A Festa de Purim é celebrada todo ano em 14 de Adar. Comemora a salvação do povo judeu na antiga Pérsia da trama de Haman “para destruir, matar e aniquilar todos os judeus, jovens e velhos, crianças e mulheres, num único dia.”
A história resumida:
O império persa do 4º século AEC abrangia mais de 127 países, e todos os judeus eram seus súditos. Quando o Rei Achashverosh mandou executar sua esposa, a Rainha Vashti, por recusar-se a cumprir suas ordens, ele organizou um desfile de beleza para encontrar uma nova rainha. Uma moça judia, Esther, foi a escolhida e tornou-se a nova rainha – embora ela se recusasse a divulgar qual era sua nacionalidade.
Nesse interim, o antissemita Haman foi nomeado primeiro ministro do império. Mordechai, o líder dos judeus (e primo de Esther), desafiou as ordens do rei e se recusou a inclinar-se perante Haman. Haman ficou ofendido e convenceu o rei a emitir um decreto ordenando o extermínio de todos os judeus em 13 de Adar – data escolhida por um sorteio feito por Haman.
Mordechai reuniu todos os judeus, convencendo-os a se arrepender, jejuar e rezar a D'us. Enquanto isso, Esther pediu ao rei e a Haman que fossem com ela a um banquete. Esther revelou ao rei sua identidade judaica. Haman foi enforcado, Mordechai foi nomeado primeiro ministro no lugar dele, e foi emitido um novo decreto – concedendo aos judeus o direito de se defenderem contra seus inimigos.
Em 13 de Adar os judeus se mobilizaram e mataram muitos dos seus inimigos. Em 14 de Adar eles descansaram e celebraram
Os mandamentos da Festa de Purim
Purim, celebrada no 14o dia do mês de Adar, é A DATA mais alegre do ano judaico. Comemora a milagrosa salvação do Povo Judeu na antiga Pérsia da trama de Haman para “destruir, matar e aniquilar todos os judeus, jovens e idosos, crianças e mulheres, em um único dia”.
São quatro as mitzvot (mandamentos Divinos) básicas associadas com a festa de Purim. Apesar de não ser um Yom Tov, um dia sagrado – já que não há restrições como no Shabat ou nas festas bíblicas (Rosh Hashaná, Yom Kipur, Sucot, Pessach e Shavuot) –, deve-se, se possível, tirar o dia de folga do trabalho para celebrar essa festividade alegre e, assim, poder cumprir seus mandamentos de forma adequada.
É importante lembrar que no calendário judaico, o novo dia começa ao pôr-do-sol. Purim, portanto, que é uma festa de um só dia, se inicia ao anoitecer e termina no dia seguinte, com o cair da noite. Excetuando-se o mandamento de ouvir a leitura da Meguilá, que deve ser lida à noite e novamente no dia de Purim, os outros três mandamentos da festa são realizados durante o dia.
1º mandamento: Ouvir a leitura da Meguilá
A Meguilat Esther, um dos livros do Tanach (Torá, Profetas e Escritos Sagrados) conta-nos a história de Purim. Como mencionamos acima, há o mandamento de ouvir a leitura da Meguilá duas vezes durante a festa: na noite e, novamente, no dia de Purim.
O mandamento de ouvir a leitura da Meguilá se aplica a homens e mulheres. É preferível que seja feita na presença de um minyan. Como uma das razões para a leitura é divulgar os milagres celebrados nesse dia, o fato de ser feita na sinagoga permite que o mandamento seja cumprido da melhor forma.
Ouvir essa leitura é tão importante que tem precedência sobre o cumprimento de todos os demais mandamentos positivos da Torá. Isso significa que mesmo quem estuda a Torá durante o dia todo, deve interromper seus estudos para ouvir a Meguilá. A única mitzvá que não é suspensa para a leitura da Meguilá é o enterro de uma pessoa que foi encontrada morta e não tem quem a enterre.
A leitura é feita a partir de um rolo de pergaminho escrito à mão. Para cumprir o mandamento, é necessário ouvir cada uma das palavras. O ideal é que todos os que estão na sinagoga tenham uma Meguilá manuscrita sobre pergaminho diante de si para poder acompanhar a leitura. Desta forma, tem-se a certeza de que mesmo quem não conseguiu ouvir uma ou outra palavra, poderá ler sozinho e, assim, cumprir o mandamento. Quem não tiver uma Meguilá manuscrita, deverá ler de uma impressa.
2º mandamento: Dar presentes aos carentes (Matanot LaEvyonim)
Um dos temas primordiais de Purim é a união do Povo Judeu. O notório antissemita Haman, primeiro-ministro do rei persa Achashverosh, tentou matar todos os judeus, sem exceção – homens, mulheres e crianças. Não fazia distinção entre os judeus; para ele, todos eram iguais – e cada um deles tinha que ser exterminado. Pouco lhe importava se eram religiosos, eruditos, bem-sucedidos – ou não. Como todos eles viviam sob o domínio do Rei Achashverosh, a “Solução Final para a Questão Judaica” de Haman se aplicava a cada um deles. E juntos, eles enfrentaram essa ameaça à sua existência. Oraram e jejuaram juntos. E juntos prevaleceram contra seus inimigos. Assim, em Purim, todos os judeus celebram juntos. Se Haman, o Hitler da Antiguidade, nos ensinou algo, esse algo foi que, apesar de nossas diferenças e discórdias – nosso grau de observância religiosa, nossas tendências políticas, se somos sefaraditas ou asquenazitas, se vivemos em Israel ou na Diáspora –, nós, judeus, somos um povo indivisível. Nossos inimigos – antigos e atuais – não fazem distinção entre nós. Às vezes, como nesse caso, até a maldade personificada tem algo a nos ensinar – ou seja, que não há distinção real entre os judeus, pois todos os Filhos de Israel constituem um só organismo.
Outro tema importante em Purim é a sobrevivência física do Povo Judeu. Se Chanucá celebra o triunfo do Judaísmo, Purim comemora eventos bem mais dramáticos e extremos. Haman não estava interessado em converter ou assimilar nosso povo, como os sírio-gregos. Ele queria realizar o que seu “filho espiritual” quase conseguiu, dois milênios mais tarde: extirpar todos os judeus da face da Terra. Assim sendo, enquanto Chanucá celebra uma vitória militar em guerra travada por razões espirituais, Purim comemora a existência física do Povo Judeu.
Como Purim comemora a sobrevivência física do Povo Judeu, celebramos essa festa contribuindo para o bem-estar físico dos demais judeus, em especial, dos mais necessitados. O mandamento da Tzedacá, a mitzvá mais importante da Torá, se aplica a todos os dias do ano nos quais a Torá nos permite usar dinheiro. O judaísmo nos ordena ser generosos e empenhar-nos em ajudar os demais ao nosso máximo – a judeus e não judeus. Mas em Purim, o mandamento da Tzedacá é especialmente enfatizado; temos que ser generosos com todos os que buscam ajuda.
Um dos quatro mandamentos dessa festa é dar Matanot LaEvyonim, literalmente, “presentes aos carentes”. Devemos dar Tzedacá a duas pessoas necessitadas, no mínimo. Isso pode ser cumprido por meio de qualquer tipo de presente: dinheiro, alimento, bebida ou roupa. O ideal é que seja um presente substancial. Os Matanot LaEvyonim devem ser dados durante o dia de Purim e, de preferência, na parte da manhã, para que quem os recebe possa usufruí-los durante a festa. A quantia dada deve ser suficiente para que comprem alimento e bebida, dessa forma possibilitando que tenham uma refeição festiva nesse dia. Contudo, quem recebe o presente não é obrigado a gastar o dinheiro em Purim: pode usá-lo em outra data e da forma que quiser.
Os Matanot LaEvyonim não devem ser dados antes de Purim, para que quem os recebe não os utilizem antes da festa – pois nesse caso, o doador não teria cumprido o mandamento.
Quem não deparar com pessoas carentes em Purim, deve doar o dinheiro a uma sinagoga que esteja arrecadando fundos com esse propósito. É necessário que o dinheiro dado em Purim seja destinado aos necessitados: não pode ser usado para nenhum outro propósito, por mais nobre ou sagrada que seja a finalidade.
Em Purim, doamos dinheiro a quem o pede: não fazemos perguntas nem procuramos saber se quem pede a Tzedacá realmente a necessita ou não.
O mandamento de Matanot LaEvyonim é dever de todos os judeus – homens, mulheres e até crianças.
3º mandamento: Enviar presentes de alimentos para amigos (Mishloach Manot)
Como explicamos acima, Purim celebra a unidade judaica e a sobrevivência física do Povo Judeu. Por isso, os mandamentos relativos à festa enfatizam e buscam promover a amizade e o senso de comunidade. Uma das formas de o fazer é cumprir o mandamento de Mishloach Manot: o envio de presentes de alimentos a amigos e conhecidos.
Essa mitzvá é cumprida mediante o envio de um presente contendo, no mínimo, dois tipos diferentes de alimentos prontos ou bebidas a, pelo menos, um amigo ou conhecido. Para cumprir essa obrigação, os alimentos devem ser prontos para o consumo, como biscoitos, frutas, doces, vinho ou outras bebidas. É importante observar que esse mandamento não pode ser cumprido com dinheiro ou outro tipo de presentes. É louvável enviar os Mishloach Manot ao máximo de amigos possível. E mais, é adequado que sejam substanciais ao ponto de denotar respeito. Portanto, devemos atentar para não enviar um presente de alimentos qualquer para que não seja insulto a quem o recebe.
É importante ressaltar que ao cumprirmos os mandamentos de Purim, devemos ser mais generosos nos presentes para os carentes do que nos presentes de alimentos para os amigos. Devemos priorizar os Matanot LaEvyonim ao alocar a verbaque iremos gastar no cumprimento dessas mitzvot. É muito mais importante ser generoso com os necessitados do que enviar Mishloach Manot elegantes e caros aos amigos.
O mandamento de Mishloach Manot deve ser cumprido durante o dia de Purim, não na noite da festa. Os homens enviam Mishloach Manot a homens; as mulheres, a mulheres. É preferível que os presentes de alimentos sejam entregues por um terceiro – e não diretamente. Apesar de haver uma regra geral na Torá de que é preferível cumprir a mitzvá em pessoa a delegá-la a um terceiro, esse mandamento é diferente, pois a expressão Mishloach Manot usada na Meguilat Esther implica que essa mitzvá em particular é mais adequadamente cumprida se realizada por meio de um intermediário. (Mishloach significa envio). No entanto, se a pessoa entregar seus presentes de alimentos pessoalmente, terá cumprido plenamente o mandamento.
4º mandamento: Refeição festiva no dia de Purim (Seudat Purim)
Um dos mandamentos da festa é fazer uma refeição festiva – uma Seudat Purim. Isso celebra o fato de que na história de Purim, a queda de Haman ocorreu durante um banquete organizado pela Rainha Esther. Essa refeição deve ocorrer durante o dia; aquele que realiza uma Seudat Purim durante a noite da festa não cumpriu o mandamento. No entanto, após ouvir a leitura noturna da Meguilá, deve-se também festejar e fazer uma refeição mais elaborada que de costume.
É importante observar que como Purim não é um Yom Tov, não se recita o Kidush nessa festividade. Contudo, antes de iniciar a Seudat Purim, deve-se lavar as mãos com a bênção de Netilat Yadayim e comer pão. Após a refeição, recita-se o Birkat Hamazon (Oração após as Refeições), incluindo-se a passagem de Ve’Al Hanissim – que menciona o milagre de Purim.
A Seudat Purim deve começar antes do pôr-do-sol. Merece louvores quem convida amigos para seu banquete. Se Purim cai numa 6a feira, a refeição festiva é realizada mais cedo e tem que estar concluída bem antes do Shabat para que se possa desfrutar da refeição do dia sagrado com prazer; contudo, há quem tenha o costume de fazer a refeição de Purim bem mais tarde na 6a feira, estendendo-a até a chegada do Shabat: coloca-se, então, a toalha própria na mesa, recita-se o Kidush de Shabat e segue-se com a refeição – que passa, então, a ser duplamente festiva, tanto em honra de Shabat quanto de Purim.
Deve-se comer carne e tomar vinho na Seudat Purim. Também é costume comer legumes, comemorando o fato de que a Rainha Esther comia legumes e verduras enquanto vivia no palácio real, pois se recusava a comer a comida não casher servida no palácio.
Deve-se notar que a refeição festiva de Purim é outro mandamento que enfatiza o plano físico: essa mitzváé cumpridacom alimento e bebida. O mandamento de Seudat Purim enfatiza, novamente, o tema geral da festa – a sobrevivência física e o bem-estar material do Povo Judeu.
É importante enfatizar, contudo, que apesar de que a refeição de Purim deve ser alegre, o mandamento não deve ser cumprido frivolamente. Não se trata de uma refeição desregrada e, muito menos, uma bacanal romana. Ainda que seja um mandamento cumprido por meio de comida e bebida, essa refeição festiva tem um enorme significado espiritual, pois eleva a alma enquanto satisfaz o corpo. Na verdade, é recomendado que se realize algum estudo de Torá antes de se iniciar a Seudat Purim. O Zohar, obra fundamental da Cabalá, revela que ao se realizar um banquete em Purim, pode-se conseguir a mesma elevação espiritual que se consegue ao jejuar em Yom Kipur.
Nossos Sábios ordenaram-nos servir vinho nesse banquete pelo fato de o milagre de Purim ser intimamente ligado ao vinho. A queda da Rainha Vashti, mulher de Achashverosh, ocorreu em um banquete de vinhos – e foi a oportunidade para que Esther tomasse seu lugar ao lado do Rei e salvasse nosso povo do genocídio. Além disso, também a derrota de Haman se deu em meio a uma festa de vinho organizada pela Rainha Esther.
Nossos Sábios também ordenaram que, em Purim, devemos beber vinho até nos embriagarmos. Ensinaram que é louvável beber até não se poder diferenciar entre “que Haman seja amaldiçoado” e “que Mordechai seja abençoado”. No entanto, se a saúde da pessoa for prejudicada com esse excesso, ou se ela temer que bebendo demais seja levada a agir de forma irresponsável ou desagradável, ou a negligenciar as bênçãos e orações, ela não deve beber demais. Há quem não deva beber de forma alguma. Estes devem tirar um cochilo durante o dia, pois aquele que está adormecido não sabe diferenciar entre “que Haman seja amaldiçoado” e “que Mordechai seja abençoado”.
Ainda que seja louvável realizar uma Seudat Purim elaborada e farta, é preferível ser generoso com os necessitados do que gastar demais em um rico banquete de Purim. Como explicamos acima, o mandamento de Matanot LaEvyonim – presentes aos carentes – supera a mitzváde Mishloach Manot. Supera, também, o mandamento de Seudat Purim. Evidentemente, é necessário cumprir todos os quatro mandamentos de Purim. Contudo, a maioria dos gastos com a festa deve ser direcionada aos presentes para os necessitados, como vimos. A razão para isso é que, como dissemos acima, não há mandamento mais importante no Judaísmo do que a Tzedacá. E também, como ensinam nossos Sábios, não há alegria maior ou ato mais digno do que alegrar o coração do necessitado, do órfão e da viúva. Escreveu Maimônides, que quem alegra o coração deles pode ser comparado à Shechiná, a Presença Divina, como diz o versículo: “(D’us) reanima o espírito dos oprimidos e restaura o coração dos humilhados” (Rambam, Hilchot Meguilá 2).
Orações especiais para a festa de Purim
A passagem Ve’Al Hanissim é recitada nas orações da Amidá e no Birkat HaMazon (Oração após as Refeições). O trecho de Ve’Al Hanissim descreve a salvação ocorrida em Purim e agradece a D’us pelos “milagres de redenção, atos poderosos, de salvação e de milagres” que Ele realizou em prol de nossos antepassados, salvando-os do plano de Haman de exterminá-los.
Durante as orações matinais do dia de Purim, lê-se uma porção especial da Torá (Êxodo 17:8-16), que descreve a batalha de Yehoshua contra Amalek – o povo ancestral de Haman e inimigo mortal do Povo Judeu –, ocorrida quase mil anos antes dos eventos de Purim.
O uso de fantasias
Em Purim, é costume que as crianças – e até mesmo alguns adultos – usem fantasias. A tradição é alusiva aos milagres Divinos ocultos que salvaram nosso povo do nefasto objetivo de Haman. A Meguilat Esther é o único livro do Tanach que não faz menção a D’us – nem uma vez sequer. A razão para essa omissão é que na história de Purim, D’us “usou um disfarce”: Ele Se ocultou e agiu sigilosamente. Ao orquestrar uma série de eventos naturais – uma série incrível de coincidências –, Ele salvou o Povo Judeu.
Em Purim, muitas sinagogas organizam uma festa à fantasia, com prêmios para as crianças. Além de acrescentar alegria ao dia e despertar a curiosidade das crianças, o costume de se fantasiar reflete um dos principais temas de Purim: o fato de que D’us está sempre presente no mundo e em nossa vida pessoal, mas que Ele geralmente “Se disfarça”. Na maioria das vezes, D’us age em total segredo. Como ensina o Talmud – e como rezamos na oração da Amidá, três vezes ao dia –, D’us está sempre operando milagres – à noite, de manhã e à tarde. Se a maioria de nós não os percebe, é porque eles vêm disfarçados em “eventos naturais”.
Costumes antes e depois de Purim:
Leitura de Zachor, na Torá
Na manhã do Shabat que antecede Purim, após a leitura da porção da Torá da semana, lê-se uma passagem especial chamada Zachor (“Lembra-te”). Ouvir a leitura dessa passagem é um mandamento bíblico. Nela, D’us ordena a todo o Povo Judeu se lembrar dos feitos da nação de Amalek – os ancestrais de Haman, cujo objetivo é aniquilar os Filhos de Israel.
A porção de Zachor nos recorda que Amalek e seus descendentes – Haman e Hitler, entre muitos outros vilões – são os inimigos jurados do Povo Judeu, da Humanidade e até de D’us. Amalek personifica todas as formas de escuridão e mal que há no mundo. Esse povo assume diversas formas – físicas e espirituais – e há um mandamento na Torá para erradicá-lo da face da Terra. Todos os anos, no Shabat que precede a festa de Purim, ouvimos a porção de Zachor porque nosso povo precisa lembrar que homens como Haman e Hitler jamais poderão ser desculpados como lunáticos que guardavam no coração um ódio irracional contra os Filhos de Israel. Esses filhos de Amalek sabiam exatamente o que faziam quando tentaram exterminar o Povo Judeu. Seu propósito era extirpar o Povo Eleito por D’us para poderem estabelecer o reino da escuridão no mundo. O maior inimigo de Amalek é o Povo de Israel – o Povo da Luz (Isaías 60:3). A porção de Zachor recorda a nosso povo que uma de nossas missões é combater e vencer Amalek – total e definitivamente. Somente quando isso acontecer, a paz reinará no mundo.
Jejum de Esther
Quando a heroína da festa, a Rainha Esther, foi informada sobre o decreto genocida de Haman, ela pediu ao seu tio Mordechai, líder do Povo Judeu, que ordenasse aos judeus jejuarem por três dias. Ela própria jejuaria, bem como Mordechai. O propósito do jejum era ganhar o favor do Todo Poderoso, Rei dos Reis, para que ela, Esther, conseguisse influenciar seu esposo, rei terreno poderoso, para frustrar os planos de Haman.
Para celebrar esse jejum de três dias, que foi instrumental para a salvação de nosso povo, jejuamos no dia que antecede Purim. Taanit Esther (o Jejum de Esther) se inicia cerca de uma hora antes do nascer do sol e dura até a noite. É costume quebrar o jejum após ouvir a leitura noturna da Meguilá.
As “meias moedas” (Machatzit HaShekel)
Na tarde do Jejum de Esther, ou antes da leitura da Meguilá na noite de Purim, há uma tradição de doar certa quantia à sinagoga para celebrar o meio-shekel que todos os judeus contribuíam como sua parte nas oferendas comunitárias na época do Templo Sagrado de Jerusalém. Qual a conexão entre o donativo de meio-shekel ao Templo Sagrado e Purim?
Ensina o Talmud que “D’us manda a cura antes da enfermidade”. O meio-shekel que cada judeu contribuía como seu quinhão para as oferendas comunitárias serviu como antídoto às moedas de prata que Haman deu ao Rei Achashverosh em troca da permissão de aniquilar todos os judeus. Além disso, o Talmud ensina que a Tzedacá nos salva de todo o mal, mesmo da morte. Assim como os meio-shekels pouparam os judeus da destruição na história de Purim, nós também fazemos Tzedacá na tarde do Jejum de Esther como fonte de proteção e bênção.
Shushan Purim
Em Jerusalém, Purim é celebrado no dia 15 de Adar – e não 14 de Adar. O dia 15 é chamado de Shushan Purim. Fora de Jerusalém, inclusive na Diáspora, a data de 15 de Adar não é Purim – não se podendo cumprir as mitzvot da festa nesse dia. Contudo, Shushan Purim é um dia de alegria e celebração para todos os judeus, tanto em Israel como na Diáspora.
3. Mitzvot
As Mitzvot são mandamentos Divinos que devemos seguir
durante o chag.
1. Ouvir a leitura da Meguilat Esther
A Meguilat Esther, um dos livros do Tanach (Torá, Profetas
e Escritos Sagrados) conta-nos a história de Purim. Como
mencionamos acima, há o mandamento de ouvir a leitura da
Meguilá duas vezes durante a festa: na noite e, novamente, no
dia de Purim.
A leitura é feita a partir de um rolo de
pergaminho escrito à mão. Para cumprir o
mandamento, é necessário ouvir cada uma
das palavras.
2. Matanot Laevionim - dar presentes aos carentes
"Presentes aos necessitados". Uma vez que todos,
ricos e pobres igualmente, foram salvos do perigo
mortal, Mordechai desejava assegurar que todos
tivessem os meios para fazer uma comemoração.
Portanto, ele ordenou que fosse feita a caridade, de
modo que todos os judeus, independente de sua
posição financeira, pudessem celebrar Purim com
alegria.
3. Mishloach Manot - enviar alimentos a amigos
Purim é uma festa de união do povo judeu. Haman não
distinguia quem era mais ou menos religioso, ou onde
frequentava. Por isso, devemos nos unir em comunidade. Uma
das formas de o fazer é cumprir o mandamento de Mishloach
Manot: o envio de presentes de alimentos a amigos e
conhecidos.
Essa mitzvá é cumprida mediante o envio de um presente
contendo, no mínimo, dois tipos diferentes de alimentos
prontos ou bebidas a, pelo menos, um amigo ou
conhecido. Para cumprir essa obrigação, os
alimentos devem ser prontos para o consumo.
É importante ressaltar que ao cumprirmos
os mandamentos de Purim, devemos ser mais
generosos nos presentes para os carentes do
que nos presentes de alimentos para os amigos.
4. Seudat Purim - refeição festiva no dia de Purim
Um dos mandamentos da festa é fazer uma
refeição festiva – uma Seudat Purim. Isso celebra o fato
de que na história de Purim, a queda de Haman
ocorreu durante um banquete organizado pela Rainha
Esther.
COSTUMES:
● Jejum de Esther: Quando a Malká Esther foi informada
sobre o decreto de Haman, ela pediu ao seu tio Mordechai
que ordenasse aos judeus jejuarem por três dias. Ela
própria jejuaria, bem como Mordechai. O propósito do
jejum era ganhar o favor de D'us, para que ela, Esther,
conseguisse influenciar seu esposo, Melech Achashverosh,
para frustrar os planos de Haman.
● Ad lo iada: costume de beber vinho até não se lembrar de
mais nada - ou até confundir Haman com Mordechai.
Hoje, é o nome do típico desfile de fantasias.
Fonte: Morashá e Chaguim Laktanim
4. Músicas
Português Transliteração עברית
Festa de Purim, festa de
Purim
Grande festa aos judeus [às
crianças]
Máscaras, reco-reco
Canções e danças
Vamos fazer barulho:
Rash rash rash
Com as matracas
Festa de Purim, festa de
Purim
Um manda ao outro comida
Coisas preciosas, doces
Delícias doces
Vamos fazer barulho...
Chag Purim, chag
Purim
Chag gadol
layehudim [layeladim]
Masechot, raashanim
Shirim verikudim
Hava narisha:
Rash rash rash!
Baraashanim
Chag Purim, chag
Purim
Ze el ze sholchim
manot
Machmadim,
mamtakim
Meged migdanot
Hava narisha...
Eu sou Purim, eu sou Purim
Feliz e divertido
Não é que só uma vez por
ano
Virei me hospedar
La la la...
Viva Purim, viva Purim
Batam no tambor e nos
címbalos
Quem dera que Purim viesse
Por um ou dois meses
La la la...
Ani Purim, ani Purim
Sameach umvadeach
Halo rak paam
bashana
Avo lehit'areach
La la la...
Heidad Purim, heidad
Purim
Haku tof umtziltaim
Ho mi iten uva Purim
Lechodesh
lechodshaim
Palhaço pequeno e divertido
Dança com todos
Palhaço pequeno meu
Talvez você dance comigo?
Talvez, talvez, talvez você
dance comigo?
Talvez, talvez, talvez você
dance comigo?
Leitzan katan
nechmad
Roked im kol echad
Leitzan katan sheli
Ulai tirkod iti?
Ulai, ulai, ulai tirkod
iti?
Ulai, ulai, ulai tirkod
iti?
A barba me chega até os
joelhos
O bigode tem dois braços de
comprimento
Será que tem alegre e feliz
Uma máscara como eu
Será que tem alegre e feliz
Uma máscara como eu
Os meus chifres são os do
bode
Os meus dentes são os do
leão
Será que tem alegre e feliz...
À minha frente uma trança
com uma fita
Atrás de mim um rabo
magnífico
Será que tem alegre e feliz...
Zakan yored li ad
birkaim
Safam aroch li
amataim
Hayesh tzohelet
usmecha
Kamoni masecha cha
cha
Hayesh tzohelet
usmecha
Kamoni masecha
Karnaim li karnei
hataish
Sheinaim li shinei
halaish
Hayesh tzohelet
usmecha...
Milefanai tzama im
seret
Meachorai zanav
tif'eret
Hayesh tzohelet
usmecha...
Rosa de Yaakov
Ficou alegria e feliz
Em vê-los juntos
[Roupas] azuis de Mordechai
Sua salvação
Foi para sempre
E sua esperança
Em todas as gerações
Abençoado seja Mordechai
o judeu
Shoshanat Yaakov
Tzahala Vesamecha
Bir'otam yachad
Tchelet Mordechai
Tshuatam
Haita lanetzach
Vetikvatam
Bechol dor vador
Baruch Mordechai
hayehudi
E Mordechai saiu da
presença do rei
Com um vestimento real e
uma coroa de ouro
E Mordechai saiu da
presença do rei
E a cidade de Shushan ficou
alegre e feliz
E para os judeus houve luz e
alegria
Luz e alegria e felicidade e
glória
E para os judeus houve luz e
alegria
Luz e alegria e felicidade e
glória
Umordechai yatza
milifnei hamelech
Bilevush malchut
veateret zahav
Umordechai yatza
milifnei hamelech
Vehair Shushan
tzahala vesamecha
Layehudim haita ora
vesimcha
Ora vesimcha
vesason vikar
Layehudim haita ora
vesimcha
Ora vesimcha
vesason vikar
fonte: Shirim em Português
5. Receita de Oznei Haman
→ Ingredientes da massa:
- 4 ovos
- 1 xícara de açúcar
- ½ xícara de óleo
- Suco de 1 limão e raspas (opcional)
- 5 xícaras de farinha de trigo
- 2 colheres de chá de fermento em pó
- 1 colher de chá de baunilha
→ Ingredientes do recheio:
- 2 xícaras de geleia do sabor que quiser
- Ou 2 quadradinhos de chocolate
→ Modo de preparo:
Em uma tigela bata os ovos com açúcar; acrescente os
ingredientes restantes e amasse até obter uma massa macia.
Para fazer o recheio, misture todos os ingredientes. Abra em
superfície enfarinhada, corte círculos com a ajuda de um copo;
coloque o recheio e feche três arcos formando um triângulo.
Coloque em assadeira untada. Pincele com gema batida e asse
em temperatura moderada até dourar.
E TÁ PRONTINHO!
Fonte: Chabad
6. Curiosidades
Purim é mencionado na Bíblia?
O estabelecimento da festa de Purim é de certa forma
descrito na Bíblia, até porque a Meguilá Esther faz parte dos 24
livros da Bíblia. Mas ainda é considerada uma festa "rabínica",
porque foi instituída por profetas, diferente de Pessach e Sucot,
que aparecem nos Cinco Livros de Moisés.
Como Esther manteve o Shabat sem levantar suspeita?
Esther tinha sete empregadas (Esther 2:9). Ela fazia um
rodízio entre elas, para que cada uma servisse num dia da
semana. Dessa forma, a empregada que servia ela no Shabat
só a via naquele dia e achava que Esther nunca trabalhava.
Nos outros dias ela trabalhava porque sabia que ficar sentada
sem fazer nada não seria saudável para sua saúde mental.
Como Mordechai ouviu o plano de matar o rei?
Alguns dizem que ele soube do plano através de uma
visão profética (Targum Sheini).
O Talmud diz que os dois conspiradores, Bigsan e Seresh,
estavam conversando na sua língua nativa, o Tursi. Mordechai
era membro do Sanhedrin (assembléia judaica onde ocorriam
os julgamentos), e sendo assim era fluente em 70 idiomas. (Pelo
menos, alguns membros do Sanedrín deveriam ser fluentes em
todos os idiomas. Isso porque eles precisariam interrogar as
testemunhas na sua língua mãe e não era permitido o uso de
intérpretes.
Por que o nome de D'us não é mencionado uma única vez na
Meguilá?
Num nível mais elevado, a idéia é de que no milagre de
Purim D'us não foi revelado. Diferente do milagre de Chanucá,
por exemplo, quando algo sobrenatural ocorreu: um pote
pequeno de óleo durou por oito dias. Ninguém confundiria
aquilo como um fato natural. Mas em Purim, os fatos
aconteceram sucessivamente: Esther tornou-se rainha, ela teve
acesso ao rei, Mordechai acabou sem querer ouvindo o plano
dos dois rapazes que queriam matar o rei etc. etc. Então todos
esses eventos poderiam ser mal interpretados como eventos
naturais, ou simples "coincidências" se você preferir.
Esther queria ganhar o concurso do Rei?
Essa é uma impressão que muitos têm dos tempos de
escola... Absolutamente não. A Meguilá nos conta que
enquanto as mulheres gastaram 12 meses se embelezando com
produtos cosméticos, se preparando para o grande evento
real, Esther exigiu que nenhum ajudante de beleza fizesse nada
nela.
Quando e onde se passou Purim?
Purim aconteceu há aproximadamente 2.368 anos atrás
em um lugar chamado Shushan (Susa), o Irã dos dias de hoje.
Como se comemora Purim em Israel?
Purim é comemorada com extrema alegria em Eretz Israel.
Todos se fantasiam, dos 8 aos 80. Nas escolas, os dias são de
festa total. Nas ruas, há uma mistura de Halloween e Carnaval.
Fantasias elaboradas e gente feliz pra ir em baladas e festas
na rua. A leitura da Meguilá ocorre em toda esquina!
fonte: Choveret antiga de Purim do Hebraikeinu