet Leyaacov

Akedat Yitschac

418

SUCOT

Três Mitsvot Específicas

A festa de Sucot deveria em princípio ser comemorada no mês

de nissan, pois lembra a saída dos judeus do Egito.

Um dos motivos que se comemora Sucot logo após o Yom Kipur

é o fato de que em Rosh Hashaná e Yom Kipur servimos ao Criador

com temor e não com alegria, devido à tensão proveniente do Julga-

mento Celestial. A Torá não quis que permanecêssemos nesta atmos-

fera de tensão e deu ao yehudi, logo após o Yom Kipur, a possibilidade

de entrar em um clima de alegria. Uma das mitsvot fundamentais de

Sucot é justamente alegrar-se – a Torá repete em três ocasiões dife-

rentes a obrigação de nos alegrarmos nesta festa.

No Chag Hassucot temos três mitsvot específicas: a mitsvá de

sentar na sucá, a mitsvá de segurar as quatro espécies no primeiro

dia (nos demais é uma mitsvá instituída pelos sábios) e a mitsvá de

alegrar-se. As mulheres estão isentas das duas primeiras mitsvot, pois

estão isentas de todas as mitsvot assê (faça) que dependem do tem-

po. A mitsvá de alegrar-se na festa cabe tanto aos homens quanto às

mulheres e cabe aos que convivem com elas alegrá-las.

Existem poucas mitsvot no judaísmo que podemos cumprir com

todo o nosso corpo. Ao cumprirmos a mitsvá de sucá, entramos total-

mente dentro da sucá e todos nossos órgãos participam do cumpri-

mento deste preceito.

Algumas das condições para que a sucá seja considerada kesherá

(apta) são as seguintes: precisa ter pelo menos três paredes, com no

mínimo um metro de altura cada uma, e acima delas um teto consti-

tuído por elementos provenientes da terra, como galhos, folhagens e

caules (não pode ser de concreto ou metal).

419

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

A folhagem que cobre a sucá denomina-se secach (da origem

sucá) e é a principal parte da sucá. Esta cobertura não pode ser de um

material que demonstre ser permanente (como uma grande tábua

por exemplo), neste caso seria considerado como se estivéssemos

sentados dentro de nossa casa e dessa maneira não cumprimos a

mitsvá.

Não se pode fazer primeiro a cobertura e depois as paredes

(conceito denominado “taassê velô min haassuy”), estas devem ser

construídas primeiro. Outra mitsvá que possui este mesmo conceito

é a mitsvá de colocar tsitsit nas roupas. Os tsitsiyot (quatro conjuntos

de oito fios) só devem ser colocadas em roupas que possuam quatro

cantos soltos (como o talet das sinagogas). Uma camiseta, por exem-

plo, não possui quatro cantos (pois é fechada) e não recai sobre ela

a obrigação de colocar tsitsiyot. No caso de se colocar tsitsit numa

camiseta e depois cortá-la de maneira que fique com quatro cantos

possuindo tsitsiyot, o tsitsit está inválido.

A sucá é denominada pelos nossos sábios de Tselá Demehem-

nutá – a sombra da fé. O fundamento que existe dentro da mitsvá de

sucá é demonstrar que toda a nossa fé e segurança estão deposita-

das nas mãos do Criador, uma vez que abandonamos nossas casas

(onde nos sentimos estabelecidos e seguros) e vamos morar sob um

teto provisório. Entregamo-nos nas mãos do Todo-Poderoso, enten-

dendo e demonstrando que tudo o que possuímos – nosso dinheiro,

nossas casas, nossos empregos, tudo o que aparentemente é sólido

e parece que nunca vai desabar – depende do Criador.

O conceito básico da sucá, portanto, é ser uma moradia provi-

sória e por isso não requer mezuzá. As mezuzot devem ser afixadas

somente em moradas permanentes.

Consta no livro “Netivot Shalom”, do Rabino Shalom Noach Brazo-

wsky zt”, que na festa de Sucot recebemos sete ilustres visitantes, as-

sim como no Berit Milá recebemos também a alma de Eliyáhu Hanavi.

420

SUCOT

Cada dia de Sucot possui um chefe dos visitantes: Avraham, Yits-

chac, Yaacov, Moshê, Aharon, Yossef e David, chamados por nossos

sábios de “shiv’á ushpizin ilain cadishin” – os sete visitantes sagrados

elevados. Muitas pessoas costumam colocar uma cadeira especial

para receber estes hóspedes.

Estas importantes visitas não vêm em outras ocasiões, como em

Rosh Hashaná por exemplo. Isso porque, tratando-se de personali-

dades elevadas, que estão acima dos conceitos materiais, só podem

vir nos fazer companhia quando nós conseguimos nos desligar das

coisas materiais. Quando nós, seres humanos, elevamo-nos acima

da matéria, atingindo um grau espiritual elevado, aí então existe a

possibilidade que estes visitantes sagrados possam comparecer. Isso

ocorre somente em Sucot – oportunidade em que nos desvincula-

mos da matéria, abandonando nossa sala e nossos móveis confor-

táveis e vamos para um lugar totalmente provisório e desprovido

destas comodidades.

A segunda mitsvá específica de Sucot é a de segurar as quatro

espécies. O etrog (cidra) cresce em planícies (perto do mar) e é com-

parado ao coração das pessoas. O lulav é a folha central da tamareira,

cresce em lugares quentes e secos e representa a coluna vertebral.

O hadás (mirto) cresce nas montanhas e é comparado aos olhos. A

aravá (chorão) cresce perto de riachos e representa os lábios.

Cada vegetal possui um anjo, designado pelo Todo-Poderoso,

responsável pelo seu desenvolvimento e que ordena constantemen-

te seu crescimento. Estas quatro espécies, entretanto, têm o próprio

Criador como responsável direto pelo seu crescimento. Lembramos

aqui um conceito semelhante que nos explica o Talmud (Taanit 2a):

várias “chaves” referentes ao desenvolvimento do mundo foram en-

tregues a anjos. Existem, porém, três chaves que não foram entre-

gues a eles, mas ficaram em poder direto do Todo-Poderoso: a chave

da possibilidade de uma mulher ter filhos, a chave da chuva (e, por-

421

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

tanto, o sustento e a sobrevivência das pessoas) e a chave da res-

surreição dos mortos – acreditar que haverá uma época em que os

mortos ressuscitarão faz parte da crença fundamental do judaísmo e

é um dos treze princípios da religião judaica.

As quatro espécies possuem leis específicas e minuciosas para

que tenham validade e para o cumprimento da mitsvá. Se não pos-

suírem um crescimento segundo determinam as leis, não serão

adequadas. Por isso, o Criador não quis delegar a nenhum anjo esta

responsabilidade, mas tomou-a para Si. É por isso que sempre existe

a possibilidade de encontrarmos estas espécies em perfeitas condi-

ções para o cumprimento da mitsvá.

Cada uma destas quatro espécies representa um tipo de indiví-

duo que integra o nosso povo. A aravá não tem gosto nem cheiro e

representa aqueles que não cumprem as mitsvot e nem estudam a

Torá. O hadás possui cheiro, mas não tem gosto, e simboliza os judeus

que cumprem as mitsvot, mas não estudam a Torá. O lulav tem gosto

(a tâmara), mas não possui cheiro, e é comparado àqueles que têm

o conhecimento da Torá mas, infelizmente, não cumprem as mitsvot.

O etrog, que tem gosto e cheiro, representa as pessoas que possuem

o conhecimento da Torá e cumprem seus mandamentos. A festa de

Sucot vem logo depois de Yom Kipur, quando, em princípio, todos se

regeneram dos erros que cometeram durante o ano. Como símbolo

da necessidade de união que deve haver entre todo o povo, unimos

estas quatro espécies (que representam todo o povo).

Há um detalhe importante ligado com Chag Hassucot: durante

o ano existem quatro julgamentos diferentes. Um deles ocorre em

Rosh Hashaná, quando a humanidade é julgada. Já em Sucot, D’us

determina a quantidade de chuvas que o ano terá. Na época do Tem-

plo Sagrado jogava-se vinho em cima do Mizbêach (altar) durante o

ano todo. Em Sucot, porém, existia uma mitsvá de ir a uma fonte cha-

mada Ma’yan Hashilôach, onde pegava-se água e jogava-se sobre o

422

SUCOT

altar. Isto representava o pedido a D’us para que nos abençoasse com

a quantidade necessária de águas para todo o ano.

Ainda hoje, durante todo o Chag Hassucot, oramos a D’us que

nos mande água em abundância. Dizem nossos chachamim que

quando buscavam água nesta fonte, tamanha era a alegria das pes-

soas, que assimilavam rúach hacôdesh, uma inspiração Divina espe-

cial que se manifestava por um grau de profecia.

A alegria é uma das três mitsvot específicas ligadas a Sucot. Hoje,

quando não possuímos o Bêt Hamicdash e não podemos cumprir

a mitsvá de jogar estas águas sobre o altar, organizamos, em lem-

brança a esta mitsvá, noites de alegria (denominadas de Simchat Bêt

Hashoevá), para que sintamos a satisfação de servir ao Criador.

Rabi Yehudá Halevi, autor do livro “Hacuzari”, foi uma grande

autoridade rabínica entre nossos sábios. Neste livro ele escreve que

existem várias formas de servir ao Criador. As pessoas podem servir

ao Criador por meio do temor, por meio do amor e por meio da ale-

gria, da satisfação. Rabi Yehudá Halevi nos diz para não pensarmos

que por meio do temor alcançamos níveis espirituais mais elevados

do que por meio da alegria. Por intermédio da alegria pode-se alcan-

çar níveis espirituais muito elevados. Prova disso é o fato de que os

profetas somente recebiam a profecia se estivessem em estado de

alegria. Se estivessem mal-humorados ou tristes não havia a possibi-

lidade de receberem a Presença Divina para profetizarem.

Devemos ter este conceito como conduta básica durante nossa

vida. De uma forma geral, devemos procurar encarar os fatos com

alegria. Se procurarmos levantar nosso ânimo espiritual e introduzir

em nossas vidas uma alegria inerente a nossas ações, uma alegria

que faça parte de nossa natureza, isso fará com que encaremos os

fatos de forma positiva, deixando de lado o pessimismo. Quando es-

tamos em um estado emocional positivo, tudo parece dar certo e é

muito difícil nos abalarmos. Precisamos aproveitar estes dias de Su-

423

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

cot e levar em consideração a necessidade de encarar os fatos sem-

pre com olhos de simchá – alegria. Do ponto de vista da Torá, existe

uma cobrança para que não fiquemos com o ânimo abalado, para

que estejamos sempre num estado emocional de alegria e confiança

no Todo-Poderoso.

424

SUCOT

A Importância da Paz

“Que Ama a Paz e Persegue a Paz”

No Pirkê Avot consta que Aharon Hacohen “ama a paz e persegue

a paz, ama as criaturas e as aproxima da Torá”. Ele se transformou em

um símbolo de amor à paz e aos outros e, por causa disso, conseguiu

aproximar muitos membros de Israel da Torá.

Também as “Ananê Hacavod” (Nuvens de Glória), que cercavam

o acampamento de Israel no deserto, vieram por mérito de Aharon,

conforme foi mencionado por nossos sábios em diversos lugares.

Ao analisarmos o assunto, percebemos que também estas nuvens

estavam ligadas à paz.

As nuvens delimitavam e protegiam o Povo de qualquer prejuí-

zo, assim como a paz possui estas mesmas capacidades de ação es-

pirituais. Ela permite que as pessoas morem juntas, adoça suas vidas

e protege-as de qualquer desgraça e sofrimento que possam ocorrer

quando ela está em falta.

“Não encontrou, o Eterno, um utensílio que contivesse a bênção,

para Israel, exceto a paz” (fim da Mishná, no Tratado de Uketsin). As-

sim como a discussão causa afastamento e destrói tudo, a paz age de

modo inverso, juntando e ligando e, onde ela existir, encontraremos

também a bênção.

A Verdadeira Paz

Hoje em dia é muito comum ouvir-se falar sobre a “paz” – entre

países, entre partidos, entre grupos. Escuta-se isso frequentemente e

é possível se enganar – pensando que a paz a qual nossos sábios se

425

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

referem é a mesma da qual tratam diversas nações – enquanto exis-

te, na verdade, uma diferença colossal entre elas.

A paz entre os povos e entre partidos políticos, por exemplo,

não decorre do amor à própria paz e do amor às criaturas. Cada na-

ção “ama” apenas a si própria e procura apenas o seu próprio bem.

Acontece que, em determinadas situações, para o seu próprio bem,

é indicado que não haja discussões e guerras com as nações vizinhas

e, portanto, elas preferem optar por implementar tratados e acordos

de “paz”.

Quando nossos sábios se referem à paz, eles têm em mente

algo inteiramente distinto. Trata-se de um conceito elevado e impor-

tante, que merece ser prezado e perseguido. A paz é uma situação

espiritual que traz bênçãos e contém em si capacidades espirituais

importantes.

A paz se origina da plenitude e das virtudes. Ela provém do fato

de cada um olhar positivamente para o outro, sentindo que este não

toma seu lugar e não o atrapalha. No futuro, reinará a paz entre todos

os elementos da Criação. Mesmo os animais selvagens pastarão jun-

to com os herbívoros de hoje. Entretanto, mesmo antes desta época

maravilhosa é possível fazer com que a paz domine. Junto com ela,

virá a grande bênção que sempre a segue.

Cada indivíduo pode contribuir para trazer a paz a seu redor,

tanto em relação a seus amigos e conhecidos, quanto à sua família.

Cada um deve esforçar-se por construir a verdadeira paz em seu lar,

uma paz verdadeira que trará grandes bênçãos para toda a família.

Às vezes, as pessoas se dirigem a pessoas de fora de sua família,

tentando colaborar e fazer a paz entre elas, enquanto abandonam

a paz do seu próprio lar. É necessário saber que a paz começa na

casa do próprio indivíduo. Cada um deve esforçar-se para que sua

casa esteja completa antes de se preocupar com o benefício de seus

semelhantes.

426

SUCOT

Uma Moradia Provisória

As vantagens de sair da residência fixa e segura para a sucá, que

é provisória, estão também ligadas a este assunto.

A sucá indica que também este mundo é provisório, enquanto o

verdadeiro “salão” se encontra no Mundo Vindouro. O atual é apenas

um corredor, no qual se avança de encontro à meta.

Eis que o motivo das grandes discussões, brigas entre pessoas

e litígios entre os povos é o desejo de expansão, aumento da força e

da influência. Quando duas pessoas querem se expandir, cada uma

às custas da outra, elas inevitavelmente se chocarão. Enquanto o in-

divíduo não estiver satisfeito com sua situação material, existe o risco

de estourar a guerra.

Por outro lado, se cada um sente que este mundo é apenas um

lugar de preparativos, sabendo que os outros não tirarão do que é

seu e que, na prática, todos trabalham pela mesma meta – que é o

engrandecimento da Glória Divina – todas as contendas cessarão.

No futuro, todos sentirão que ninguém reprime seus passos e

invade o que é dele e sim o contrário: sua meta é ajudar, auxiliar e

desenvolver. Então, reinará a verdadeira paz na Terra.

A Festa de Sucot

Estas conquistas espirituais da festa de Sucot podemos alcançar

após os dias de julgamento e misericórdia: Rosh Hashaná e Yom Kipur.

Após coroarmos D’us em Rosh Hashaná e retornarmos em teshuvá e

termos os pecados perdoados em Yom Kipur, há uma grande eleva-

ção espiritual. Sente-se que o Criador reina sobre tudo e que todos

são Seus servos, cumpridores de Seus desígnios.

Consequentemente, quando chega a festa de Sucot e com ela o

preceito de abandonar a casa e habitar em uma moradia provisória,

427

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

isto é feito naturalmente. Sente-se que a meta deste mundo não é

satisfazer os desejos do ser humano e, portanto, a ideia de viver em

uma moradia provisória é mais facilmente aceita, assim como os va-

lores a ela relacionados, que penetram melhor no coração.

“Para que saibam, suas gerações, que em sucot (cabanas) fiz sen-

tarem os Filhos de Israel, quando os Tirei da Terra do Egito (Vayicrá

23:42). A lição do Êxodo do Egito, as bases da emuná dela aprendi-

das e a confiança em D’us, que protege Seu Povo com as Nuvens da

Glória, são interiorizadas com o cumprimento do preceito da sucá.

Na sucá sentimos que nos encontramos na “sombra da emuná” (Tselá

Demehemnutá), no lugar onde paira a Presença Divina.

Esta é também a hora propícia para receber os “ushpizin” – a visi-

ta de sete justos do Povo de Israel: Avraham, Yitschac, Yaacov, Moshê,

Aharon, Yossef e David. Aquele que amplia sua casa e fortalece sua

posição material, em prol do bem-estar físico, não deixa lugar para

visitas que são inteiramente espirituais. O lugar delas é justamente

em uma moradia provisória, que lembra as Nuvens da Glória que cer-

cavam o Povo no deserto.

As Nuvens da Glória e o Cuidado Divino

Mais uma grande lição é aprendida das Nuvens de Glória. De

acordo com nossos sábios, o deserto era perigoso tanto pelo solo e o

calor quanto pelos inimigos e animais selvagens. Dentro destas nu-

vens, com as quais D’us cercou o Povo, nada disto os afetava, além

de que o caminho à sua frente tornava-se reto. Isto vem nos ensinar

que o Criador protege a toda momento, mesmo durante os maiores

perigos.

Quando a pessoa abandona sua casa e sai para a sucá, durante

sete dias, é como se ela anunciasse que está indo para a Casa de D’us.

Habitar a sucá demonstra que o Todo-Poderoso não abandona Seus

428

SUCOT

filhos mesmo nas horas mais difíceis, quando Sua Face está oculta e

há um aumento do materialismo e da impureza.

Mesmo então, é possível encontrar um lugar onde há apenas

santidade e onde é possível se manter à sombra do Eterno. É sempre

possível manter a ligação com Ele, Que sempre ouve e atende os que

clamam por Ele, aceita suas preces e os salva, em todos os momentos

de aperto e de dificuldades.

429

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

A Época de Nossa Alegria

“Meu Vinhedo Não Guardei”

É trazido no livro Olelot Efráyim – do mesmo autor do Keli Yacar

sobre a Torá – (parte 2, maamar 150), em nome do Sêfer Haakedá, que

o Sol simboliza a porção material do mundo. Quando se quer descre-

ver uma pessoa que é influenciada pelo materialismo, ou corre atrás

deste, fala-se dele como alguém sobre quem o Sol nasce ou que é

atingido por seus raios. Assim também consta em Shir Hashirim, capí-

tulo 1: “Não repare que estou enegrecida, pois me bronzeou o Sol. Os

filhos de minha mãe dominaram a mim, puseram-me para guardar os

vinhedos – e o meu vinhedo não guardei”.

A explicação deste versículo é que a Congregação de Israel diz

que correu atrás dos desejos deste mundo. O Sol a queimou, ou seja,

estes conseguiram transformá-la em alguém cujo materialismo é a

principal ocupação. “Os filhos de minha mãe dominaram a mim” sig-

nifica que outros a influenciaram e a fizeram “guardar seus vinhedos”,

ou seja, fazer com que prestasse atenção em assuntos para os quais

não fora criada e que não condizem com ela. Ela guardou outros

campos, do qual não tiraria o verdadeiro proveito.

“Meu vinhedo não guardei” – minha principal parte da vida, que

é a meta espiritual, foi abandonada. A correria atrás dos desejos e de-

leites deste mundo a fez descuidar-se da espiritualidade, para a qual

foi criada e para a qual veio ao mundo.

Além disso, cada um possui uma parte especial na Torá e na es-

piritualidade, que ninguém mais é capaz de alcançar. Muitas vezes, o

indivíduo se dirige a outros campos, a metas e funções que não lhe

cabem, enquanto sua verdadeira parte, “meu vinhedo”, é abandona-

430

SUCOT

da por ele, sem que lhe dirija nenhuma atenção.

A inveja quanto aos outros e a falta de vontade de se contentar

com o que se possui deixam o indivíduo sem alcançar nenhum ob-

jetivo, pois o seu ele deixa de lado e o dos outros ele não é capaz de

atingir.

A conclusão disso é que cada um deve se esforçar para atingir

sua porção, a ele destinada por D’us, chegando assim a grandes con-

quistas espirituais e à verdadeira alegria da vida.

A Sucá Como Símbolo da Mobilidade

Baseado no princípio trazido no parágrafo anterior, o Olelot

Efráyim explica por que uma sucá que possui mais sol do que sombra

é inválida. Seu comentário é baseado na ideia de a sucá e os outros

preceitos desta festa terem como meta retirar do coração a impor-

tância que o indivíduo dedica aos assuntos mundanos, fazendo-o

perceber o valor do que está ligado ao Mundo Vindouro, aos precei-

tos e à espiritualidade.

O objetivo da saída de uma moradia fixa para outra provisória é

demonstrar que todo este mundo é, na prática, provisório – enquan-

to o lugar fixo é, efetivamente, apenas o Mundo Vindouro.

Aquele que vive neste mundo, pode facilmente chegar a pen-

sar que este é o principal objetivo da vida. Por isso, este preceito foi

ordenado, para demonstrar que ele é provisório e que toda a sua im-

portância provém do fato de ser ele uma preliminar para o Mundo

Vindouro.

“A Época de Nossa Alegria”

A festa de Sucot é a “época de nossa alegria”, conforme se recita

nas orações especiais destes dias.

431

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

À primeira vista, a essência da sucá não combina com um tempo

de alegria. Afinal, ela retira o indivíduo do lugar ao qual está habitua-

do e no qual se sente confiante.

No livro Darkê Mussar (página 283) é explicado que a ligação es-

trita com este mundo não acrescenta alegria. Esta ligação significa

correr atrás do materialismo, falta de contentamento, inveja e tristeza

pelo que talvez fosse possível conseguir e que não se alcançou.

Nossos sábios ensinam no Pirkê Avot, que a inveja, a cobiça e a

honra removem o indivíduo não só do Mundo Vindouro quanto tam-

bém deste. Estas três características fazem com que a pessoa esteja

sempre correndo atrás de seus desejos e nunca aproveitando do que

possui.

Portanto, o passo de entrar na sucá, que é uma moradia provi­

sória, simboliza a libertação desta corrida e o começo de uma vida

sem estas três qualidades, que levam à tristeza e à decepção. Para

chegar à verdadeira alegria, é preciso se sacudir deste mundo.

Ao perceber que as posses materiais não são o principal e que

este mundo constitui apenas um corredor para o Mundo Vindouro,

aumentam a alegria e o sentimento de possuir conquistas verdadei-

ras e preciosas.

No Darkê Mussar (página 284) são trazidas também as palavras

do Rav Moshê Rosenstein, que exlica o porquê de se ler Meguilat

Cohêlet no Shabat da Festa de Sucot. Segundo ele, este livro mostra

como são fúteis os assuntos mundanos e aquele que o lê profunda-

mente é capaz de interiorizar que “vão entre os vãos – é tudo vão”

e que a principal meta é “a D’us tema e Seus preceitos guarde”, não

havendo nenhuma outra verdade, exceto esta.

Aquele que chega a esta consciência está apto a se juntar a todo

o Povo de Israel e se alegrar com a Torá, as mitsvot e todos os valores

concedidos em grande número por D’us. A alegria é um conceito

espiritual, só sendo verdadeira quando provém de algo obtido neste

432

SUCOT

campo. Quanto a alegria ligada a assuntos materiais, ela nunca é

completa, conforme se diz: “aquele que possui cem deseja duzentos”.

Somente a alegria espiritual absoluta é considerada o “tempo de

nossa alegria” verdadeiro.

Há aqueles que explicam que se lê Cohêlet em Sucot, porque este

é o tempo da colheita e, uma vez que a alegria dessa época é capaz

de fazer com que a verdadeira meta neste mundo seja esquecida,

deve-se diminuí-la.

De acordo com as palavras do Rav Rosenstein, isto não é ne-

cessário. A alegria dessa época é positiva, devendo ser conduzida a

um canal de reconhecimento dos tesouros espirituais e da futilidade

das posses materiais, se comparados a estes, conforme consta em

Cohêlet.

O Valor das Posses Monetárias

A época da Festa de Sucot é também propícia para refletir sobre

o valor das posses materiais. No livro Olelot Efráyim é explicado que

a riqueza se relaciona não só ao que se possui como também ao que

já se gastou.

Quando alguém gasta dinheiro com algo necessário, seja no plano

material – como sustento da família, saúde, etc. – quanto no espiritual

– tsedacá, bondade, mitsvot, sustento de estudiosos da Torá, etc. – eis

que ele cumpriu sua função e chegou a seu destino, sendo isto chama-

do de riqueza. O dinheiro que está guardado, não estando ainda claro

se será utilizado para o bem ou para o mal, não é assim considerado.

Isto é oposto ao modo comum de pensar, segundo o qual quan-

to mais dinheiro possui guardado, mais rico o indivíduo é.

Na Festa de Sucot, quando nos libertamos do jugo material e saí-

mos da morada fixa, é possível também chegar a uma consciência

mais clara sobre o materialismo. Então, é possível compreender que

433

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

o apego ao dinheiro não é bom e não traz felicidade àqueles que o

possuem. A riqueza é a capacidade de aproveitar do dinheiro e retirar

dele o proveito que se espera. Feliz é aquele que utiliza suas posses

para ajudar os outros, incrementar o estudo da Torá e patrocinar atos

que levem à santificação do Nome de D’us.

A Alegria com o Sucesso dos Outros

Após compreender isso, é possível também entender como se

relacionar ao outro e ao seu sucesso. Na prática, existem três níveis

em relação a isto, um mais elevado que o outro: sentir o sofrimento

do outro, alegrar-se com a felicidade alheia e alegrar-se com o suces-

so daqueles que se odeia.

O primeiro nível não é tão alto, sendo encontrado mesmo entre

pessoas perversas e entre os animais. O Saba de Kelm diz que exis-

tem animais carnívoros que, após atacarem suas presas, devorarem-

nas e, ao aplacarem seu desejo, são capazes de serem melhores. Do

mesmo modo, existem pessoas que, após se alegrarem com a queda

do outro, participam então de sua tristeza.

Alegrar-se realmente quando o outro está feliz, entretanto, já é

um nível espiritual elevado. Isto é difícil para uma pessoa comum,

pois a inveja é capaz de aflorar, o desejo de ser honrado se fortalecer

e o indivíduo acabará não se alegrando. Aquele que domina tudo

isso é abençoado.

É muito mais difícil ainda se alegrar com o sucesso de alguém

que se odeia. Neste caso, é possível que apareçam diversos instintos:

ódio, vingança, gosto pela vitória, inveja e outros, que são capazes de

confundir os bons pensamentos. Consequentemente, aquele que é

capaz de se dominar e vencer tudo isto, alegrando-se com o sucesso

de seu inimigo, é extremamente valente, espiritualmente.

A estes níveis se referiu o Rei David no Livro do Tehilim, ao dizer:

434

SUCOT

“Pusestes a alegria em meu coração, desde o instante que sua pro-

dução de trigo e de vinho aumentou”. Quando os frutos de outras

pessoas se multiplicam, penetrava a alegria em seu coração.

Feliz e sagrado é aquele que é capaz de se alegrar com a felici-

dade dos outros.

“Todo Cidadão em Israel Sentará em Cabanas”

Na Festa de Sucot, cada membro do Povo de Israel recebe tam-

bém a denominação especial de cidadão” (ezrach).

No livro Col Yehudá (página 132) é explicado que em Sucot, com

a saída da casa e a ida para a sucá, percebe-se a temporariedade des-

te mundo e como o único lugar fixo é o Mundo Vindouro. Com isto,

cada um torna-se um cidadão fixo do Mundo Vindouro, quando ha-

bita a sucá.

O Nível do Povo de Israel

Na haftará do primeiro dia de Sucot está escrito: “Este será o pe-

cado do Egito e o pecado de todos os povos, que não subirem para

festejar a Festa de Sucot”. Por que é exigido que eles cumpram jus-

tamente a Festa de Sucot e não outras? Por que sobre isto eles são

julgados, se não cumprem também os outros preceitos?

Parece que a resposta é que na festividade de Sucot estão implí-

citos conceitos essenciais, sendo que seus preceitos ensinam o que

é fundamental na vida e o que não é. Os membros do Povo de Israel,

que cumprem este preceito, são capazes de saber isso e sentirem-

se parte do Mundo Divino. Os outros povos, que não o fazem, são

incapazes de atingir este nível de entendimento da verdade e viver

à sua luz.

Deste modo, eles são castigados por não terem “subido para fes-

435

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

tejar a Festividade de Sucot” – por não entenderem a essência deste

preceito e, consequentemente, ficarem afastados de seu conteúdo.

Bem-aventurados são os Filhos de Israel, que entendem o que é uma

moradia provisória e são felizes com o tesouro espiritual imenso con-

cedido a eles por D’us.

Os Ushpizin

Em Sucot, recebemos, a cada dia, os ushpizin (visitantes), mencio-

nados anteriormente. O Admor de Slonim zt”l se detém sobre o fato

de que eles vêm justamente nesta época e não em outras festivida-

des. Segundo ele, quando uma pessoa considera muito os assuntos

mundanos e pensa em seu próprio bem, falta espaço em sua casa,

para que entrem outros. Ao parar de agir apenas em benefício pró-

prio, porém, utilizando tudo o que possui para ajudar a atingir metas

espirituais, há espaço em seu mundo para receber visitas.

Assim, estas vêm na festa de Sucot, quando saímos da morada

fixa e, com as ideias contidas nela, abre-se um lugar espiritual apro-

priado para tão ilustres hóspedes.

436

SUCOT

As Quatro Espécies e o Amor a D’us

O Cetro de D’us

O Chidá explica, em seu livro Rosh David, que D’us não nomeia

nenhum intermediário como responsável pelas quatro espécies, cui-

dando delas Ele próprio. Isto está ligado ao fato de elas expressarem,

de um modo especial, o amor a D’us, conforme será explicado.

No Midrash Rabá (Vayicrá 30:2) consta que as quatro espécies, na

festa de Sucot, demonstram que o Povo de Israel venceu o Julgamen-

to de Rosh Hashaná e Yom Kipur. Assim como uma nação que venceu

uma perigosa guerra organiza uma parada militar, empunhando suas

armas, empunha-se o lulav como símbolo desta vitória.

O Chidá escreve também que o lulav é “o cetro do Rei dos reis”,

sendo que o Todo-Poderoso concede a permissão de utilizá-lo, de-

monstrando Seu amor especial. Isso porque um rei, normalmente,

não deixa que outro segure seu cetro. A única exceção é seu filho.

Do mesma forma, sobre o preceito de habitar a sucá foi dito

o versículo de Shir Hashirim: “Trouxe-me, o Rei, a Seu cômodo; me

alegrarei e rejubilarei em Ti”. O Eterno faz Seu Povo adentrar em Seu

“quarto” particular, mostrando o enorme amor que sente por ele.

O Amor a D’us

Assim como o Eterno demonstra Seu amor, deve-se agir de ma-

neira recíproca, amando-O de um modo especial e enormemente.

Assim escreve o Rambam, no início do segundo capítulo de Hilchot

Yessodot Hatorá:

“Este D’us Honrado e Temível, é um mandamento amá-Lo e te-

437

ROSH HASHANÁ, YOM KIPUR & SUCOT

mê-Lo, conforme está escrito: ‘Ame ao Eterno, seu D’us’. Do mesmo

modo, está escrito: ‘Ao Eterno, seu D’us, tema’. Como se faz para amá

-Lo e temê-Lo? Quando o indivíduo reflete sobre Seus atos e Suas

criaturas maravilhosas e observa, por intermédio delas, Sua infinita

Sabedoria, imediatamente ama, louva, enaltece e anseia muito por

conhecer Seu Grande Nome, conforme disse David: ‘Sedenta está mi-

nha alma pelo Criador, o D’us vivo...’”

Assim, é necessário refletir sobre a Criação e a maravilhosa Sa-

bedoria que nela está implícita. Com isso, cresce o amor pelo Criador,

que tudo fez com Sua grande bondade.

A Bondade Divina

No livro Chayê Olam consta que antes de se ler o Shemá, no

qual está escrito “ame ao Eterno, seu D’us”, recita-se a bênção Ahavat

Olam, da qual faz parte a frase “uma misericórdia grande e acima da

medida (Tu) tivestes para conosco”. A lembrança disto auxilia a criar

no coração o amor necessário.

No Sefat Emet (sobre Parashat Vaetchanan) está escrito que em

cada yehudi, seja qual for seu estado, encontra-se uma semente de

amor a D’us. Há aqueles nos quais esta é bem perceptível, enquanto

há outros nos quais ela se encontra oculta em seu coração. Embora

nada possa ser visto de fora, a alma de todo judeu está firmemente

ligada a sua Fonte superior e ao Eterno.

Cada yehudi deve esforçar-se, todos os dias de sua vida, para au-

mentar o amor que há em seu coração e se aproximar do Criador,

cumprindo integralmente o preceito de “ame ao Eterno, seu D’us,

com todo o seu coração, com toda a sua alma e com todas as suas

posses”.