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Tefilot
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A Importância da Tefilá

No final de Parashat Vayerá a Torá nos conta sobre Akedat Yitschac – o sacrifício que D’us pediu que Avraham fizesse com seu filho Yitschac. Este foi o décimo teste que o Todo-Poderoso fez com Avraham. Depois de tanto rezar para que o Criador lhe desse um filho, aos cem anos de idade foi atendido. Agora, com 137 anos, teria de sacrificá-lo. É evidente que esta não era a intenção do Todo Poderoso;definitivamente, esta não é a linha da Torá. Este pedido tinha comoobjetivo observar até onde ia a boa vontade de Avraham e a sua fé no Criador.

Todos os testes que o Todo-Poderoso faz com as pessoas é com o intuito de poder recompensá-las quando se saírem bem nestas situações. Vemos com isso que a prática das mitsvot é algo importantíssimo nos conceitos judaicos. Somente com boas intenções, e sendo um “tsadic na teoria”, um bom “judeu de coração”, não conseguimos alcançar os altos níveis espirituais alcançados com as atitudes na prática.

Na época em que Hashem fez este teste com Avraham, Yitschac tinha 37 anos. Sabia perfeitamente o que estava acontecendo e mesmo assim foi cumprir a ordem de D’us com os mesmos propósitos do

pai, conforme consta (Bereshit 22:8): “Vayelechu shenehem yachdav” e foram os dois juntos, com o mesmo propósito.

O sacrifício de Yitschac aconteceu no Monte Moriyá, hoje atrás do Côtel Hamaaravi (o Muro das Lamentações), em Yerushaláyim.

Este lugar é chamado de Har Habáyit e é sagrado, pois ali estava construído o grande Templo. Hoje em dia, é-nos proibido entrar lá, pois não sabemos ao certo onde se localiza o Côdesh Hacodashim.

 

UTSHUVÁ UTFILÁ UTSDACÁ

Depois da Akedá – que não foi realizada, pois D’us explicou a Avraham suas verdadeiras intenções – consta que Avraham voltou (Bereshit 22:19): “Vayáshov Avraham el nearav”, mas não está registrado que Yitschac voltou junto. Para onde foi ele então?

Uma primeira interpretação nos diz que na ocasião do sacrifício, Yitschac Avínu foi ferido levemente em seus lábios e, portanto, foi recuperar-se.

Outra interpretação diz que quando Avraham viu que seu filho saiu ileso, decidiu enviá-lo para estudar Torá na yeshivá (academia de Torá) de Shem (o filho mais novo de Noach) e Êver (bisneto de Shem).

Uma terceira interpretação diz que Avraham escondeu Yitschac por recear sobre o áyin hará (o mau olhado), uma vez que era esperado que Yitschac não voltasse.

Terminada a Akedá, nasceu Rivcá, que seria futuramente a esposa de Yitschac.

Após o casamento de Yitschac, a Torá nos conta que Rivcá era estéril, não podia ter filhos e que Yitschac rezou para D’us (Bereshit 25:21): “Vaye’tar Yitschac Lashem lenôchach ishtô ki acará hi” – E suplicou Yitschac ao Eterno em frente à sua mulher porque era estéril. Sabendo que sua mulher era estéril, Yitschac rezou para que o Todo-Poderoso lhe desse um filho.

Sobre a palavra “vaye’tar”, Rashi comenta que Yitschac “insistiu” em suas orações. Não está escrito que simplesmente ele rezou, mas sim que suplicou, rogou. Analisemos este fato: o Todo-Poderoso havia prometido a Avraham Avínu que Yitschac constituiria sua descendência. Se Yitschac não tivesse filhos, esta promessa seria em vão.

Todos os comentaristas que se aprofundam neste assunto dizem que Rivcá ficou estéril para que Yitschac orasse.

Dizem nossos sábios (Yevamot 64a) que: “Hacadosh Baruch Humit’avê litfilatam shel tsadikim” – O Todo-Poderoso gosta de ouvir as orações das pessoas justas. Quando rezamos, isto causa um bem para nós e não para D’us. O sentido da oração é que a pessoa sinta que depende de alguém. Não se pode dizer a um filho que não sinta dependência de seus pais. Caso quiséssemos educar nossos filhos segundo uma moderna concepção de educação, na qual os filhos seriam criados de maneira que não se sentissem dependentes dos pais, não conseguiríamos nada, pois D’us criou a pessoa naturalmente dependente de seus pais.

Seria o mesmo que inverter os papéis dos homens e das mulheres. Isto seria contra a sua natureza. A primeira parashá da Torá relatasobre a criação de Adam e Chavá. Lá consta com que temperamentos e natureza foram criados. É evidente que estes parâmetros de Adam eram um modelo para todos os homens que viriam ao mundo futuramente e o mesmo em relação a Chavá. Se fôssemos mudar esta natureza, estaríamos simplesmente pedindo ao homem que deixe de ser homem e à mulher que deixe de ser mulher. Nossos sábios definem a mulher como “Olam Harêguesh” – o mundo dos sentimentos. É muito mais fácil uma mulher chorar do que um homem, pois isso faz parte da natureza da mulher. Não podemos ir contra a natureza instituída pelo Criador e portanto não podemos querer que uma criança não se sinta dependente dos pais. Sem dúvida somos dependentes de D’us, e a reza faz com quefiquemos convencidos de que dependemos de alguém. Existemcoisas que não conseguimos sem que D’us nos outorgue. A oração vem nos educar que não conseguimos as coisas sem que o Todo Poderoso nos dê, da mesma forma que existem coisas que o filho não consegue sem que o pai as dê. A criança sabe que depende do pai e a ele pede as coisas. O pai não ganha nada pelo fato de o filho depender dele. O benefício é inteiramente do filho, que sente-se seguro e amparado. A prece é uma autoeducação para sentirmos que temos uma total dependência de D’us e o benefício é inteiramente de quem reza.

Rabênu Bachyê zt”l nos diz (em Parashat Toledot) que o poder da oração é tal a ponto de conseguir mudar a natureza. D’us criou o mundo e instituiu certas normas a respeito de seu funcionamento, como o nascer do Sol por exemplo, a natureza e a comanda é Ele. A natureza funciona por ordem Divina.

A oração tem uma força gigantesca; pois apesar de ter sido instituído que o mundo funcionaria segundo leis naturais, a prece consegue alterá-las.

A natureza de Rivcá era ser estéril, mas ela foi modificada pela oração.

Muitas de nossas atitudes são espontâneas. Muitas pessoas sabem rezar e conhecem a importância da tefilá. Apesar disso, nuncarezam. Quando vêem-se em uma situação difícil, depois de esgotados todos os recursos, acabam em uma sinagoga rezando, para que o Criador as ajude. Nesta situação, o íntimo da pessoa acaba revelando sua verdadeira essência. Até agora não rezava por uma série de empecilhos, entretanto, agora demonstra o que possui de mais profundo e faz bom uso de seu livre arbítrio, reconhecendo a dependência existente entre o homem e seu Criador.

Consta na Torá que os dois (Yitschac e Rivcá) rezaram, e que “ele” foi atendido (“vayeáter lô” – e atendeu a ele ). Rashi diz que ele foi atendido (e não ela) porque não é igual a oração de um justo, filho de um justo (Yitschac, filho de Avraham) e a oração de um justo cujo pai não era tsadic (Rivcá era filha do perverso Betuel). As orações também têm diferentes níveis.

Tanto Rivcá quanto Sará (esposa de Avraham) e Rachel (esposa de Yaacov) eram estéreis. Todas elas deram origem ao Povo de Israel. Deram início a um trabalho de formação do Povo, porém eram descendentes de politeístas e perversos. O pai de Avraham era idólatra, o pai de Rivcá era malévolo. Se não fossem estéreis, os filhos teriam uma ligação com a herança natural proveniente dos pais. A partir do momento em que a possibilidade de se reproduzir não foi herdada dos pais (elas eram estéreis) e a partir do momento em que passaram a ser esposas de nossos patriarcas, sem trazer naturalmente esta herança, algo de novo começou. Portanto, a ascendência é algo muito importante nos conceitos judaicos e exerce grande influência nas pessoas. Entretando, sempre existe a possibilidade de mudanças por parte dos descendentes (por seu livre arbítrio).

O maior segredo da mudança de uma pessoa é procurar as boas virtudes e abandonar os vícios. Trabalhar seu interior em busca das qualidades que um ser humano deve possuir por meio do estudo da Torá. O estudo da Torá exerce influência decisiva sobre a pessoa, modificando seus pensamentos anteriores e ajustando seus pensamentos conforme o enfoque da Torá, o que eleva o ser humano a altos níveis espirituais.

Os dias do mês de Elul, Assêret Yemê Teshuvá, Sucot, Hoshaná Rabá e Shemini Atsêret são dias de intensa avodat Hashem (serviço ao Criador). Do início do mês de Elul até o Yom Kipur, avodat Hashem meir ́á (serviço por reverência e temor a Hashem) e de Sucot até Simchat Torá, avodat Hashem beahavá (serviço por amor a Hashem).

Nestes dias, todo Am Yisrael (Povo de Yisrael) se ocupa com as várias mitsvot que estes dias nos proporcionam. A primeira mitsvá é a teshuvá (retorno a Hashem), que é uma dádiva Divina criada antes mesmo do Universo (conforme nos traz a Guemará em Pessachim).

Em Rosh Hashaná temos a mitsvá de ouvir o shofar. O toque do shofar vem nos despertar do sono profundo que nos leva, durante os demais dias do ano, para uma vida de pouca qualidade
 espiritual e nos lembra qual é a obrigação do ser humano neste mundo.

Os dias que intermedeiam Rosh Hashaná e Yom Kipur – Assêret Yemê Teshuvá – são dias nos quais todos nós aperfeiçoamos nossas atitudes, eliminamos as más condutas e empenhamo-nos com muito afinco nas mitsvot ben adam lechaverô e ben adam Lamacom. Tudo isso para que no grande e imponente dia de Yom Kipur, por intermédio do jejum e das outras abstenções deste dia, ao chegarmos ao seu apogeu, quando fecharem-se os portões dos Céus na tefilá de Neilá, sejamos semelhantes aos mal’achim (anjos).

Após o Yom Kipur, imediatamente nos ocupamos com a mitsvot de construção da sucá e da aquisição dos arbaat haminim, desta forma não havendo nem tempo para cometer equívocos.

Como disseram nossos sábios, o primeiro dia de Sucot é o primeiro dia para computar pecados (rishon lecheshbon avonot).

Ao chegar Sucot, após passarmos o grandioso dia de Yom Kipur, somos capazes de compreender que nossa vida neste mundo é passageira. Sentamos na sucá para lembrar que Hashem, quando nos tirou do Egito, resguardou-nos e protegeu-nos de todos os perigos e agruras do deserto durante quarenta anos com os Ananê Hacavod (as nuvens da Glória).

Por isso, os Shiv ́á Roim (Ushpizin) vêm justo nesta oportunidade. Os Shiv ́á Roim são as almas dos Sete Grandes Pastores de nosso povo – Avraham, Yitschak, Yaacov, Moshê, Aharon, Yossef e David – que vêm participar da Luz Divina que paira neste mundo em Sucot. Estes convidados ilustres recebem o nome de “Ushpizin”, que significa “hóspedes” em aramaico. Os Ushpizin nos visitam na sucá, porque ao sairmos do aconchego de nossas casas e residirmos na sucá, demonstramos que alcançamos o sentido da vida, reafirmando nossa fé e confiança em Hashem.

E assim, em Sucot – logo na primeira noite – temos a mitsvá de comer pão na Sucá. Assim procedemos também nos outros dias, abandonando o conforto de nossas casas, saindo para a sucá, abrigando-nos em uma moradia provisória (dirat aray), que é chamada pelo Zôhar Hacadosh de “Tselá Demehemnutá” (tsel haemuná) – sombra da fé.

Na manhã seguinte, tomamos pela primeira vez os arbaat haminim, cumprindo esta mitsvá por todos os dias de Sucot com exceção de Shabat. Esta mitsvá simboliza a união de todo o nosso povo. Esta união é alcançada após uma longa trajetória de 40 dias de teshuvá.

O sétimo dia de Sucot, Hoshaná Rabá, é um dia especial, pois no meio da noite (chatsot), o julgamento é concluído e são selados os veredictos de Yom Kipur c Passamos esta noite acordados, estudando a Torá Hakedoshá (sagrada) por intermédio do Ticun Lel Hoshaná Rabá – instituído pelos nossos sábios – culminando de manhã com a mitsvá de chavitat haaravá, (golpeando o ramo de salgueiro) denominada de min’hag neviim (costume dos profetas).

A aravá é comparada aos lábios das pessoas. Por intermédio dos lábios é que as boas e as más palavras são emitidas. São usados cinco ramos de aravot (salgueiro) equivalentes aos cinco “motsaot hapê”, obstáculos responsáveis pelos sons emitidos na fala: lashon (língua), shináyim (dentes), sefatáyim (lábios), chech (palato) e garon (garganta). Golpeamos as aravot no chão indicando que a fala deve ser usada de forma construtiva, para o estudo da Torá, para a tefilá, para um relacionamento positivo e incentivo ao próximo, eliminando o lashon hará (maledicência), a agressão verbal, o ódio, a inveja e a competição.

Durante os sete dias de Sucot, o Povo de Yisrael sacrificava no Bêt Hamicdash setenta novilhos rogando pelo bem-estar das setenta nações do mundo, para que vivessem em harmonia, tivessem abundância de chuvas e que pudessem cumprir sua tarefa no mundo.

Ao chegar o dia de Shemini Atsêret, sobre o qual Hashem nos diz “ דחא םוי דוע ימע ובכע ,םכתדרפ ילע השק” – É-Me difícil a despedida de vocês; fiquem Comigo mais um dia – o sacrifício no Bêt Hamicdash era “par echad kenegued umá achat” – um só novilho correspondente a um só povo.

Estes dias culminam com Simchat Torá, a alegria com a Torá. Neste dia terminamos e recomeçamos a leitura que é feita durante o ano todo de todas as parashiyot da Torá. Neste momento sublime, o Povo de Yisrael dança com a Torá, que é o farol que ilumina o caminho de nossas vidas, orientando-nos sobre como e o que comer, como educar nossos filhos, a importância do Shabat e yamim tovim, como nos relacionar com nosso semelhante, com seus bens materiais e com tudo o que lhe pertence, etc. As mitsvot nos foram dadas para que pudéssemos aperfeiçoar e depurar nosso caráter – “לארשי תא םהב ףרצל אלא תוצמה תא ה”בקה ןתנ אל”.

Após este modesto descritivo, percebemos como estes dias estão repletos de atos espirituais e frutíferos. No entanto, para que estas mitsvot tenham um longo alcance no nosso mundo e nos mundos superiores – “olamênu veolamot haelyonim” – elas devem ser realizadas à risca de acordo com a halachá. Esta exatidão e rigor nos foram transmitidos por Hashem a Moshê Rabênu e assim por diante – ונא ונימי דע שיא יפמ שיא – e de acordo com o Shulchan Aruch e os acharonim, até os nossos dias ”םייח ונא םהיפמש” – que por suas declarações nós vivemos.