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Teshuvá
Teshuvá

LEIS ACERCA DO ARREPENDIMENTO
E
ABANDONO DO MAU CAMINHO

Há nelas um mandamento: que abandone o pecador seu mau caminho e volte-se a Deus, confessando sua má ação, estando o esclarecimento deste preceito e seus princípios nestes capítulos procedentes.

Capítulo 1


1 Todos os preceitos da Torá - sejam positivos ou negativos - caso haja transgredido o israelita um deles, intencionalmente ou não - ao arrepender-se e voltar-se [a Deus] de seu erro, é obrigado a confessar diante de Deus, Bendito é Ele, como está escrito: "...Um homem ou uma mulher que façam qualquer dos erros humanos... confessará sua transgressão que fizera..." - Nm 5:6,7 - refere-se [o escrito] à confissão por palavras, e esta confissão é preceito positivo.

 

2 Como [se] efetua a confissão? - dizendo: " - Rogo, Ado-nai! Errei, fui iníquo e culposo perante ti, e fiz isto e aquilo, e eis que me arrependi e me envergonho de meus atos, e jamais tornarei a fazê-lo!" - Esta é a essência da confissão, e todo o que confessa muitas vezes, e aumenta em suas palavras - é [mais] louvável.

 

3 Deste mesmo modo - todos os que têm sacrifícios sobre erros [inintencionais] ou sobre transgressões [intencionais] ( ĥatát e acham ) - ao trazerem seus sacrifícios por suas transgressões intencionais ou inintencionais - não têm expiação [simplesmente] através dos sacrifícios [trazidos] enquanto não se arrependerem [deixando o mau proceder e] confessando por palavras, como está escrito: "...E confessará seu erro sobre ela [sobre a transgressão cometida]." - Lv 5:5.

 

4 Similarmente - todos os condenados à morte ou a açoites pelo bet-din não dispõem de expiação por suas culpas em sua morte ou nos golpes [recebidos] enquanto não se arrependerem [deixando o mau caminho e voltando-se para Deus] e confessarem suas transgressões. Do mesmo modo, a pessoa que golpeou seu próximo, ou causou-lhe prejuízo pecuniário - mesmo havendo dado o estipêndio pelo prejuízo causado - não tem expiação enquanto não confessar e volte [para Deus] de sua transgressão, não voltando a tal coisa jamais, como está escrito: "...De toda transgressão humana..." - Nm 5:6.

 

5 O sa'ir ha-michtaléiaĥ - por ser expiação por todo o povo de Israel - o cohen-gadol faz a confissão sobre ele [por todo o povo], como está escrito: "...Confessará sobre ele todas as iniquidades dos filhos de Israel..." - Lv 16:21.

 

6 O "sa'ir ha-michtaléiaĥ" é expiação sobre todas as transgressões que se acham expressas na Torá, tanto as leves quanto as pesadas, seja por transgressão intencional, ou inintencional, esteja conscientizado o transgressor ou não de seu feitio, no caso que haja arrependido e deixado seu mau proceder. Mas, caso não haja arrependido e deixado seu mau proceder, o "sa'ir ha-michtaléiaĥ" somente expia as transgressões leves.

 

7 Quais sãos as transgressões leves, e quais as pesadas? - as pesadas são aquelas pelas quais se incorre em pena de morte pelo bet-din, ou por carêt , [e também] juramento vão ou falso: ainda que nelas não haja penalidade de morte pelo bet-din, fazem parte das pesadas. Todas as demais transgressões por mandamentos negativos ou positivos nas quais não haja penalidade de morte pelo bet-din ou carêt - são as leves.

 

8 Em época na qual não exista o Templo, na qual não tenhamos altar expiatório, não há [expiação] senão [através da] "techuvá" . A "techuvá" é expiação por todas as transgressões. Mesmo uma pessoa que haja sido iníqua todos os dias de sua vida - e em seu fim, arrependera-se e deixara seu mau proceder - não é lembrada sua iniquidade, como está escrito: "...A impiedade do iníquo - nela não tropeçará no dia em que torne de sua iniquidade..." - Ez 33:12. E, o próprio Iom Kipur é expiação para os arrependidos [que tornam] de suas transgressões, como está escrito: "...Pois neste dia, sereis expiados [por vossas transgressões]..." - Lv 16:30.

 

9 Ainda que a "techuvá" seja expiadora para tudo, e seja o próprio Iom Kipur expiatório - transgressões há que são perdoadas no mesmo momento no qual dela se arrepende [o transgressor], outras há que somente após algum tempo. Como assim? - [por exemplo:] uma pessoa que haja transgredido determinado preceito positivo sobre o qual não incorre-se em pena de "carêt", antes que se mova dali [de onde fez "techuvá" e confessou seu erro], já está perdoado de imediato. Sobre estes, está escrito: "Voltai, filhos pertinazes: curarei vossa pertinácea ..." - Jr 3:22.

 

10 Se transgredira um preceito negativo no qual não haja "carêt" nem pena capital pelo bet-din, e fez "techuvá" - a "techuvá" deixa o caso pendente, e o Iom Kipur expia, e sobre estes está escrito: "...Pois neste dia expiará sobre vós..." - Lv 16:30.

 

11 Sobre transgressões cuja pena é carêt, ou morte pelo bet-din - havendo feito "techuvá" - a "techuvá" e o Iom Kipur deixam o caso pendente, e sofrimentos sobrevêm sobre a pessoa, completando sua expiação. Jamais tem expiação completa sem que venham sobre ele sofrimentos, e sobre estes está escrito: "Buscarei com a vara suas culpas, e com nega'im suas iniquidades..." - Sl 89:33.

 

12 Em que caso? - em que não haja profanação do Nome de Deus na transgressão. Mas quanto ao que profana o Nome de Deus - mesmo após haver feito "techuvá" e chegado o dia de Kipur, estando este firme em sua "techuvá", e hajam vindo sobre ele sofrimentos, não tem expiação completa até morrer, senão "techuvá", Iom Kipur e sofrimentos deixam pendente [sua expiação], e sua morte expia [sua transgressão], conforme está escrito: "Foi revelado a meus ouvidos por Ado-nai Sebaôt: se for expiada esta iniquidade a vós até morrerdes..." Is 22:14.

 

Capítulo 2


1 Como é a "techuvá" perfeita? - alguém que havendo chegado a si [determinada situação na qual se depare com] algo no qual transgredira, e está em suas mãos o poder de fazê-lo, e afastou-se, deixando de fazer [o erro], [unicamente] por haver se arrependido e decidido [já] a abandonar o mau caminho, não por temor, ou por fraqueza. Como [por exemplo]? - alguém que haja mantido relações com uma mulher em transgressão, e após algum tempo veio a estar a sós com ela, estando ainda em seu amor por ela, e seu corpo potente, na mesma localidade onde efetuara tal transgressão, e afastara-se, sem transgredir [novamente], este é um "ba'al techuvá" perfeito. É o que disse Salomão: "Lembra-te de teu Criador nos dias de tua mocidade..." - Ec 12:1.

 

2 Se, porém, arrependera-se e deixara seu mau proceder somente nos dias de sua velhice, ou quando já não havia possibilidade que fizesse o que fazia antes, apesar de não ser a melhor forma de arrependimento e abandono do mau caminho, [ainda assim] serve-lhe tal, e é [assim mesmo] um "ba'al techuvá". Mesmo havendo transgredido [durante] todos seus dias, havendo arrependido de seus maus atos, deixando-os no dia de sua morte, morrendo em sua [nova] situação de "techuvá", todas suas transgressões são-lhe perdoadas, conforme está escrito: "Enquanto o sol não tornar-se em trevas..." - Ec 12:2.

 

3 Que é "techuvá"? - que abandone o malfeitor seu erro, ablando-o de sua mente e tomando a decisão em seu coração de jamais fazê-lo novamente, como está escrito: "Abandone o iníquo seu caminho, e o malfeitor seus [maus] pensamentos..." - Is 55:7. Assim também, que arrependa-se pelo passado, como está escrito: "Pois após tornar-me, me arrependi, e após dar-me a conhecer, golpeei a coxa..." - Jr 31:18. E testemunhará sobre este o Conhecedor do Oculto que não tornará a tal erro jamais, como está escrito: "...Não mais diremos: "Nosso deus" - às obras de nossas mãos - "que em ti encontrará consolo o órfão..." - Os 14:4. E é necessário confessar sua má ação por seus [próprios] lábios, e proferir estas cousas acerca das quais tomara resoluções em seu coração.

 

4 Todo o que confessa por palavras e não tem em seu coração a decisão de abandonar [seu mau proceder], é comparado a uma pessoa que imerge em águas de miqvá [no intuito de purificar-se] tendo em suas mãos um réptil [dos oito tipos transmissores de impureza], cuja imersão não lhe serve de nada enquanto não lançar de si o réptil. Assim está dito: "...o que confessa e abandona [seus maus atos] terá misericórdia." - Pv 28:13. É preciso confessar detalhadamente o erro [cometido], como está escrito: "Rogo! Este povo cometera um grande erro, fazendo para si deidade de ouro..." - Ex 32:31.

 

5 Das formas de agir concernente à "techuvá" é estar o arrependido sempre clamando perante Deus com choro e súplicas, dando esmola segundo sua capacidade, distanciando muitíssimo do erro no qual errara. Muda seu nome, como que dizendo: " - Sou outro, não mais aquele que fazia tais coisas!", e muda todos seus feitos para o bem, e para o caminho reto. Exila-se de seu lugar - pois o exílio traz expiação pela iniquidade, pois faz com que a pessoa se renda [perante Deus], levando-o a tornar-se humilde, e mais que humilde.

 

6 É louvável grandemente o que torna em "techuvá" e faz público suas culpas, revelando suas transgressões que haja cometido entre si, seu próximo e outras demais pessoas, dizendo: " - Realmente, fiz mal a fulano, ao fazer isto e aquilo, e eu hoje torno de meu mau proceder, arrependido!" Quanto a todo o que se orgulha e não revela, ocultando suas culpas, sua "techuvá" é imperfeita, como está escrito: "O que cobre suas culpas, não terá êxito...!" - Pv 28:13.

 

7 Em que caso [deve tornar público seus erros]? - Em casos que haja feito contra pessoas. Mas, coisas que são entre si e Deus, não é necessário tornar público. E, é [imputado] à pessoa que o faz [como sendo] audácia o revelar [suas transgressões pessoais]. Senão, deve tornar-se perante Deus, detalhando [explicitamente] seus erros perante Ele, confessando acerca deles perante o público sem detalhes, e é-lhe um bem [divino] o não vir suas culpas a serem reveladas, como está escrito: "Feliz o perdoado, cujas culpas ficaram encobertas..." - Sl 32:1.

 

8 Ainda que em todo o tempo seja bom para a "techuvá" e o clamor, nos dez dias que encontram-se entre "roch ha-chaná" e "iom kipur" é melhor [que em qualquer outra época], sendo aceita imediatamente, conforme está escrito: "Buscai a Ado-nai quando possa ser achado, chamai-o, quando encontrar-Se na proximidade..." - Is 55:6. Em que caso? - concernente à pessoa em particular. Quanto ao público, todo o tempo no qual façam "techuvá", clamando com plenitude de coração, são respondidos, como está escrito: "...Como Ado-nai, nosso Deus, todas as vezes que por ele clamamos..." - Dt 4:7.

 

9 O "iom kipur" é tempo de "techuvá" para todos - tanto para as pessoas em particular como para o público - sendo o selamento de perdão e limpeza de culpa para Israel; portanto, todos devem fazer "techuvá" e confessar-se no "iom kipur". Quanto ao preceito de confissão do "iom kipur" - é que principie a fazê-lo ainda na véspera, antes de comer, evitando que se sufoque na refeição antes de haver-se confessado. Apesar de já haver-se confessado antes de comer, deve tornar a confessar-se na noite de "iom kipur", na oração noturna ('arvit), e torna a confessar-se na oração matutina (chaĥrit) e na oração [que se segue, chamada] "mussaf", e na oração vespertina (minĥá), e na oração [que procede a ela,] "ne'ilá". Onde se faz a confissão [na oração]? - a pessoa particular, após [o término de] sua oração; o "chaliaĥ tsibur", no meio da oração, na quarta bênção.

 

10 A confissão que é costume geral de todo o povo de Israel - "...Aval ĥatánu kulánu..." ("...Mas, erramos todos nós...") - é o principal da confissão. Transgressões sobre as quais a pessoa se confessou em um determinado "iom kipur", deve tornar a confessar em outro "iom kipur", mesmo que esteja firme em sua "techuvá", conforme está escrito: "pois de minhas culpas - sou consciente, e meu erro está permanentemente perante mim!" - Sl 51:5.

 

11 Tanto a "techuvá" quanto o "iom kipur" - não expiam senão transgressões que estejam entre a pessoa e Deus, como por exemplo, alguém que ingeriu algo proibido, ou teve alguma relação sexual proibida, e semelhantes. Mas quanto a transgressões que sejam entre a pessoa e seu próximo - como alguém que haja golpeado a outra pessoa, ou injuriado, roubado ou semelhantes - não é perdoado, enquanto não der a seu próximo o que lhe deve, e seja perdoado por ele.

 

12 E, apesar de haver devolvido o dinheiro que lhe deve, precisa conquistar a seu coração, e pedir-lhe perdão, até que este o perdôe. Mesmo que não haja ofendido a seu próximo senão [unicamente] por palavras, precisa fazer a paz com ele, e ir a seu encontro, até que este dê-lhe o perdão.

 

13 Se não quiz seu próximo perdoá-lo - - precisa trazer um conjunto de três pessoas dentre seus amigos, encontrar à pessoa e pedir dele [o perdão, estando em conjunto]. Não aceitando-os, traz um segundo [novo] grupo, e um terceiro. Se não quiz perdoar - deixe-o, e se vá, e este que não perdoou, ele é o feitor do erro. Tratando-se de seu rav - deve ir e voltar [a ele para receber seu perdão] até mil vezes, até que este o perdôe.

 

14 Pois é proibido que seja a pessoa cruel, que não possa ser seu coração conquistado, ao contrário, deve ser fácil para aceitar aos demais, e difícil em irar-se, e no momento que pede dele o ofensor o perdão, perdoa de todo o coração, e com alma contente. E mesmo que este haja-lhe causado muita tristeza e feito-lhe muito mal, não seja vingativo e rancoroso. Esta é a forma de agir da semente de Israel, e seu coração aperfeiçoado. Quanto aos gentios, incircuncisos de coração - não são assim, senão "...sua ira se guarda para sempre" - Am 1:11. E assim está dito pelo profeta [Samuel] acerca dos gibeonitas, por não haverem perdoado, nem serem aplacados [em sua ira]: "...Os gibeonitas, não eram dos filhos de Israel..." - 2Sm 21:2.

 

15 Quem haja feito mal a seu próximo, morrendo este antes que se pedisse dele o perdão - deve trazer dez pessoas até sua sepultura, e dizer perante eles: "Errei, contra Ado-nai, Deus de Israel, e contra este fulano, fazendo-lhe tal e tal...!" Em caso de dívida financeira - deve transmití-la aos herdeiros. No caso de este não ter herdeiros - deve depositar a soma no tribunal [de Torá], confessando-se.

 

Capítulo 3


1 Cada um dentre os seres humanos tem méritos e iniquidades. Quem seus méritos são mais que suas iniquidades, é um "tsadiq" (justo); quem suas iniquidades são mais que seus méritos - "rach'a" (iníquo). Meio a meio - é [chamado] "benoni" (mediano).

 

2 Igualmente - o país: caso sejam os méritos de seus habitantes mais que suas iniquidades, é um país justo. caso sejam suas iniquidades mais que seus méritos - iníquo.

 

3 A pessoa cujas iniquidades superam a seus méritos - imediatamente morre por sua iniquidade, como está escrito: "...pela grande quantidade de tuas iniquidades..." - Jr 30:14; Jr 30:15; Os 9:7. Similarmente - o país cujas iniquidades sejam maiores que seus méritos - imediatamente se perde, conforme está escrito: "...O clamor de Sodoma e Gomorra aumentou..." - Gn 18:20. Assim, o mundo todo: caso sejam suas iniquidades maioria - imediatamente são destruídos [os seres que nele habitam], como está escrito: "E viu Ado-nai que aumentara a maldade do homem..." - Gn 6:5.

 

4 Este cálculo não é feito segundo o número de méritos e de iniquidades, senão de acordo com a grandeza. Mérito há que equivale [um só em peso de importância] por algumas iniquidades, como está escrito: "...Porquanto se achou nele algo bom..." - 1 Rs 14:13; e há iniquidade que equivale a vários méritos, como está escrito: "...Por um [só] transgressor perder-se-á muito bem!" - Ec 9:18 - e, não se pesa [as iniquidades e os méritos] senão segundo a consciência do Deus Onisciente, e é Ele [o único] que sabe como se pesa os méritos em concernência às iniquidades.

 

5 Todo o que se arrepende dos preceitos que cumprira, duvidando de [seus] méritos, dizendo em seu coração: "Que me valeu cumprí-los?! Talvez nem sequer cumpri!" - Este perde a todos, e não se lembra para ele nenhum mérito que haja no mundo, conforme está escrito: "...E a justiça do justo não o livrará no dia de sua iniquidade!" (ver Ez 33:12) - este escrito não se refere senão ao que duvida sobre seus primevos [atos].

 

6 Assim como pesam-se as iniquidades da pessoa e seus méritos no momento de sua morte - assim também a cada ano pesam-se [como que em balança] as iniquidades de cada um dos seres humanos, comparando-as a seus méritos, no dia festivo de roch ha-chaná . Quem for achado justo - é selado para vida, e quem for achado ímpio - é selado para morte. Quanto aos "medianos", ficam pendentes até o iom kipur : se fizerem techuvá - são selados para vida, se não - para morte.

 

7 Apesar de o toque do chofar em roch ha-chaná ser gezerat ha-catuv , há nele uma insinuação; quer dizer: "Despertai, despertai - vós os adormecidos - de vosso sono, e acordai - adormecidos - de vossa dormência: buscai em vossos atos, e tornai em arrependimento, lembrando de vosso Criador!..." - estes são os que esquecem-se da verdade nos passatempos, e erram durante todo o ano em coisas vãs e vazias, nas quais não há proveito nem livramento - "...Olhai para vossas próprias almas, melhorai vossos caminhos e feitos, e abandone cada um dentre vós seu mau proceder, e seu pensamento, que não é bom!"

 

8 Por isto, precisa a pessoa ver-se a si próprio durante o ano todo como que meio merece [viver], meio incorre em pena [de morte], e assim também todo o mundo, meio merecedor, meio incorre em pena [de extermínio], que se transgredir algo - faz pender a si próprio e faz pender a todo o mundo [na balança] para incorrer em penalidade, causando [por sua própria causa e ato pessoal], o extermínio [de toda a humanidade]. Efetuando o cumprimento de um [único] preceito, faz pender a a si próprio e ao mundo todo [na balança] para mérito, ocasionando [a toda a humanidade] salvação e livramento. Este é o significado do escrito: "...E, um justo é o sustentáculo do mundo!" - Pv 10:25 - tratando-se de quem justificou a si mesmo, fazendo pender para bem a todo o mundo, livrando-o [de extermínio].

 

9 Por esta mesma razão costuma toda a Casa de Israel aumentar as esmolas e as boas ações, ocupando-se dos preceitos, desde roch ha-chaná até iom kipur mais que em qualquer época do ano. Costumaram também todos a levantarem-se no meio da noite durante esses dez dias, para orar nas sinagogas com palavras de súplicas e admoestações, até o clarear do dia.

 

10 No momento no qual as iniquidades do homem e seus méritos são comparados, não se leva em conta a primeira transgressão efetuada, nem a segunda, senão da terceira em diante. Estando suas iniquidades a mais que seus méritos a partir da terceira, ambas as primeiras são acrescentadas - e é julgado por tudo [em conjunto].

 

11 Se, entretanto, seus méritos suplantaram as iniquidades a partir da terceira em diante, apagam-se suas iniquidades uma por uma, pois a terceira torna-se a primeira, pois as duas anteriores já são perdoadas, e a quarta torna-se primeira, pois já foi perdoada a terceira, e assim até a última.

 

12 Em que caso [é isto assim]? - na pessoa particular, como está escrito: "...Eis, tudo isto faz Deus duas, ou três vezes - ao homem..." - Jb 33:2 - mas, em quanto público, ficam pendentes a primeira, a segunda e a terceira iniquidades - como está escrito: "...Sobre três culpas de Israel, e sobre quatro - não retrucar-lhe-ei..." Am 2:6. Ao serem-lhes feitas as contas por este meio, tal é feita a partir da quarta em diante.

 

13 Os "medianos": se parte de sua metade iníqua é que nunca usaram filactérios jamais - é julgado segundo seus erros, e tem lugar no mundo vindouro. Similarmente, todos os iníquos, cujas transgressões são maioria, tem lugar no mundo vindouro, pois todo o povo de Israel tem lugar no mundo vindouro, como está escrito: "Todo teu povo, é de justos: para sempre herdarão a terra..." - Is 60:21 - "Terra" esta, é analogia - significando: "A Terra da Vida" - que é o mundo vindouro. Igualmente - os justos das nações do mundo - tem lugar no mundo vindouro.

 

14 Estes são os que não têm lugar no mundo vindouro, sendo cortados em suas almas, perdendo-se, ao serem julgados pela grandeza de sua iniquidade e erro, para toda a eternidade: os minim , os epicursim , os "cofrim" que descrêem da Torá, os "cofrim" que descrêem da ressurreição dos mortos, os "cofrim" que descrêem da vinda do redentor (machiaĥ), os "mechumadim" , os que induzem o povo ao erro, os que se afastam do proceder geral do povo [de Israel], e os que fazem transgressões por mão forte - como Jeoiaquim, e os "mosserim", e os que atemorizam ao público que não por Deus, os derramadores de sangue, os que falam lachon ha-ra' e os que puxam a pele do prepúcio.

 

15 Cinco sãos os que são chamados de "minim": a) o que diz que não há Deus, e que não há um condutor para o mundo; b) o que diz que há condutor, mas que são dois ou mais; c) o que diz que há um único Senhor, mas que ele tem corpo e imagem; d) também o que diz que ele não é o único primordial e Criador de tudo; e) Todo o que serve a outro além dEle, para que sirva de intermediário entre si e Deus. Cada um destes cinco - é "min". (min=singular; minim=plural)

 

16 Três são os chamados "epicurussin": a) o que diz não haver profecia de forma alguma, ou que não há forma alguma de conhecimento que provenha do Criador aos corações dos seres humanos; b) o que nega a profecia de Mochê Rabênu; c) o que afirma que o Criador desconhece os atos dos seres humanos. Cada um destes, é "epícurus" .

 

17 Três são os "cofrim" acerca da Torá: a) aquele que afirma não ser a Torá oriunda de Deus, mesmo um único verso, mesmo uma única palavra. Caso disser que Moisés disse por si próprio, este é um "cofer" (sing. de "cofrim") acerca da Torá; b) Também o que nega a [veracidade da] explanação da Torá, ou seja - a Torá Oral, bem como os que negam [os ensinamentos] dos que a transmitem, como Tsadoq e Baitos . c) os que afirmam que Deus mudou qualquer dos mandamentos por outro, ou que a Torá já foi anulada, apesar de admitirem ser ela proveniente de Deus, como os cristãos e os hagariím, por exemplo. Cada um destes três é "cofer".

 

18 Dois são os "mechumadim" : a) o "mechumad" para um único tipo de transgressão; e b) o "mechumad" em relação a toda a Torá. O "mechumad" para um tipo de transgressão - é aquele que se prendeu a uma [determinada] transgressão, fazendo-a conscientemente e reconhecidamente, acostumando-se [nela], mesmo das [transgressões] leves, como por exemplo, a vestir-se [com roupas feitas] "cha'atnez" , ou cortar [o cabelo arredondado, sem deixar nos cantos da cabeça, de cada lado,] a peá, sendo como se tal preceito fosse [inexistente por ser] anulada para ele do mundo - este é "mechumad" em relação a tal coisa. Isto, se fizer no intuito de provocação. [Quanto ao] "mechumad" por toda a Torá, trata-se do que se volta para as leis [como credos] dos gentios, quando estes decretam perseguições religiosas, unindo-se a eles, dizendo: " - Que ganho eu em permanecer unido ao povo de Israel, que são humilhados e perseguidos? Melhor é unir-me a estes, cuja mão é poderosa!" - este é "mechumad" por toda a Torá.

 

19 Os que induzem o povo ao erro - tanto o que faz errar em grande coisa, como jeroboam, Tsadoq e Baitos - como o que faz errar em algo simples, mesmo deixar de cumprir um preceito positivo. Tanto o que força a outros como Menachê, que matava os israelitas, até que servissem à idolatria, ou que fez errar a outras pessoas, induzindo-os pelo engano, como Jesus.

 

20 Os que se afastam do proceder geral do povo de Israel: apesar de não ter transgressões, senão separou-se da congregação de Israel, sem cumprir os preceitos em seu meio, sem envolver-se com suas angústias, sem jejuar seus jejuns, senã prossegue por seu caminho como um dos gentios, como se não fizesse deles (dos judeus) parte, [este] não tem lugar no mundo vindouro.

 

21 O que fazem transgressões por mão forte, como Jeioiaquim: sejam [transgressões] leves ou graves, não tem lugar no mundo vindouro. Este é o que se cogomina "revelador de [nova] face na Torá" pela audácia de auto-revelar-se [publicamente em sua iniquidade], sem envergonhar-se das palavras da [própria] Torá.

 

22  Dois são "mosserim": a) o que entrega seu próximo [judeu] para ser morto ou surrado pelos gentios; b) o que entrega dinheiro de seu próximo nas mãos de gentios, ou nas mãos de quem força a fazê-lo, que é como o gentio - ambos, não têm lugar no mundo vindouro.

 

23 Os que atemorizam ao público, que não por Deus: a) aquele que domina o povo pela força, e estes respeitam-no e temem-no demasiadamente, sendo sua razão sua honraria própria, e seus desígnios, não a honra de Deus, como os reis dos gentios.

 

24 Cada um destes vinte e quatro que enumeramos, apesar de serem judeus - não dispõem de lugar no mundo vindouro. E, há transgressões menores que estas, e apesar de menores, os Sábios afirmaram que a pessoa acostumada nelas não tem lugar no mundo vindouro, para que se afastem delas, e com elas sejam cautos.

 

25 E, são elas: o que apelida a seu próximo, e o que chama a seu próximo por [seu] apelido. A pessoa que envergonha a outros em público, e o que se engrandece através de diminuir de seu próximo. O que desrespeita a uma pessoa sábia de Torá [em sua presença ou não], e o que desrespeita a seus instrutores [de Torá], o que desrespeita aos festivais [hebraicos], e o que profana as coisas santificadas.

 

26 Em que caso não tem lugar no mundo vindouro? - que morreu, e não fez "techuvá". Mas, se arrependeu-se de sua iniquidade, e morreu como "ba'al techuvá", ele é dos herdeiros do mundo vindouro, pois nada há que possa estar como obstáculo diante da "techuvá". Mesmo sendo um dos "cofrim" em algum dos princípios durante a vida toda, e no útimo momento fez "techuvá" - tem lugar no mundo vindouro - como está escrito: "Paz, paz, para o distante e para o que está perto" - disse Deus - "e o curarei!" - Is 57:19.

 

27 Todos os iníquos, todos os culposos, todos os "mechumadim" que se arrependerem e tornarem ao correto ("techuvá"), revelada ou ocultamente, são [bem] aceitos, como está escrito: "Voltai, filhos pertinazes!..." - Jr3:14; 3:22 - apesar de ainda pertinaz, que somente em secreto fez "techuvá", é reaceito.

 

Capítulo 4


 1 Vinte e quatro coisas retardam a techuvá: Delas, quatro são iniquidades graves, e qualquer que fizer uma destas quatro, Deus mesmo não deixa que tal pessoa consiga fazer techuvá.
  1. Quem faz errar aos demais. Incluído nisto, estão os que impedem aos demais de cumprir preceitos;

     

  2. O que influencia em outras pessoas para que deixem um bom proceder, e apeguem-se ao mau caminho, como o massit e o madiaĥ

     

  3. O que vê a seu próprio filho em mau proceder, e não corrige - por encontrar-se seu filho sob sua responsabilidade, se desse-lhe a devida correção, deixaria o mau caminho, pelo que é tido como que levando-o ao erro; inclui-se nesta todo aquele que tem como admoestar a pessoas outras [ao vê-las no erro] e não faz, sejam multidões ou pessoas particulares, deixando-os em seu tropeço;

     

  4. O que diz: " - Errarei agora, depois farei techuvá!" - e, inclui-se o que diz: " - Errarei, pois o iom kipur expiará!".

     

2 Destas [vinte e quatro] - cinco fecham os caminhos para a techuvá :
  1. o que se afasta do público [de Israel] - pois quando este faz techuvá, não estará em seu meio, não participando dos méritos que o povo alcança;

     

  2. O que discute contra as palavras dos Sábios - pois sua contenda faz com que ele mesmo se afaste deles, sem que saiba o caminho certo para a techuvá

     

  3. Aquele que faz gracejos dos preceitos, pois por serem a seus olhos ignomínia, não as busca e nem as cumpre. Não cumprindo, que méritos alcançará?

     

  4. O que envergonha a seus mestres de Torá, pois isto faz com que seja incomodado [por expulsão por seus instrutores] e extirpado do mundo [vindouro] como Jesus e Geĥazi, e ao ser incomodado [pela expulsão] não vai conseguir encontrar um instrutor que lhe ensine o caminho da techuvá;

     

  5. O que abomina a admoestação, por não deixar este para si mesmo caminho para a techuvá, pois no momento que fazem saber à pessoa seus erros, e envergonham-no, faz techuvá, como está escrito na Torá: "Lembra-te, não te esqueças..." - Dt 9:7 - ... Fostes desobedientes... - (o mesmo; Dt 9:24; 31:27) ...Não vos deu coração para entender..." - Dt 29:3 - "...povo pascácio, e não sábio..." - Dt 32:6. Assim também Isaías admoestava a Israel, dizendo: "Ai, povo errôneo..." - Is 48:4 - "...[Até mesmo] o boi conhece a seu dono..." - Is 1:3 - "Devido que sei que és duro..." - Is 48:4 - E assim ordenara-lhe Deus que admoestasse aos transgressores, como está escrito: "Clama em alta voz, sem cessar..." - Is 58:1. Assim todos os profetas admoestaram a Israel, até fazerem techuvá. Por isto, é necessário que se se nomeie sobre toda comunidade judaica um grande sábio, ancião, temente a Deus desde sua infância, amado pelos judeus, para que seja admoestador para o público, fazendo-os retornar em techuvá. Quanto ao que odeia a repreensão - não vai ao admoestador nem ouve suas palavras - pelo que persistirá em suas transgressões, que são a seus olhos boas [ações].

     

 

3 Dentre elas [as vinte e quatro coisas], cinco há que os que as fazem é impossível que faça techuvá plena, por serem iniquidades que se fazem entre uma pessoa e outra, e a pessoa não está cônscio da identidade da pessoa contra quem cometeu o delito, para que possa devolver [em caso de devolução] ou pedir deste o perdão.
São eles:
    1. O que injuria ao público - não havendo feito a determinada pessoa, do qual possa pedir expiação [por sua injúria];

 

    1. O que é compartilha com o ladrão [em seu roubo], por não saber de quem foi roubado [aquilo do que usufruiu], pois o ladrão rouba a muitos, e ao trazer-lhe, este compra, além de estar cooperando com o ladrão, fortalecendo-o, para que erre mais;

 

    1. O que acha um objeto perdido e não publica o achado, para que possa devolvê-la a seus [respectivos] donos;

 

    1. O que come do [fruto do] assalto de pobres, órfãos e viúvas, que são pessoas desgraçadas, sem que sejam conhecidas e afamadas, e vivem de um lugar para outro exilados, sem que ninguém os conheça, para que saiba de quem proveio o assalto, para que possa devolver;
    2. .

 

    1. O [rabino] que recebe suborno para desviar o juízo, sem que possa saber até que ponto chegou o desvio e qual seu poder, para que possa tornar atrás, e tal coisa tem pernas, além de estar fortalecendo [ao subornador] e levando-o à transgressão.

 

4 Cinco delas - a pessoa que as faz não há probalidade que conseguirá safar-se delas, por serem coisas leves aos olhos da maioria, e o transgressor imagina que não há naquilo transgressão.
São elas:
  1. Quem come de uma refeição que não é suficiente para seus donos, e isto é "avaq-gêzel", e este imagina que não transgride, dizendo: " - Nada comi sem permissão!"
  2. Aquele que toma a garantia de um pobre - pois a garantia do pobre não é senão seu machado ou sua enxada (ou seja, seus instrumentos imprescindíveis para sua manutenção) - este pensa em seu coração: "Não lhe fazem falta, e não tomei-lhe à força!"
  3. Aquele que olha [admirando, com desejo sensual] para os que lhe são proibidos [sexualmente], pensando que nada demais há nisto, dizendo: " - Acaso eu cometi relação ilícita?!" - e não sabe que a observação dos olhos é grave iniquidade, que conduz ao corpo das transgressões sexuais ilícitas, conforme está escrito: "...Não seguireis após vossos corações, nem após vossos olhos... " - Nm 15:39.
  4. O que se engrandece através da diminuição de seu próximo, dizendo em seu coração que não trata-se de uma transgressão, já que não encontra-se em sua presença, e não lhe causa vergonha alguma, e não envergonha-o, senão avalia seus bons atos e sua sabedoria em relação aos atos dele ou sua sabedoria, fazendo com que se perceba o quanto é ele honrado, e seu próximo ignominioso;
  5. O que suspeita de pessoas retas, dizendo em seu coração que não está transgredindo, pois somente está pensando que "pode ser que fez, e pode ser que não fez", e não sabe que isto é uma iniquidade pensar sobre uma pessoa reta que este é um transgressor.

 

5 Dentre elas, cinco coisas os que agem segundo elas são levados após elas sempre, sendo difícil afastar-se delas:
Portanto, precisa a pessoa cuidar-se delas, evitando apegar-se a elas, sendo todas formas de agir demasiadamente más.
E, são elas:
  1. Andar bisbilhotando (rekhilut);
  2. Falar mal dos outros (lachon ha-ra');
  3. Ser iracundo;
  4. Ter maus pensamentos;
  5. Unir-se a iníquos - porquanto este aprende de seus feitios, tornando-se gravados em seu coração, e é o que disse Salomão por sua sabedoria: "...O que pastoreia aos estultos - ele dar-se-á mal!" - Pv 13:20.
Já transcrevemos nas Leis de Comportamento as cousas nas quais devem todos acostumarem-se, e quanto mais um "ba'al techuvá" !

 

6 Todas estas cousas, apesar de retardarem a techuvá não impedem-na, e se a pessoa se arrependeu delas - abandonando-as e confessando-as - é este um "ba'al techuvá", e tem seu quinhão no mundo vindouro.

 

Capítulo 5


1 O arbítrio [livre] está em poder de toda pessoa: caso queira dirigir-se para um bom caminho e ser um justo, ou dirigir-se a um mau caminho, tornando-se um iníquo - a escolha é sua, e é o que está escrito na Torá: "Eis que o homem tornou-se como um de nós, conhecendo o bem e o mal" - Gn 3:22. Quer dizer: este tipo [de ser] chamado "homem" é único no mundo, e não há [outro tipo de ser] que a ele se equipare [no mundo] em concernência a este pormenor, que seja por si mesmo capaz de ter consciência do que é bom e do que é mal, fazendo [de acordo com seu alvedrio] o que desejar, sem que haja empecilho para o que venha a fazer, seja bem ou seja mal. Sendo assim, que não estenda sua mão..." - (mesmo verso).

 

2 Que não venha sequer a seu pensamento isto que dizem os estultos entre as nações e a maior parte dos informes por crassa pacovice do povo de Israel - que Deus desde a formação do homem já decretou que este será um justo, e aquele será ímpio. Não é isto assim, senão toda pessoa pode chegar a ser um justo como o foi Moisés, nosso mestre, ou ímpio como Jeroboão, sábio ou papalvo, piedoso ou cruel, avarento ou caridoso. Assim com respeito a todas as demais personalidades.

 

3 Não há quem force, nem predestinação, nem quem direcione para um dos dois caminhos, senão a pessoa por si mesma desvia-se para o proceder que desejar. É o que disse Jeremias: "Da boca do Altíssimo, não sai o bem e o mal!" - Lm 3:38.

 

4 Assim sendo, o transgressor faz perder a si próprio. Portanto, é-lhe apropriado chorar e lamentar pelo que fez a sua alma, presenteando-lhe o mal. É o que diz o escrito: "Por que enlutar-se-á o homem vivo? [Por que enlutar-se-á] o homem por suas transgressões?" - Lm 3:39. E, tornando, disse: "Já que o arbítrio está em nossas mãos, e por nós mesmos fizemos todo os males [que se sobrevieram sobre nós], é-nos apropriado que arrependamo-nos e voltemo-nos para o bem, abandonando as nossas iniquidades, pois o alvedrio acha-se em nossas mãos!" - É o [significado] do que encontra-se escrito depois [do verso anteriormente citado]: "Busquemos nossos caminhos, e verifiquemo-los: tornemo-nos a Deus!" - Lm 3:40.

 

5 Este é um grande princípio, e é o sustentáculo da Torá e seus preceitos, como está escrito: "Vê: coloco diante de vós hoje a vida e a morte!..." - Dt 30:15. E, está escrito: "Eis que ponho diante de vós hoje a bênção e a maldição!..." - Dt 11:26. - querendo dizer: "A escolha encontra-se em vossas mãos", e tudo o que a pessoa quiser fazer dos feitios dos seres humanos - faz - sejam bons ou maus. Por isto está escrito: "Quem dera, fosse este coração deles, pertencentes a eles mesmos..." - Dt 5:25 - Quer dizer: o Criador não força os seres humanos, nem predestina a fazerem bem ou mal, ao contrário: seu coração está entregue a eles.

 

6 Se Deus predestinasse o homem para que seja justo ou ímpio, ou caso houvesse algo que levasse o homem desde o princípio de sua geração para um dos [vários] procederes, ou para uma das ciìncias, ou para alguma das [distintas] personalidades, ou para fazer [determinado] ato dentre outros, como fantasiam de seus próprios corações os estultos "explicadores dos céus" - como pode ser-nos ordenados por nossos profetas "fazei assim", ou "não fareis assim", "aperfeiçoai vossos caminhos, não andeis por vossas iniquidades" - sendo que desde o princípio de sua geração já lhe foi predestinado, ou de sua geração já é conduzido, algo do qual é impossível que dele se afaste? E, que lugar haveria para toda a Torá, e com que lei ou juízo cobrar-se-ía do iníquo, ou que recompensa caberia ao justo - "o Juiz de toda a Terra não fará juízo?" - Gn 18:25. .

 

7 E, não se admire, dizendo: " - Como pode o homem fazer tudo o que deseja, e estejam todos os seus feitios a ele entregues, e como poderia fazer algo neste mundo sem a permissão de Deus, e contra Sua vontade, se o escrito já disse: "Tudo o que quer Deus faz, tanto na céu como na terra!"?" - Sl 135:6 - Saiba, que tudo é feito segundo Sua vontade, e apesar de nossos atos estarem em nossas mãos.

 

8 Como é isto? - Assim como quiz o Formador que o fogo e o ar estejam sempre direcionados acima, e a água e a terra abaixo, e a esfera contornando-se em redondo [sobre o nada], e assim todas as demais criações no mundo de acordo com sua natureza que Deus quiz - assim também quiz que fosse o homem com o arbítrio em suas mãos, e todos seus atos entregues a ele, sem que haja quem o force, ou quem o influencie, senão a pessoa mesma, por sua própria consciência que Deus lhe deu faz tudo o que o homem consegue fazer.

 

9 Portanto, é julgado conforme seus atos: se fez o bem, é-lhe feito o bem; se fez o mal, mal ser-lhe-á feito. É o que disse o profeta: "De vossas [próprias] mãos veio isto..." a vós - Ml 1:9. "...Também eles escolheram seus [próprios] caminhos..." Is 66:3. Acerca disto, disse Salomão: "Alegra-te, jovem, em tua mocidade...e sabe: sobre tudo isto levar-te-á Deus ao julgamento!" - Ec 11:9.

 

10 Para que não digas: "E, acaso Deus não sabe de todas as coisas antes que elas aconteçam? Sabia que este seria um justo, ou um ímpio, ou não sabia? Se sabia que ia ser um justo, é impossível que não viesse a ser um justo! Se, porém, dizes que sabia que ia ser um justo, mas [ainda assim] podia ser que tornar-se-ia um iníquo - então não sabia as coisas plenamente".

 

11 Saiba: a resposta para esta questão [está já nas Sagradas Escrituras]: "Sua medida é maior que a terra, e mais ampla que o mar..." - Jb 11:9 - e muitos princípios grandiosos e altas montanhas estão dependendo dela. Mas, precisa você conhecer e entender nisto que eu digo:

 

12 [Que] já esclarecemos no segundo capítulo dos "Fundamentos da Torá" que Deus não sabe por um saber que Lhe é exterior, como os seres humanos, que estes e sua sabedoria são duas coisas [separadas], senão é Ele e seu conhecimento um só, e a capacidade intelectual humana não tem como alcançar a compreensão disto plenamente.

E, assim como o ser humano não tem como atingir a compreensão da essência do Criador, como está escrito: "Pois o homem não pode ver-Me, e continuar em vida..." - Ex 33:20 - pois não háforça na natureza humana para alcançar e encontrar o conhecimento do Criador. É o que disse o profeta: "Pois não são meus pensamentos conforme vossos pensamentos, nem vossos caminhos como os Meus..." - Is 55:8. Sendo assim, não há em nós capacidade para saber como sabe o Santo, Bendito é Ele, de seus entes criados, nem de seus atos.

 

13 Mas [contudo], sabemos sem dúvida: os atos dos homens encontram-se em suas mãos. Deus não o move, nem predestina para que faça ou que não faça. E, não somente pelo que foi recebido através de [nossa] Lei sabemos disto, senão por provas de palavras da sabedoria [filosófica]. E, por isto, foi dito na profecia que o homem é julgado por todas suas ações, segundo o que haja feito, se bem ou mal. E é este o princípio do qual dependem todas as palavras de profecia.

 

Capítulo 6


1 Vários versículos há na Torá e nas palavras dos profetas que aparentemente contradizem este princípio [tratado no capítulo antecedente], e nele tropeça a maioria das pessoas, pensando que o Santo, Bendito é Ele, predestina as pessoas a fazerem o bem ou o mal, e que os corações das pessoas não lhes são entregues para que os entornem para o que anelam. [Portanto,] esclareço [aqui] um grande princípio,pelo qual poderá saber o [veraz] significado de tais versículos.

 

2 Ao transgredir uma pessoa, ou as pessoas de determinada nação, agindo erroneamente o transgressor [ou os transgressores] conscientemente por sua deliberada vontade, como nos fez saber [Deus, na Torá], é apropriado que este pague [ou estes paguem] por sua transgressão, e o Santo, Bendito é Ele - sabe como deve [ou devem] pagar [tal ou tais pessoas]. Há transgressões sobre as quais se paga neste mundo, no próprio corpo, nos próprios bens ou [até mesmo pela perda de] seus filhos ainda pequenos, pois os filhos pequenos [se meninos: menores de treze anos e um dia; se meninas, menores de doze anos e um dia,] são como posse em poder dos pais - e, está escrito: "...Cada homem morrerá por sua própria transgressão..." - 2Rs 14:6; V. Dt 24:16 - [Não paga por seus próprios atos] enquanto não se faça "homem" [ou seja, à idade de treze anos e um dia].

 

3 E transgressões há cujo juízo é que seja a paga delas [pelo transgressor] no mundo vindouro, sem que sofra nenhum prejuízo neste mundo. E, outras há cuja paga é tanto neste mundo como no vindouro. Em que caso? - no caso de não haver arrependido, confessado perante Deus e abandonado o caminho da transgressão. Mas, se fez techuvá, a techuvá - ela é como uma persiana diante dos sofrimentos. Da mesma forma como a pessoa faz transgressões por sua própria consciência e vontade, igualmente faz techuvá por sua própria consciênscia e vontade.

 

4 E pode ser que a pessoa faça uma transgressão tão grave ou tantas transgressões, que o juízo de diante do Juiz da Verdade que por esta transgressão que fez por sua [deliberada] vontade e consciência, ou por estas - seja o pagamento o impedir que tal pessoa faça techuvá, e deste é tirado o direito de abandonar sua iniquidade, para que morra e se perca nas transgressões que praticara. É o que diz: "Engorda o coração deste povo... e volte, e seja curado!" - Is 6:10. E, assim diz: "Ofendiam aos enviados de Deus, desfazendo-se de suas palavras, burlando-se de Seus profetas, até ascender-se a ira de Ado-nai, sobre Seu povo, até que já não houvesse cura!" - 2Cr 36:16. - Quer dizer: transgrediram por sua própria vontade, tornando-se demasiadamente culposos, até que incorressem na penalidade de que fosse impedida deles a [possibilidade da] techuvá, que é a cura.

 

5 Por esta razão, está escrito na Torá: "...Endurecerei o coração de Faraó..." - V. Ex 4:21; 14:4. Por haver transgredido por si próprio a princípio, fazendo mal a Israel que eram peregrinos em sua Terra, conforme está escrito: "...Sejamos astuciosos em concernência a eles..." - Ex 1:10 - o juízo [de Deus] foi que se impedisse dele a possibilidade da techuvá, até que pagasse [por sua iniquidade], pelo que Deus endureceu a seu coração.

 

6 Por que [então] enviou-lhe Moisés a dizer: "Envia [os judeus de tua Terra], e faz techuvá!", já havendo dito o Santo, Bendito é Ele, que "[certamente] não enviarás!", como está escrito: "Tu e teus servos - bem sei..." - Ex 9:30. "Contudo, para isto te coloquei..."? - Ex 9:16. - Para fazer saber às futuras gerações que no tempo em que Deus impede a possibilidade de arrependimento de alguém transgressor, este não consegue tornar-se ao caminho do bem, senão morrerá em sua transgressão primeva, que fizera voluntariamente.

 

7 E similarmente, Siĥon, pelas iniquidades que tinha [praticado], incorreu na penalidade de que fosse eximida dele a capacidade de arrepender-se, como está escrito: "Pois endurecera Deus a seu espírito, e deu coragem a seu coração" - Dt 2:30. Assim, os cananeus, por suas abominações - impediu deles que se arrependessem até guerrearem contra Israel, como está escrito: "De Deus veio o fortalecer a seus corações para virem ao encontro de Israel em guerra, para os destruir..." - Js 11:20. Igualmente, Israel, nos dias de Elias, por haverem sido excerbadamente culposos, impediu dos tais que exageraram o arrependimento, como está escrito: "Mas, tu fizeste voltar seus corações atrás..." - 1 Rs 18:37.

 

8 É o mesmo que dizer: Deus não decretou que Faraó fizesse mal a Israel, nem que que Siĥon cometesse transgressões em sua Terra, nem que os cananeus chegassem a viver em abominações, nem sobre Israel que cometessem idolatria. Ao contrário, todos transgrediram por si mesmos, e todos eles incorreram na penalidade de que deles fosse impedida a possibilidade do arrependimento.

 

9 A isto fazem referência os profetas e os justos em suas orações a Deus, pedindo que os ajude no caminho da verdade, como disse David: "Mostra-me, Ado-nai, teu caminho..." - Sl 27:11; 86:11. Quer dizer: "Não me impeçam minhas transgressões de trilhar pelo caminho da verdade, que nele conhecerei teu caminho e a unicidade de teu nome!" - e assim, é o que disse: "Um espírito bondoso seja-me por fulcro..." - quer dizer: "Permite que meu espírito faça sua vontade, e minhas transgressões não sejam causa do impedir-me a techuvá, senão esteja o arbítrio em minhas mãos, até que eu torne, entenda e conheça o caminho da verdade." - Segundo isto, são todos os versículos similares a este.

 

10 E, que significa isto que disse David: "Bom e reto é Deus: portanto, dirige os transgressores pelo caminho, encaminha os humildes por julgamento, e aos humildes ensina seu caminho!"? - Sl 25:8,9 - que enviara a eles profetas que fizessem saber os caminhos de Deus, fazendo com que o povo se arrependesse, e ainda mais dando-lhes força para estudar e entender, pois esta virtude encontra-se em todo ser humano, e sempre que este é impulsionado para os caminhos da sabedoria e da justiça - desejam-as, e buscam-nas [mais por si mesmos]. É o dito pelos Sábios [do Talmud]: "Aquele que vem para se purificar, é ajudado!" - como que dizendo: "achar-se-á ajudado pela própria ação [realizada por ele]."

 

11 E, acaso não está escrito na Torá [quando Deus fizera saber a Abraham acerca da estadia de seus filhos no Egito]: "...Escravizá-los-ão e afligir-los-ão..." - Gn 15:13- eis, predestinara os egípcios que fizessem mal [aos hebreus]! E, está escrito: "...Levantar-se-á este povo, e prostituir-se-á após os deuses do estranho da Terra..." - Dt 31:16 - eis, predestinou o povo a fazer idolatria! Por que, então, vingou-se deles [fazendo-os pagar pela transgressão à qual foram predestinados]? - por não haver decretado sobre determinada pessoa que fosse este o predestinado a cometer de idolatria, ao contrário: se cada um daqueles que adoraram ídolos não quizesse - não haveria adorado. E, não fê-lo saber o Criador, senão [deixara que tudo ocorresse segundo o] costume [natural] do mundo. Isto, a que se assemelha? A quem quer que diga: "Deste povo sairão justos e iníquos." - não por isto poderá dizer um ímpio que já foi predestinado a ser um iníquo, por haver Deus revelado a Moisés que haveriam iníquos no povo de Israel, segundo o que está escrito: "Não deixará de existir pobres na Terra [de Israel]!" - Dt 15:11.

 

12 Similarmente - os egípcios - se cada um daqueles que fizeram mal ao povo de Israel não quizesse fazer-lhes mal, o alvedrio estava em suas mãos. Pois não decretara sobre determinado homem que o fizesse, senão fez saber que no futuro sua semente seria escravizada numa terra não sua. E já esclarecemos que não há capacidade no ser humano para saber como conhece Deus as coisas futuras a acontecer.

 

Capítulo 7


1 Já que toda pessoa tem seu arbítrio em seu poder - conforme explanamos - se esforce [convencendo-se a si próprio de sua capacidade] em fazer techuvá, sacudindo-se de suas transressões, para que ao morrer seja "ba'al techuvá", para que possa merecer a vida no mundo vindouro.

 

2 Deve sempre a pessoa ver-se a si mesmo como se estivesse prestes a morrer, que pode ser que morra naquele mesmo momento e encontra-se em transgessões. Por isto, deixe seus erros imediatamente, e não diga: " - Quando envelhecer, farei techuvá!" - pois pode ser que morra antes de envelhecer. É o que disse Salomão por sua sabedoria: "Em todo tempo, estejam tuas vestes brancas..." - Ec 9:8.

 

3 Não diga que não há techuvá senão para transgressões nas quais haja feitio [físico], como prostituição, gêzel e roubo. Assim como a pessoa precisa fazer techuvá por estas - também precisa auto-inspecionar-se acerca de seus maus costumes, e deixá-los, como por exemplo: da ira, da inimizade, da inveja, da concorrência, do escárnio, do correr atrás da fortuna, da comelança e similares - de tudo isto é preciso fazer techuvá, e estas iniquidades são piores que aquelas nas quais haja feitio físico, pois quando a pessoa se apega a estas, é difiícilimo deixá-las. Assim disse [o profeta]: "Deixe o ímpio seu caminho, e o iníquo - seus maus pensamentos..." - Is 55:7.

 

4 Que não pense o ba'al techuvá que está ele distante do grau dos justos, devido às iniquidades e transgressões que praticara. Não é assim, ao contrário: é ele amado pelo Criador, como se jamais houvesse transgredido. Não somente isto, senão que sua paga é grandiosa, pois provou o gosto da transgressão, e dela se afastou, dominando seu [próprio] impulso. Disseram os Sábios: " - Onde acham-se ba'alê techuvá - os justos plenos não são capazes de manterem-se presentes!" - quer dizer: seu grau é mais elevado que o dos que jamais cometeram transgressões, pois dominam seus instintos mais que estes.

 

5 Os profetas todos ordenaram acerca da techuvá, e o povo de Israel não pode ser redimido, senão através da techuvá. E, já prometera a Torá que o povo judeu ao final fará techuvá, com o término do exílio, sendo imediatamente redimidos conforme está escrito: "Será quando vierem sobre ti todas estas coisas ... a bênção e a maldição - tornarás a teu Deus, e então Deus dar-teá de volta teu descanso..." - Dt 30:1-3.

 

6 Grande é a techuvá - pois aproxima o ser humano da "Chekhiná", como está escrito: "Volta-te, Israel, a Ado-nai teu Deus..." - Os 14:2 - e, está [ainda] escrito: "Voltai, minhas testemunhas, é o pronunciamento de Ado-nai..." - Am 4:6; 4:8, 9, 10,11. E, está escrito: "Se tornares, Israel, a mim voltar-te-ás - é o dito de Ado-nai..." - Jr 4:1 - quer dizer: se fizeres techuvá, a mim te ligarás.

 

7 A techuvá aproxima [de Deus] os [que dEle encontram-se] distanciados. Ontem - era este odiado por Deus, infectado, distanciado e abominação; hoje - é amado, querido e próximo e amigo [de Deus]. Assim, encontras que na mesma [forma de] linguagem que o Santo, Bendito é Ele, distancia aos transgressores - nela [mesma] aproxima aos que [a Ele] tornam-se, seja a pessoa em particular, ou seja o público [geral], conforme está escrito: "...Será que, em lugar do que seria-lhes dito: "Vós não sois meu povo" - ser-lhes-á dito: "Filhos de Deus vivo"..." - Os 2:1. E, acerca de Jeconias em sua impiedade, foi dito: "Escrevei sobre este homem: "Desprovido de semente, varão que não terá êxito em seus dias!"..." - Jr 22:30, "...Se estará Jeconias, filho de Jeoiaquim, rei de Judá, selando por sua destra..." - Jr 22:24. Mas, por haver feito techuvá em seu exílio, foi dito acerca de Zorobabel, seu filho: " "Naquele dia" - diz Ado-nai Sebaôt- "tomar-te-ei a ti, Zorobabel, filho de Sealtiel, meu servo, e colocar-te-ei por selo..." " [como que dizendo] "em minha mão direita" - Ag 2:23.

 

8 Quão elevado é o grau da techuvá! Ontem, encontrava-se este separado do Deus de Israel, como está escrito: "Vossas iniquidades são separação entre vós e vosso Deus!..." - Is 59:2 - ao clamar, não obtinha resposta, como está escrito: "Mesmo se multiplicardes vossas orações, não sou ouvinte..." - Is 1:15, ao cumprir preceitos, eram destroçados em sua face, conforme está escrito: "...Quem pediu de vós que [viésseis] pisar meus pátios?..." - Is 1:12 - "Quem dera dentre vós alguém fechasse as portas..." - Ml 1:10 - hoje, está ligado à Chekhiná. como está escrito: "Vós, que sois ligados a Ado-nai vosso Deus,... " - Dt 4:4 - ao clamar. tem resposta imediata, conforme está escrito: "Será que antes que clamem, eu responderei..." - Is 65:24. Ao cumprir os mandamentos, imediatamente seu feitio é bem recebido, como está escrito: "...Pois já aceitou Deus teus feitos..." - Ec 9:7 - e não somente isto, seão são desejados, como está escrito: "Agradável será para Deus a oferta de Judá como mui antigamente, como nos dias antigos..." - Ml 3:4.

 

9 Os ba'alê techuvá [verdadeiros], seu proceder [comum] é serem humildes exacerbadamente, e se são maltratados ignominiosamente pelos estultos pelas coisas que fizeram anteriormente, dizendo-lhes: " - Onem, fazias isto e aquilo!" - não lhes dará ouvidos [como se nada houvessem falado, nem sequer respondendo-lhes]. Ao contrário - ao ouví-los, alegram-se, [por que] sabem que isto [servir-lhes-á] por mérito, e toda vez que eles se envergonham das coisas que transgrediram, e sentem-se ultrajados por eles, seu mérito aumenta, e seu grau se eleva.

 

10 É gravíssima a transgressão de lembrar a um ba'al techuvá seus antigos atos, ou lembrá-los perante ele, envergonhando-o; ou, lembrar coisas ou assuntos semelhantes para que lembre-se do que fez. Tudo isto é proibido - e [quem o faz] encontra-se transgredindo a advertência [de preceito negativo] incluído em desonestidade por palavras - como está escrito: "Não sereis desonestos um para com o outro..." - Lv 25:17.

 

Capítulo 8


1 O bem reservado para os justos é o mundo vindouro - que é a vida com a qual não há morte, e o bem com o qual não há mal. É o que está escrito na Torá: "...Para que te vá bem e tenhas longevidade de dias..." -Dt 22:7. Através da "chemu'á" aprenderam [nossos Sábios]: "...Para que te vá bem..." - "no mundo que nele tudo é bom!", e: "...tenhas longevidade de dias" - "no mundo que tudo nele é longo (i. e.: perpétuo, eterno)!".

 

2 O galardão dos justos, é que mereçam este prazer; e que estejam [desfrutando] deste bem. Quanto ao castigo dos ímpios - é que não mereçam a vida, senão sejam cortados [espiritualmente] e morram [eternamente]. Todo o que não merece esta vida, é o morto que não tem mais retorno á vida, sendo cortado [espiritualmente] em sua iniquidade, desfazendo-se como um animal. Isto é o "carêt" escrito na Torá, como está escrito: "Hicarêt ticarêt, ha-nêfech ha-hi!..." ("cortar-se-á seguramente tal alma!...") - Nm 15:31 - através da "chemu'á", aprenderam: "hicarêt" - neste mundo!, "ticarêt" - no mundo vindouro!".

 

3 O mundo vindouro - não há nele nem corpo, nem cadáver (i. e.: forma física, mesmo sem vida) - senão as almas dos justos, somente. Não havendo nele forma física - não há nele nem comida, nem bebida, nem nada do que é imprescindível aos corpos [físicos] das pessoas neste mundo. Nem nada das ocorrências que se dão com o corpo neste mundo, como o sentar-se ou o estar de pé, sono ou morte, tristeza ou riso, e similares. Assim disseram os Sábios da antiguidade: "No mundo vindouro, não há nem comer, nem beber, nem relacionar-se relações; conjugais: somente os justos sentam-se com suas coroas sobre suas cabeças, desfrutando do prazer do esplendor da "Chekhiná"!"

 

4 Eis que ficou esclarecido a ti que lá não existe corpo, pois não há nem comida, nem bebida. Quanto a isto que os Sábios escreveram: "...sentam-se..." - por metáfora [fizeram-no]. Quer dizer: somente as almas dos justos acham-se ali, sem esforço ou cansaço. Assim também o que disseram: "...suas coroas sobre suas cabeças..." - quer dizer, conhecimento que adquiriram, pelo qual mereceram a vida no mundo vindouro, permanece com eles, sendo sua coroa, como disse Salomão: "Com a coroa que foi coroado por sua mãe..." - Cn 3:11 - e, assim está escrito: "...Alegria eterna estará sobre suas cabeças..." - Is 35:10; 51:11 - e a alegria não é [um] corpo [físico] para que repouse sobre a cabeça. Assim também, a "coroa" que disseram os Sábios, é o conhecimento.

 

5 Que é, então, o que disseram: "desfrutam do esplendor da "Chekhiná""? - que sabem e entendem o mistério existencial Divino, o que não podem conhecer enquanto se acham neste corpo abstruso e ignóbil.

 

6 A "alma" (heb.: "nêfech") neste assunto, não é a "alma" (heb.:"nechamá"), que necessita do corpo [para existir, por ser ela a "força vital" do corpo], senão a forma espiritual, que é [fruto do] conhecimento do Criador, segundo sua capacidade, alcançando [a compreensão] do que são as formas mentais [espirituais] separadas, e demais feitos [de Deus]. [A alma] é a forma acerca da qual esclarecemos no capítulo 4 de Leis dos Fundamentos da Torá. Ela é o que se chama "nêfech", neste [presente] caso.

 

7 Esta vida - com a qual não há morte, pois morte é uma ocorrência corporal, e lá inexiste o "corpo" - é chamada [analogamente na Bíblia] de "feixe de vida", como está escrito: "...Esteja a alma de meu senhor no feixe da vida..." - 1Sm 25:29. Este é o galardão, que não há estipêndio acima dele, e bem, que após ele não há. Uns quantos nomes foram-lhe dados por analogia: "Monte de Deus, "Seu Lugar Santo", "Caminho da Santidade", "Pátios de Deus", "Tenda de Deus", "Prazer de Deus", "Palácio de Deus", "Casa de Deus", "Portal de Deus". Os Sábios [do Talmud] chamaram a este bem que encontra-se reservado para os justos de "ceia", e em todo o lugar: "o mundo vindouro."

 

8 A vingança que maior que ela não há: que seja cortada a alma, sem direito a tal vida, como está escrito: "....Certamente será cortada tal alma, sua iniquidade está sobre si..." - Nm 15:31 - e esta é a perdição chamada metaforicamente pelos profetas como: "Poço da Destruição", "Tôfet" e "sanguessuga". Todo linguajar que indique extermínio se usa para ela, por ser a destruição após a qual não há retorno eternamente [à existência], e perda, que jamais torna.

 

9 Que não seja pouca coisa este bem a teus olhos, e venhas a pensar que não há estipêndio [do cumprimento] dos preceitos senão o comer, o beber e o relacionar-se sexualmente com belas formas [femininas], vestindo-se de roupas de linho e bordados, vivendo em tendas de marfim, usando utensílios de prata, ouro e similares, como imaginam estes pascácios árabes, estultos, mergulhados em imoralidades.

 

10 Os sábios, porém, e os de bom proceder, sabem que todas estas cousas são vãs e sem importância, sem que nelas haja proveito. Não são elas coisas grandes [em importância] entre nós, senão por sermos corpóreos, [compostos da] matéria. Todas estas coisas são imprescindibilidades corporais, e a alma não sente por elas atração ou desejo, senão pela necessidade do corpo, para que encontre o corpo seus desígnios, e esteja em plenitude. Não havendo corpo, são nulas todas estas cousas.

 

11 O grande bem que será para a alma no mundo vindouro - não há forma de alcançar [sua compreensão] e conhecê-la neste mundo, por não termos consciência neste mundo senão dos prazeres físicos, e somente eles desejarmos. Quanto ao bem [reservado para a alma no mundo vindouro], é invaliável segundo os valores deste mundo, senão por analogia. Mas verazmente, se avaliarmos o bem [reservado para a alma no mundo vindouro] através dos prazeres físicos deste mundo, como o comer e o beber, não é assim, sendo tal bem [tão] inerme, que não há para ele avaliação, nem como imaginá-lo. É o que dissera David: "...Fizeste, para os que em ti confiam..." - Sl 31:20. Como admirava-se David, e anelava pela vida no mundo vindouro, como está escrito: "Quem dera, pudesse crer que verei o bem Divino na terra da vida!"

 

12 Já nos fizeram saber os Sábios primevos - que o mundo vindouro - não há no ser humano capacidade para entendê-la plenamente, e não há quem possa saber a grandeza, a beleza e o poder, senão o Santo, Bendito é Ele, somente. Todos os bens acerca dos quais profetizaram os profetas [que são destinados] para Israel, não concernem senão às necessidades corporais, das quais se deleitarão os israelitas no reino do Messias, quanto tornar o domínio para [o povo de] Israel.

 

13 Quanto ao bem do mundo vindouro - não tem nem avaliação, nem há como imaginá-lo, e os profetas não revelaram uma imagem dele, para evitar que diminuíssem [as pessoas] sua importância por sua imaginação. É o que disse Isaías: "Deus, exceto Tu, nenhum olho viu o que fazes para o que espera..." - Is 64:3. Quer dizer: o bem que não viram os olhos do profeta, senão fizera-o Deus para os que esperam-no. Disseram os Sábios: "Todos os profetas não profetizaram senão até a vinda do Messias, mas a respeito do mundo vindouro - "Nenhum olho viu, Deus, exceto Tu..." ".

 

14 Isto que foi chamado pelos Sábios de "o mundo vindouro", não é por inexistir agora, sendo este mundo destruído, e após isto virá aquele [outro] mundo. Não é isto assim - senão existe e é presente, como está escrito: "Quão grande é tua benignidade, que ocultaste para os que Te temem!" - Sl 31:20. Não foi chamado "mundo vindouro" - senão por estarem os que nele vivem entrando nele após a vida neste mundo, no qual vivemos em corpo e alma, que é o que está para toda pessoa anteriormente [quer dizer: não vivia antes no mundo espiritual, descendo aqui para voltar para lá, conforme ensina-se em nossos dias em determinados círculos].

 

Capítulo 9


1 Após sabermos qual o galardão do cumprimento dos mandamentos, e qual o bem que mereceremos, caso guardemos o caminho de Deus escrito na Torá - que é a vida no mundo vindouro - como está escrito: "...Para que te vá bem, e tenhas longevidade de dias.." - Dt 22:7 - e a desforra dos ímpios, que abandonaram os sendeiros da justiça transcritos na Torá que é o "carêt", conforme está escrito: "...Cortar-se-á tal alma - sua transgressão está sobre si..." - Nm 15:31,

 

2 que é o transcrito em toda a Torá: "Se ouvirdes, chegará a vós..."; "Se não ouvirdes, ocorrer-vos-á...", e todas as tais coisas são deste mundo, como a satisfação e a fome, a guerra e a paz, reinado e ignobilidade, habitação na Terra de Israel, e exílio, êxito nos feitos, e sua perda, e demais palavras concernentes ao pacto [sinaítico]?

 

3 Todas estas cousas foram, [são] e serão verazes: ao cumprirmos todos os preceitos da Torá - nos virá todo o bem deste mundo, e ao transgredirmos, nos acontecerão todas as angústias prescritas. E, apesar disto - não é tal bem a paga final dos [cumprimentos dos] preceitos, nem são tais angústias a desforra final pela transgressão dos mandamentos todos; ao contrário, assim são estas cousas:

 

4 o Santo, Bendito é Ele, deu-nos esta Torá, árvore de vida, e todo o que cumpre com o escrito nela, atingindo um conhecimento (aperfeiçoamento moral) pleno e correto, tem através dela mérito à vida no mundo vindouro, de acordo com a grandeza de seus feitos, e grandeza de sua sabedoria - é seu mérito. E promete-nos a Torá que se cumprirmos com o ordenado nela com alegria e contentamento, meditando em sua sabedoria sempre, que eximirá de nós todos os empecilhos que sejam por obstáculos a seu cumprimento, como a enfermidade, a guerra e a fome, e similares, derramando sobre nós todos os bens que [sirvam para] fortalecer-nos no concernente ao cumprimento da Torá - como fartura e paz, riqueza em prata e ouro, para que não [nos seja necessário que] esteja nossa ocupação [durante] todos nossos dias em coisas que são necessidades físicas, senão estejamos tranquilos (no original: "sentemo-nos"; fig.) e livres para o estudo da sabedoria e cumprimento dos preceitos, para merecermos é vida no mundo vindouro. Assim diz [o profeta] na Torá depois de haver assegurado acerca dos bens deste mundo: "...Justiça nos será..." - Dt 6:25

 

5 Fez-nos saber na Torá se a abandonarmos por nossa própria consciência, ocupando-nos dos passatempos, conforme disse: "...Engordou Jesurun, e coiceou..." - Dt 32:15 - que Deus ablará de todo o que abandona [a ocupação da Torá] todos os bens deste mundo, que fizeram com que chegassem a "coicear", trazendo sobre eles todos os males que impedem de adquirir o mundo vindouro, para que percam-se em sua iniquidade.

É o que está escrito na Torá: "...Servirás a teus inimigos, que Deus enviará sobre ti..." - Dt 28:48 - "por não haveres servido a Ado-nai..." - Dt 28:47.

 

6 Está então a explanação das bênçãos e maldições da Torá de acordo com isto. Quer dizer: " - Se servires a Deus com alegria, guardando seus caminhos - te enviará as bênçãos e afastará de ti as maldições, até que te encontres livres [de problemas] para tornar-te sábio no conhecimento da Torá e ocupar-te dela, para que mereças o mundo vindouro, e te faça o bem no mundo que nele tudo é bom, e tenhas longevidade de dias no mundo no qual tudo tem longevidade!" E, estareis usufruindo de dois mundos: boa vida neste, que levam à vida no mundo porvir, pois se não alcançar aqui a sabedoria e bons feitos, não tem como merecer, como está escrito: "...pois não há feitio, nem cálculo, nem conhecimento ou sabedoria, na sepultura..." Ec 9:10.

 

7 Mas, se abandonares a Deus, errando por comer, beber, prostituição e similares - trará sobre ti todas as maldições, e tirará todas as bênçãos, até culminarem-se teus dias em susto e medo, sem que esteja teu coração livre, nem corpo pleno para cumprir os preceitos, para que percas o mundo vindouro.
Acaba sendo que perdeste dois mundos, pois o homem importunado neste mundo com doença, guerra e fome - não se ocupa nem de sabedoria [da Torá], nem de seus preceitos, pelas quais se alcança o mundo vindouro.

 

8 Por isto - anelaram [tanto] todo o Israel, seus profetas e seus sábios pelos dias do reinado do Messias - para descansarem do Reino da Iniquidade, que não deixa tempo livre para os judeus que ocupem-se da Torá e dos preceitos como se deve, encontrando calmaria e crescendo em sabedoria, para merecerem a vida no mundo vindouro.

 

9 Pois naqueles dias, aumentar-se-á o conhecimento, a sabedoria e a verdade, como está escrito: "...Pois encher-se-á a Terra do conhecer a Ado-nai..." - Is 11:9. "Não ensinará mais um homem a seu próximo, nem [outro] homem a seu irmão..." - - Jr 31:33. E, está escrito: "...Tirarei o coração de pedra de vossa carne..." - Ez 36:26 - pois o rei que se levantará da semente de David será grande sábio, maior que Salomão, e grande profeta, quase como Moisés. Portanto, ensinará a todo o povo, e direcioná-los-á ao caminho de Deus, e virão todas as nações a ouvi-lo, como está escrito: "Será que no fim dos dias, pronto estará o Monte da Casa de Ado-nai como maioral entre os montes!..." - Is 2:2.

 

10 O pagamento final, porém, e o grande bem último no qual não há nem perda, nem diminuição - é a vida no mundo vindouro. Quanto ao período messiânico - é neste mundo, e o mundo perdura normalmente, conforme seu costume, somente o reinado tornará para o povo de Israel.
Disseram os Sábios: " - Não há diferença entre este mundo e a época do reinado do Messias, senão o domínio dos reinados gentílicos (sobre os judeus), somente!"

 

Capítulo 10


1 Não pense a pessoa: " - Cumpro com os preceitos (positivos) da Torá, e ocupo-me de sua sapiênscia, para receber as bênçãos prometidas na Torá, e merecer o mundo vindouro; e afastar-me-ei das transgressões acerca das quais advertira a Torá, para que me livre das maldições prescritas nela, e para que não seja cortado da vida no mundo vindouro!".

 

2 Não é apropriado servir a Deus assim, pois o que o faz - serve a Deus por temor, não sendo este o grau dos profetas, nem o dos Sábios, senão dos simplórios, das mulheres e das crianças, os quais são educados para que sirvam por temor, até que alcancem a compreensão necessária, vindo a servir por amor.

 

3 O que serve [a Deus] por amor, ocupando-se da Torá e dos preceitos, não o faz por interesse nenhum - não por temor do mal, nem para herdar o bem, senão cumpre com a verdade [unicamente] por ser a verdade, e o bem virá por si mesmo, ao final.

 

4 Este grau é muito elevado - nem todo sábio tem o mérito de alcançá-lo. Este é o grau de Abraham nosso pai, que foi chamado por Deus "aquele que me ama", porquê não servira [a Deus] senão por amor [unicamente]. Esta é a virtude ordenada por Deus a nós através de Moisés, como está escrito: "...Amarás a Ado-nai teu Deus, de todo teu coração, de toda tua alma, e por todo teu poder..." - Dt 6:5; 11:1. No mesmo momento em que chegar a amar a Deus corretamente, chegará a cumprir com os preceitos por amor.

 

5 Como é o "amar a Deus" correto? - que ame a Deus por um grandiosíssimo amor, até estar sua alma conectada com o amor a Deus, fixo nele sentimentalmente todo o tempo, como um doente por amor, cuja consciência não se afasta do amor que sente por determinada mulher, na qual se fixa ininterruptamente, tanto ao deitar-se como ao despertar-se, ou quando come ou bebe. Mais que isto é necessário que seja o amor a Deus nos corações daqueles que O amam, fixos nele permanentemente, conforme nos ordenara: "...De todo teu coração, e de toda tua alma..." - Dt 6:5; 10:12; 30:6. É o que disse Salomão, por alegoria: "...Pois encontro-me enferma de [tanto] amor..." - Cn 2:5 - sendo todo o livro de Cânticos metaforia para este assunto [concernente ao amar a Deus].

 

6 Disseram os Sábios primevos: " - Não digais: 'Estudarei a Torá neste mundo para enriquecer ... para que me chamem "rabi!" ...para receber boa paga no mundo vindouro...' - aprendei Torá [unicamente] por amar a Deus!" - Dt 11:13 - E, tudo o que fizerdes, fazei [somente] por amor! - .

 

7 Disseram os Sábios [sobre o escrito nos Salmos]: "Seus mandamentos, querei muito..." - os mandamentos, não o pagamento dos mandamentos!" Assim ordenavam os Sábios aos mais compreensivos dentre seus alunos, especialmente aos mais sábios dentre eles: " - Não sejais como os servos que servem a seus senhores no intuito de receber recompensa, senão como os que servem sem nada esperar!" - simplesmente pelo fato de ser este seu senhor, pelo que deve serví-lo - quer dizer - "Serví-O por amor!" .

 

8 Todo o que se ocupa da Torá no intuito de receber recompensa - ou para que não venha a si sofrimentos - este se ocupa da Torá não por ela mesma. Todo o que dela se ocupa não por temor, nem por recompensa, senão por amar ao Senhor de toda a terra - este se ocupa da Torá por ela mesma. Disseram os Sábios: " - Sempre, ocupe-se a pessoa da Torá. Mesmo que não seja por ela mesma, pois através deste cumprir não por ela - [o fim é que] virá a cumpri-la por ela mesma!"

 

9 Portanto, ao ensinar as crianças, as mulheres e os simples dentre o povo - não ensina-se senão que sirvam por temor, e para receber recompensa, até que aumente-se seu entendimento, e alcancem maior conhecimento, então revela-se-lhes este segredo pouco a pouco, acostumando-os a isto pacientemente, até que consigam-no, e conhecendo-o, venham a servir [a Deus] por amor.

 

10 Algo conhecido claramente é que o amor a Deus não entra no coração humano enquanto este não estiver fixo nele, como é necessário, abandonando tudo o quanto há no mundo exceto o amar a Deus, conforme ordenara: "...De todo teu coração, e de toda tua alma..." - Dt 6:5; 10:12; 30:6 - isto é, por um conhecimento [de Deus adquirido]. Segundo o conhecimento - e, segundo o amor - se pouco [conhecimento], pouco [amor]; se muito [conhecimento], [também] muito [será o amor].

 

11 Por isto, precisa cada pessoa concentrar-se para entender e alcançar o máximo de ciências, sabedorias que fá-lo-ão conhecer a seu Senhor, segundo a capacidade que há no ser humano para entender e alcançar, como explanamos nas Leis de Fundamentos da Torá.