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Sefer Ahavá
Sefer Ahavá

 

SEFER AHAVÁ

Leis acerca da recitação do Shemá

Há nelas um mandamento positivo: Recitar o Chemá' duas vezes ao dia.

Capítulo 1


1 Duas vezes por dia lê-se o "Qeriat Chemá'", pelo anoitecer e pelo amanhecer, conforme está escrito: "...Ao te deitares, e ao te levantares..." - Dt 6:7; 11:19 - no tempo em que costumeiramente as pessoas se acostam, que é a noite; e no tempo em que costumeiramente as pessoas se levantam - isto é - o dia.
2 Que é lido? - três porções, que são: "Chemá" - Dt 6:4-9 - "Vehaiá im chamô'a..." - Dt 11:13-21 - e "Vaiômer" - Nm 15:37-41. Antecede-se a leitura da porção "Chemá'" por achar-se nela a ordenança acerca da unificação do Nome de Deus, do amá-Lo e do estudo [de Sua Lei], que [em conjunto] é o grande princípio do qual depende tudo [o que concerne ao judaímo]. Segue-se a porção "Vehaiá im chamô'a", na qual há ordenança acerca de todos os preceitos em geral. Após isto, a porção de "tsitsit", na qual há ordenança pertinente à memorização de todos os preceitos.
3 Apesar de o cumprimento do preceito de "tsitsit" não ser realizado no período noturno - é lida esta porção à noite, por haver nela lembrança da saída do Egito, e o preceito da lembrança da saída do Egito é noturno e diurno, como está escrito: "...Para que te lembres do dia de tua saída da Terra do Egito todos os dias de tua vida..." - Dt 16:3. A leitura destas três porções em conjunto e por esta ordem é o que se chama "recitação do Chemá'" ("Qeriat Chemá'").

 

4 O que recita o "Qeriat Chemá'", ao término do primeiro versículo diz em voz baixa (nota): "Barukh Chem kevod malkhutô le'olam va'ed!" - "Bendito o Nome dAquele cuja glória de Seu reino dura para toda a eternidade!", e continua lendo normalmente [segundo a sequência]: "Veahávta et Ado-nái Elohêkha..." - "Amarás a Ado-nái, teu Deus..." - Dt 6:5 - até o fim [de todos os trechos que compõem o "Qeriat Chemá'"]. Por que lê-se assim [proferindo algo que não encontra-se no texto]? - foi-nos transmitido [de geração em geração] que no momento em que reunira Jacob, nosso pai, a seus filhos no Egito no momento de seu falecimento, ordenara e exortara-os em pertinência à unificação do Nome Divino, segundo procederam Abraham e Isaac, seu pai. Perguntando, disse-lhes: " - Filhos meus, pode ser que haja entre vós alguêm incoerente [com nossa fé], que não esteja em conformidade comigo no que concerne à unicidade do Senhor de todo o Universo?" - assim como nos dissera Moisés: "Haverá entre vós homem ou mulher..." - Dt 29:17 - [e, ao serem inquiridos por seu pai,] disseram todos em uníssono, dizendo-lhe: " - Ouve, Israel: Ado-nai nosso Deus é único!" - ("- Chemá' Israel: Ado-nai Elohênu, Ado-nái Eĥad!") - querendo dizer: " - Ouve de nós, nosso pai Israel: Ado-nái, nosso Deus, é o Um!" disse então o ancião: " Barukh Chem kevôd malkhutô le'olam va'ed!" - ( "Bendito o Nome dAquele cuja glória de Seu reino dura para toda a eternidade!") - pelo que é o costume geral de todos os filhos de Israel proferir este louvor com o qual louvou [a nosso Deus] Israel, o ancião, após o recitar deste [primeiro] versículo.

 

5 Ao recitar o "Qeriat Chemá'" deve-se bendizer antes e após. Ao dia, bendiz duas bênçãos antes e uma após; à noite - duas antes, e duas após.
6 A primeira bênção antecedente do período diurno é "...Iotsêr or..." ("...Formador da luz..."), e a segunda imediatamente procedente a esta: "Ahavat 'Olam ahavtânu..." ("Por eterno amor nos amaste...") Após a recitação: "Emet veiatsiv..." - "Verdade e firme...". A primeira bênção à noite: "Ma'ariv 'aravim..." "...Que fazes a mescla das obscuridades..." e, em seguida: "ahavat 'olam 'amkhá Israel ahavta..." "Por eternal amor amaste a Teu povo Israel...". A primeira bênção após a recitação: "Emet Emuná..." - "Verdade, fé...", a segunda - "Hachkivênu..." -"Acosta-nos..."

 

7 A primeira bênção - tanto pela manhã como pela noite - principia com Barukh e termina com Barukh. As demais bênçãos - todas elas selam-se com Barukh, e não tem abertura [com Barukh].

 

8 Estas bênçãos, bem como todas as demais bênçãos que são proferidas por todo o povo de Israel fora decretada sua recitação pelo tribunal de 'Ezra (Esdras), sem que haja permissão para ninguém diminuí-las ou aumentá-las: onde decretara-se que seja selada a bênção com "Barukh (Bendito)", não há permissão para que deixe de selar; e, onde decretara-se que não seja selada a bênção, não há permissividade para selar. Onde decretaram que não se empece a bênção com "Barukh", não há permissão para que se faça; onde decretaram que se empece com "Barukh", não há permissão para que não se empece [sem proferir "Barukh"]. Regra geral [no concernente às bênçãos decretadas]: todo o que transforma a fórmula da bênção decretada pelos Sábios, age erroneamente, devendo voltar a bendizer segundo a fórmula. [Similarmente,] todo o que não recitou "Emet veiatsiv" pela manhã e "Emet, emuná" pela noite [após a recitação do "Qeriat Chemá'"] não cumpriu com a obrigação [da recitação do "Chemá'"].

 

9 Havendo antecipado a segunda bênção à primeira - seja [na recitação] do dia ou [na recitação] da noite, antes ou depois [da recitação do "Chemá'"] - cumpriu com a obrigação, pois não há ordem para [estas] bênçãos. Pelo amanhecer - começou dizendo: "...Iotser or..." [que é da recitação matutina], e terminou com "...ma'ariv 'aravim" [que é o selamento da primeira bênção da recitação noturna] - não cumpriu com a obrigação [da recitação do "Chemá'"]. De modo similar, no anoitecer: começou com "...ma'ariv 'aravim", e selou com "...iotser or..." - não cumpriu com a obrigação; começou com "iotser or" e terminou com "ma'ariv 'aravim" - cumpriu - pois todas as bênçãos seguem seu selamento.

 

10 Qual o tempo certo para a recitação do "Chemá'" ao anoitecer? - desde a saída das estrelas até a meia-noite. Se transgredira, recitando até antes do subir a alva, cumpriu com a obrigação, pois não disseram "até a meia noite", senão no intuito de distanciar o homem da culpabilidade.

 

11 O que recita o "Chemá'" da noite após o subir da alva, antes do sair do sol, não cumpriu com a obrigação, a não ser em casos forçados, como por exemplo, que se encontrasse ébrio, ou enfermo, ou em situações similares. Quanto ao que o faz forçosamente neste horário, não pode bendizer "Hachkivênu...".

 

12 Qual é seu tempo diurno? - o preceito [cumprido corretamente] é que comece a recitar antes do sair do sol, para que possa completar sua recitação com a leitura da última bênção juntamente com a alvorada, e a medida deste tempo é como um décimo de hora antes da alvorada. Se atrasou e leu após o crepúsculo matutino, cumpriu com a obrigação, pois seu tempo vai até [o final das primeiras] três horas do dia para quem transgrediu e se atrasou.

 

13 Quem haja adiantado sua recitação [recitando-a imediatamente] após o subir da alva, apesar de havê-la completado antes da alvorada, cumpriu com a obrigação. E em situações dificultosas, como quando madrugara para sair à jornada, pode recitar permissivamente [assim], desde o subir da alva.

 

14 O que recita após as três primeiras horas do dia, não cumpre com a obrigação [de recitar o "Chemá'"] em seu tempo prescrito, sendo tido como uma pessoa que lê na Torá [sua leitura regular, cuja obrigação é bem outra]. [Mesmo assim], deve bendizer antes e após a recitação durante todo o dia, mesmo havendo-se atrasado, recitando após as três horas.

 

Capítulo 2


1 A pessoa que recita o "Chemá" e não direcionou seu coração no primeiro versículo, que é "Chemá' Israel: Ado-nai Elohenu, Ado-nai Eĥad!" - não cumpriu com sua obrigação. Quanto à continuação, caso não haja direcionado seu coração, cumpriu com sua obrigação. Mesmo estando lendo na Torá, conforme é-lhe costumeiro, ou verificando estas porções no momento em que deve recitar o "Chemá'", cumpriu, se direcionou seu coração no primeiro versículo.
2 Toda pessoa recita conforme seu costume [pessoal]: de pé, andando, em decúbito, ou montado sobre animal. É proibido [entretanto,] recitar o "Chemá'" em decúbito dorsal, e sua face no chão, nem em decúbito ventral, estando sua face para o alto. Porém, pode recitar acostado sobre seu lado. Sendo uma pessoa demasiado obesa, que não consegue deitar-se de lado, ou enfermo, pode entornar um pouco seu corpo para o lado, e recitar.
3 Quem encontra-se caminhando, deve parar no primeiro versículo, e o restante pode dizer enquanto anda. Encontrando-se [alguém] adormecido, afligem-no, despertando-o para que recite primeiro versículo - deste em diante, não se lhe atormenta [mais].

 

4 Estando ocupado com determinado serviço, interrompe-o até terminar toda a primeira porção ("Chema' Israel") - e todos os artesãos anulam-se de suas tarefas na primeira porção, para que não seja sua leitura ocasional [em relação à ocupação]; o restante recita e ocupa-se isocronamente de seu trabalho. Mesmo achando-se sobre o topo de uma árvore ou de um muro - deve recitar em seu mesmo lugar [onde se acha], e bendizer antes e após.
5 Estando ocupado do estudo da Torá - chegando o momento da recitação - interrompe [seu estudo] e recita - bendizendo antes e depois. Estando ocupado com assuntos públicos - não deve interrompê-los, senão completá-los, e recitar, se ainda restar tempo para tal.
6 Encontrando-se ocupado em comer, banhar-se, corte de cabelo, movendo peles [em trabalho de curtição], ou estando ocupado com julgamento - deve [antes] terminar, e após tal - recitar o "Chema'". Temendo que passe o tempo do Chemá' - interrompendo e recitando [para evitar que passe o tempo e fique sem o cumprimento do preceito] - é este louvável.

 

7 Alguém que haja ido efetuar uma imersão [de purificação preceitual], se pode subir [da água], cobrir-se e recitar antes do romper da aurora, que suba, cubra-se e recite. Temendo que passe o [momento no qual se dá o] sair do sol antes que haja recitado o "Chemá", cubra-se nas água na qual se encontra, [em suas regiões pélvicas, mantendo-as abaixo do nível da água, e seu tórax, acima,] recitando ali mesmo.

 

8 O que recita o "Qeriat Chemá'" - não indique com os olhos, nem dê sinais através dos lábios, nem com os dedos - para que não seja sua recitação [algo] ocasional. Caso haja feito assim - mesmo havendo cumprido com sua obrigação [de recitar o "Chemá'"], é ignominioso. E, é necessário que faça ouvir a seus próprios ouvidos ao recitar; e, caso não o haja feito, desobrigou-se [do cumprimento do preceito, apesar disto]. É necessário pronunciar corretamente as letras [segundo suas regras fonéticas de acordo com a gramática], e caso não haja feito assim, desobrigou-se de sua recitação [apesar desta falha].

 

9 Pronunciar corretamente - como? Que tenha cuidado: de não pronunciar o forte como o lene, ou o lene como o forte; não tornar curta ou surda uma vocalização sonora, nem sonora uma que seja curta ou surda. (V. nota) Portanto - é preciso dar espaço em todo caso no qual surjam duas letras semelhantes, que numa delas é o término, e na outra, o princípio, como "bekhol lebabhkhâ" - deve ler "bekhol", esperar [um diminuto espaço de tempo] e continuar, e assim "weabhadhtem meherâ" [separando entre a última "m" e a primeira da segunda palavra], "ha-kanaf phetil" ( V. nota ). É necessário também pronunciar claramente a letra "zan" ("z") de "tizkeru", e prolongar a pronunciação da "dalet" ("dh" V. nota ) de "Eĥâdh" - declarando [a Deus] Rei sobre os céus, sobre a Terra, e sobre as quatro direções [leste, oeste, norte e sul] do mundo. E é necessário que não pronuncie a letra "ĥet" com vocalização curta, para que não esteja como que dizendo "Ê ĥadh" [que significa: "não há nem sequer um"].

 

10 Cada pessoa pode recitar o "Chemá'" em qualquer idioma que conheça; e, o que lê em qualquer língua [exceto o hebraico], deve ter cuidado com os problemas idiomáticos da dita língua [usada]. E precisa ser exato em tal língua, assim como o faz na língua sagrada, caso leia no idioma sagrado.

 

11 O que recitar desordenadamente não cumpre com o preceito. Em que caso? - na ordem dos versículos. Mas, se adiantou uma porção à outra, apesar de não haver permissão para fazê-lo, eu digo que cumpre, por não estarem juntas na Torá. Havendo recitado um versículo, voltado atrás, recitando-o novamente, é ignominioso [tal ato]. Recitando uma palavra, e repetindo-a, como por exemplo, disse : "Chemá', Chemá'..." - faz-se com que se cale [o que o faz].

 

12 Havendo-a recitado de pouco em pouco, mesmo dando longo espaço de tempo entre um trecho e outro - [cumprira o preceito, e] desobrigara-se, desde que haja recitado pela ordem [correta]. Recitou a toscanejar, que é o caso da pessoa que está entre dormindo e desperto, [cumpriu o preceito e] está desobrigado, desde que se ache desperto [plenamente ao recitar o] primeiro versículo [que é: "Chemá' Israel..."].

 

13 Tendo dúvida se recitou o "Chemá'", ou se não recitou - deve tornar a recitar, e bendizer antes e após; mas, se sabe [seguramente] que recitou, e tem dúvida se bendisse antes e após - não pode tornar a bendizer. Recitou e errou [na recitação], deve voltar ao lugar onde errou; confundindo-se entre um trecho e outro, sem saber que trecho completou e qual precisa começar, deve voltar ao princípio do primeiro trecho, que é "weahábhta, et Ado-nai Elohêkha..." - Dt 6:5.

 

14 Errou no meio do "pêreq" (que é o conteúdo de cada uma das bênçãos, anteriores e posteriores, e de cada uma das três porções do "Chemá'" em separado), e não sabe onde interrompeu, deve voltar para o princípio do [mesmo] "pêreq" [no qual se acha]. Encontrava-se recitando "ukhtabhtam", e não sabe se é "ukhtabhtam" do "Chemá'" ou "ukhtabhtam" que está em "wehaiâ im chamô'a", deve voltar para "ukhtabhtam" que está no Chemá'. Se teve a dúvida após haver dito "Lemá'an Iirbú..." não é necessário voltar, pois por seu costume [de repetir mentalmente pelo manejo] de sua língua se vai [e, se chegara a pronunciar tais palavras, é porquê já falara tudo o que estava antes].

 

15 Recitando, encontrou outras pessoas, ou encontraram-no - se achava-se entre um "pêreq" e outro - interrompe, e principia [ele mesmo] a saudação a quem é obrigado com sua honra, como por exemplo se encontrou a seu pai, ou a seu instrutor de Torá, ou a quem quer que seja maior que ele em sabedoria - e responde "chalom" para toda pessoa que haja-lhe adiantado a saudação.

 

16 Se estava a recitar, não pode interromper a recitação no meio do "pêreq" para saudar, senão a alguém que teme, como um rei, um compulsor ou semelhantes. Quanto às pessoas acerca das quais recai sobre si o dever de honrá-los - como seu pai ou seu rav (i. e.: seu instrutor de Torá), caso estes lhe hajam dirigido a saudação, interrompe e responde-lhes a saudação.

 

17 E, são estes os [locais chamados] entre um "pêreq" e outro "pêreq": entre a primeira bênção e a segunda, entre a segunda e o "Chemá...", entre o "Chemá'..." e "Wehaiâ im chamô'a", entre "Wehaiâ im chamô'a..." e "Waiômer...". Outrossim, entre "Waiômer..." e "Eméth weiaçibh..." é [considerado] como meio de "pêreq": não interromperá senão para saudar por temor, ou para responder [a quem lhe saúda] por honra [àqueles a quem está obrigado com sua honra, como seu pai ou seu instrutor de Torá (seu rav)].

 

Capítulo 3


1 Quem recita o "Qeriat Chemá'" [deve] lavar suas mãos antes da recitação. Chegando o momento da recitação, sem haver achado água - não atrase sua recitação para ir à busca de água, senão esfregue suas mãos em um feixe, em terra, em uma viga ou algo semelhante, e recite.
2 não recita-se: nem na casa de banhos, nem no recinto designado para necessidades fisiológicas, mesmo que não se ache nele excrementos, nem no cemitério, nem ao lado de um cadáver, mesmo fora do cemitério - e caso haja tomado a distância de quatro côvados (quatro amôt) do túmulo ou morto - é permitido que recite. Quanto a todo o que recitou onde não se pode - deve voltar a recitar.
3 Recinto novo, designado para necessidades fisiológicas, do qual ainda não se fizera uso - pode-se recitar o "Qeriat Chemá'" diante dele, mas não em seu interior. Casa de banhos nova [da qual ainda não se fizera uso] pode-se ler em seu interior. Havendo dois cômodos - um, para servir às necessidades, e dissera: "e, quanto a este..." em relação ao segundo [sem dar término à frase] - é duvidoso se foi designado para tanto, ou não, pelo que é inapropriado que se recite nele; mas, se recitou - desobrigou-se [tendo o preceito por cumprido]. Se, porém, disse: "...e, também este..." - ambos estão designados para tal - e não pode-se recitar neles. O sala anterior à sala de banhos, que é o local [na casa de banhos] onde as pesssoas encontram-se vestidos - pode-se recitar nela o "Qeriat Chemá'".

 

4 Não somente "Qeriat Chemá'" [não é permitido], senão tudo o que é assunto de santidade, e mesmo em língua não hebraica. E não somente dizer, senão até mesmo pensar na casa de banhos e em lugar imundo, que é onde se acham excrementos ou urina - é proibido.
5 Palavras que sejam não em assuntos de santidade é permitido dizer no recinto destinado às necessidades, E mesmo os nomes pelos quais se refere a Deus, como por exemplo Raĥum (Piedoso), "Ĥanun" (compassivo), "Neeman" (Fiel), e similares, pode-se pronunciá-los em tal recinto. Quanto aos nomes especiais - que são os nomes que é proibido apagar, é proibido lembrá-los em tal recinto, e num recinto de banhos antigo [já usado]. E, se lhe ocorrer afastar alguém de [algum caso de] transgressão no recinto de banhos, ou no recinto designado para as necessidades - fá-lo-á, e mesmo no idioma sagrado e por palavras que sejam assunto de santidade.
6 Excrementos humanos, de cachorros e porcos, enquanto haja em sua consistência peles, bem como todo excremento cujo odor é mal - está proibido recitar o "Chemá'" em perante eles. Similarmente, perante urina humana. Quanto à urina de animais - [é permitido] recitar perante ela. A criança que ainda não tem capacidade de comer um "záit" de cereal no mesmo tempo em que um adulto comeria a quantia de três ovos de cereal - não é necessário afastar-se de seus excrementos, nem de sua urina.

 

7 Estando o estado do excremento como a argila endurecida - é proibido recitar o "Chemá'" em sua presença. caso estivesse mais seca que isto - ao ponto de que se for lançada, pulverizar-se-á, é considerada como terra, sendo permitido que se recite o "Chemá'" em sua presença. A urina absorvida na terra, se o sinal dela ainda está reconhecível - é proibido recitar o "Chemá'" em sua presença. Caso não esteja reconhecível - é permitido.

 

8 Quanto [deve] distanciar-se do excremento e da urina, após o que poderá recitar? - quatro côvados. Em que caso? - em que estejam após si, ou [deixada] para um dos lados. Mas diante de sua face, é necessário distanciar-se até que não possa vê-las, após o que poderá recitar.

 

9 Em que caso? - em que se encontrem consigo em um recinto, em lugar de mesma altura à qual se encontra. Mas, caso estejam em um lugar mais alto pelo menos dez "tefaĥim", ou mais baixo dez "tefaĥim" - pode sentar-se junto à parede onde se encontra, e recitar - pois esta serve de separação entre a pessoa que recita e o excremento ou urina. E isto, no caso de que não lhe alcance o mau odor. Igualmente, se cobriu com algum utensílio o excremento ou a urina - que mesmo achando-se consigo em um mesmo recinto, estão como que enterrados, sendo permitido recitar perante eles.

 

10 Estando entre si e o excremento uma separação de vidro, apesar de este estar vendo-a através do vidro, é permitido recitar a seu lado. Despejando-se uma "revi'it" de água sobre a urina - pode-se ler estando elas dentro do setor de quatro côvados de si.

 

11 Encontrando-se [o excremento] em um buraco, põe-se de pé sobre o buraco, cobrindo-o com sua sandália, desde que não haja contato de toque entre o excremento e a sandália. Estando perante si uma partícula ínfima de excremento - como uma gota - cospe sobre ela saliva grossa, até que esta esteja coberta [totalmente], e recita. Estando um resquício de excremento sobre seu corpo, ou estando suas mãos sujas do serviço sanitário fisiológico, sem que haja mau odor - seja por sua pequenez ou por sua sequidão - é permitido recitar, por não haver mau odor. Mas, caso esteja tal em seu lugar geralmente comum que ali se encontre, mesmo que não possa ser visto ao por-se a pessoa de pé - já que é aparece quando se assenta, é proibido recitar, até que limpe muito bem [que não fique sequer vestígio de mau cheiro, ou seja, que se lave], porquanto o excremento que ali se encontre está [sempre] umdecido, e tem mau cheiro. Alguns dos geonim ensinaram que é proibido recitar caso encontrem-se as mãos imundas, e assim é apropriado que se proceda.

 

12 Mau odor cuja fonte é permanente - distancia-se de sua fonte quatro côvados e recita, caso [a distância de quatro côvados] seja suficiente para que passe o mau cheiro. Se não passou, deve afastar-se até onde passe. E, que não tem fonte permanente - como por exemplo alguém do qual exalou-se gaz intestinal, distancia-se até onde não haja odor, e recita. Bispotes de excrementos ou de urina - é proibido recitar o "Chemá'" diante deles, mesmo que nada haja neles, e mesmo que não exale deles mau odor, por serem como o [interior do] recinto para as necessidades intestinais.

 

13 Excremento transeunte - como por exemplo - que ache-se sendo levado pelas águas - é proibido recitar perante ele. A boca do porco é como um excremento transeunte, sendo proibido recitar perante ele até que passe de si quatro côvados.

 

14 Encontrava-se recitando [ao caminhar] e chegou a [determinado lugar] onde se ache espurcície: não coloque a mão sobre sua boca, tapando-a, senão interrompa sua recitação até passar do tal lugar. Assim também o que recita e saiu dele gaz intestinal - deve interromper até passar o odor, e voltar à recitação, e é o mesmo em concernência ao estudo da Torá. Havendo saído de seu próximo - apesar de que interrompe por sua razão a recitação do "Chemá'" - não interrompe por sua causa palavras de Torá.

 

15 Recitando o "Chemá'" em um [determinado] recinto, e tendo dúvida se encontra-se ali excrementos ou urina, não havendo, pode recitar. Recitando sobre um local no qual se deposita [geralmente] lixo, e teve dúvida se há ali excrementos, ou não, não pode recitar enquanto não averiguar - pois o estado comum do depósito é que nele haja espurcícia. Mas [no caso de] dúvida se há urina, mesmo no depósito, é permitido recitar.
16 Assim como está proibido recitar diante de excrementos ou urina - está proibido recitar perante a nudez, até que volte sua face [para outra direção]. Mesmo diante da nudez de um gentio ou de uma criança - não se pode recitar perante ela, e mesmo uma separação vítria [neste caso, diferentemente do excremento] não serve como separação, já que esta é vista por ele. Todo o corpo feminino é [considerado] nudez [mesmo estando coberto], pelo que ao recitar não deve observar corpo de mulher. Mesmo sua mulher - estando descoberto de seu corpo têfaĥ - não pode recitar perante ela.

 

17 E, assim como é proibido recitar perante a nudez de outrem, está proibido que o faça perante sua própria nudez. Não recite ao encontrar-se nu, até cobrir sua nudez. Estando um cinto de pano, pele ou saco sobre sua cintura [cobrindo também a região abaixo dela], pode recitar, apesar de estar todo o restante do corpo desnudado, desde que seu calcanhar não toque sua região genital. Estando a dormir envolto em seu lençol, mesmo desnudado, envolve-se com seu lençol abaixo de seu coração e recita. Mas não se envolva a partir de seu pescoço para recitar, pois seu coraço está em presença de sua nudez [genital], sendo como quem recita sem cingir-se.

 

18 Dois que encontrem-se a dormir juntos, cada um deles está proibido de recitar, mesmo havendo coberto abaixo de seu coração, até que esteja o lençol separando-os, que não toque o corpo de um o do outro da cintura para baixo. E, se encontrava-se dormindo com sua esposa, com seus filhos, ou com as crianças de sua casa - o corpo deles é como seu próprio corpo, sem que os sinta. Portanto, mesmo que seu corpo os toque, deve voltar sua face [para outra direção] e cobrir-se abaixo de seu coração, após o que pode recitar.

 

19 Até que idade são pequenos para este caso? - até que atinja o menino a idade de doze anos e um dia, e a menina onze anos e um dia, e isto, que esteja sua constituição física como uma pessoa adulta, "seus seios tomaram forma, e seu pelo nascera..." - Ez 16:7 - e após [haverem alcançado este estágio etário] não pode recitar [estando com eles no mesmo leito], até que haja um lençol separando entre ele e eles. Mas, se ainda não chegaram [ao estágio] "...seios tomaram forma, e seu pelo nascera..." [mesmo com maior idade], pode recitar com eles, e com toque corporal, sem necessidade de separação de um lençol, até alcançar o rapaz a idade de treze anos e um dia, e a moça, doze anos e um dia.

 

Capítulo 4


1 As mulheres, os escravos e as crianças são isentos da recitação do "Chemá'"; e ensina-se às crianças a recitar em sua hora certa, bendizendo antes e após, para educá-los. Aquele cujo coração encontra-se ocupado, perturbado por algum preceito dentre todos os preceitos, está isento de recitar o "Chemá'". Portanto, o noivo que tomou por esposa uma virgem, está isento de recitar o "Chemá'", até após o relacionamento sexual com ela, pois sua consciência não acha-se livre - pode ser que encontre-a não virgem. E, se ficou até o sair do chabat sem relacionar-se com ela - é obrigado a recitar a partir da saída do chabat em diante, pois sua consciência já se tranquilizara, e seu coração a deseja, apesar de não havê-la possuído.
2 O que toma por esposa a uma que já se relacionara sexualmente, apesar de estar ocupado de um preceito - não está isento, pois nada tem que possa confundir sua consciência. Assim, tudo o que a este caso se assemelhe.
3 Quem tenha um falecido sobre o qual deve enlutar-se está isento de recitar o "Chemá'" - pois sua capacidade de concentração (ou sua consciência) não está livre para fazê-lo. Se estava somente guardando o morto, mesmo não tratando-se de seu morto [pelo qual deve enlutar-se], encontra-se isento de recitar o "Chemá'". Sendo dois os guardiães [do morto, se revezam]: um permanece na guardia, enquanto o outro afasta-se para outro local e recita, voltando para seu posto, e o outro se afasta, e recita. O mesmo em concernência ao que cava a sepultura para o morto, que encontra-se isento da recitação do "Chemá'".

 

4 Não se conduz o morto ao sepultamento próximo ao tempo designado para a recitação do "Chemá'", exceto no caso de que se trate de uma pessoa grande [em importância]. Se, porém, retiraram-no [para o sepultamento], e chegara o tempo da recitação do "Chemá'" - os que são necessários para o leito (ataúde), como os que portam o leito, ou os que são seus substitutos, e os substitutos dos substitutos - sejam os que estão antes [que já preencheram com a função de portar o leito], ou os que estão após [o preencher de sua função], estão isentos. Os demais acompanhantes, que não há necessidade neles no que concerne [ao portar do leito], estão obrigados [a cumprir com a recitação].
5 Estando ocupados com o "hêsped": chegando o momento no qual recita-se o "Chemá" - enquanto o morto encontra-se presente - cada um se afasta, recita, e retorna ao "hêsped". Não achando-se o morto perante as pessoas, todos recitam isocronamente [como se faz na sinagoga em plegaria pública], e o enlutado deve manter-se sentado e quieto, pois encontra-se isento até que seja sepultado seu morto.
6 Havendo sepultado o morto, voltando todos os enlutados a receber os pêsames, todo o povo vai desde o local onde acha-se o túmulo até o local no qual encontram-se os enlutados, fazendo fila para a recepção dos pêsames: se pode o povo começar a recitação e terminar, mesmo que seja de um único versículo até chegarem à fila - devem principiar; se não, não comecem, senão dêem os pêseames aos enlutados, e após afastarem-se deles, empecem a recitar. Os que já acham-se na fila - os do meio da fila, estão isentos, pois vêem as faces dos enlutados; os da extremidade, já que não vêem estes as faces dos enlutados - estão obrigados em seu mesmo lugar onde se acham.

 

7 Todo o que acha-se isento de recitar o Chemá - caso queira ser meticuloso para consigo mesmo - pode recitar, desde que sua consciência esteja calma [achando-se em perfeito estado de concentração]. Mas, caso este isento de recitar encontre-se pávido e hipocôndrico, não tem permissão de recitar, até que sua consciência se acalme.

 

8 Todos os impuros são obrigados a recitar o "Chemá'", e devem bendizer antes e depois de sua recitação, [mesmo] estando impuros. Mesmo podendo eximir-se de sua impureza ainda no mesmo dia, como o que tocou um "chêretz", uma mulher em estado de nidá ou zavá, ou em seus leitos, e assim por diante. Ezrá (Esdras) e seu tribunal decretaram que somente a pessoa que teve polução dentre todos os impuros que não recitasse, até imergir-se em ato de "tevilá". Seu decreto, porém, não se expandira por todo o povo de Israel, nem há força no povo para suportá-lo, pelo que se anulara. E já se fizera costume geral do povo de Israel ler a Torá, e recitar o "Chemá'" estando impuros por polução, porquanto as palavras da Torá não recebem impureza, permanecendo em sua pureza eternamente.